Económico:
A defesa de Sócrates enviou à Procuradora-Geral da República um requerimento em que pede uma intervenção que ponha fim à “campanha de denegrimento” do ex-primeiro-ministro na comunicação social, que conta com a “aparente conivência cúmplice” do Ministério Público (MP).
“[…] Apressaram-se diversos 'jornalistas', assistentes do MP, a divulgar, através dos órgãos de comunicação social para que assumidamente trabalham, a difundir por todos os meios ao seu dispor calúnias e deturpações torpes e vis de elementos do processo. Calúnias que não só procuram esmagar os mais elementares direitos individuais do nosso constituinte, cidadão José Sócrates, como denigrem terceiros e ridicularizam a Justiça portuguesa e o Ministério Público que V.ª Ex.ª representa, numa efectiva tentativa de assassinato de carácter”, lê-se no documento.
No requerimento de quatro páginas assinado pelos advogados de José Sócrates, João Araújo e Pedro Delille, a defesa acusa o MP de “completa inércia” e “aparente conivência cúmplice” em relação à divulgação de elementos do processo, através da comunicação social.
Repare-se: estes causídicos a quem um dos arguidos do processo do Marquês passou procuração para o defenderem, entendem que tal actuação processual passa necessariamente pelos palcos mediáticos, sempre.
O processo tem mais arguidos, mais advogados e mais intervenientes processuais. Nenhum deles se comporta como estes dois causídicos inacreditáveis e que se julgam o centro mediático do mundo judicial, à semelhança do arguido que representam e se julga por sua vez o centro do umbigo nacional.
Esta actuação é de doidos, para os demais arguidos que têm processos como este. Por exemplo os dos Vistos Gold e outros menos mediatizados.
Acresce que pelo que se conhece os factos relativos a este arguido são de tal modo graves que o normal seria que o mesmo estivesse reservado e caladinho à espera de organizar uma defesa coerente e consentânea com o bom senso que a tal obriga. Nada disso acontece e os causídicos da causa actuam como baratas tontas a mando do cliente insuportável.
Como este nem o arguido Cruz no auge do processo Casa Pia que também esbracejou e esperneou para nada, com o apoio do seu advogado similar.
Agora repare-se ainda na coerência insana destes causídicos:
Há uns meses ofendiam-se e rasgavam as vestes por causa do aparato mediático da prisão do seu cliente, transmitida em directo pelas tv´s porque uma delas teve acesso ao momento adiado, aliás, por obra do próprio arguido que protelou a operação com intuitos inconfessáveis.
Depois voltaram a rasgar a veste cada vez mais reduzida por causa das violações de segredo de justiça cuja responsabilidade imputaram logo clara e afoitamente ao MºPº, porque era o titular do processo, a par do JIC interveniente no mesmo. Fizeram-no sem rebuço de maior e publicamente repetindo tal aleivosia nas tv´s sabendo que as violações de segredo de justiça nestes casos são quase inevitáveis a partir do momento em que foi aprovado, no tempo do governo do dito arguido, legalmente, a obrigatoriedade de colocar em mandados de busca e apreensão e de detenção de arguidos os indícios fundamentais dos factos imputados.
Depois, rasgando ainda mais o reduto de vestes já em tanga, mostraram as partes gagas da indignação hipócrita e tudo fizeram para conseguir, em recursos que percorreram quase todos os desembargadores da Relação, a revogação do segredo de justiça. Conseguiram-no agora através de um desembargador que já se pronunciara sobre o processo, a favor do arguido.
Pois em resultado disso o segredo de justiça ficou escancarado como aliás os mesmos causídicos queriam e até fizeram gala em proclamar em tom provocatório, ao mesmo tempo que insultavam as autoridades judiciárias na praça pública.
De repente ficaram nus e o espectáculo é deprimente por causa das poucas-vergonhas pendentes, uma vez que o pudor ainda é um valor a respeitar quando se pretende ser respeitado.
Agora esta reacção destemperada contra o jornalismo que aproveitou aquilo por que sempre lutaram, ou seja, o da exposição pública de uma putativa ausência de provas que afinal se revela um logro e reforçam ainda mais os indícios que se tinham visto no início.
A patética reacção agora exposta só tem paralelo com a pobreza de argumentos de defesa e a proclamação de sucessivos contra-sensos em que já ninguém acredita.
É para isso que tais causídicos recebem honorários?