Daqui:
Boaventura de Sousa Santos: Numa concepção minimalista, esquerda é
toda a posição política que promove todos (ou a grande maioria dos)
seguintes objectivos: luta contra a desigualdade e a discriminação
sociais, por via de uma articulação virtuosa entre o valor da liberdade e
o valor da igualdade plasmada no equilíbrio entre os direitos civis e
políticos e os direitos sociais, económicos e culturais; defesa forte do
pluralismo, tanto nos media como na economia, na educação e na cultura;
democratização do Estado por via de valores republicanos, participação
cidadã e independência das instituições, em especial, do sistema
judicial; luta pela memória e pela reparação dos que sofreram (e sofrem)
formas violentas de opressão; defesa de uma concepção forte de opinião
pública, que expresse de modo equilibrado a diversidade de opiniões;
defesa da soberania nacional e da soberania nacional de outros países;
resolução pacífica dos conflitos internos e internacionais. Ser de
direita é ser contra todos ou a grande maioria destes objectivos.
Boaventura de Sousa Santos é Professor Catedrático Jubilado da
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Director do Centro de
Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Coordenador Científico do
Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.
Aqui está uma explicação catedrática, jubilada e científica, de observador permanente do fenómeno em movimento que é a esquerda, nacional ou mesmo além-fronteiras. A direita é o contrário de todas as virtudes elencadas e por isso nem merece verbete próprio uma vez que por antonomásia é o Mal em movimento.
Norberto Bobbio, um outro catedrático jubilado, italiano e num Dizionario di Politica publicado há quase 40 anos ( quando Boaventura jurava pela cooperativa de Barcouço, terra de leitões assados, como sendo um dos berçários da utopia nascitura em Portugal) definia os termos com um rigor diverso. Até falava no "debate semântico" referindo-se que os "bons" se sentavam à Direita do Pai e os "maus" à Sua Esquerda.
A comparação com a citação do professor Boaventura é digna de apreço que só um antigo cooperante de Barcouço seria capaz de ultrapassar..
José Cid, músico do Quarteto 1111 e também um cantor de Mogofores, terreola vizinha desses leitões de Barcouço, rematava assim em jeito de epitáfio e em paralelo assimétrico, a utopia do professor Boaventura:
Vem viver a vida, amor
Que o tempo que passou
Não volta, não.Sonhos que o tempo apagou
Mas para nós ficou
Esta canção ...