sexta-feira, novembro 27, 2015

Capas de jornais. Público e Correio da Manhã

Capa do Público de hoje: a notícia do dia é sobre um antigo governante que cessou funções. A circunstância de ir ganhar 30 mil euros brutos esbarra logo num pormenor de contas: dentro da notícia escreve-se que "vai receber uma remuneração total bruta de 250 mil euros". Durante doze meses. Ou seja, 250 mil a dividir por doze meses, dá...é fazer as contas para entender o rigor noticioso do jornal, na primeira página. Um jornal dito "de referência", note-se, e que com esta notícia apenas quer dar conhecimento público de um "escândalo". A notícia é assinada por Cristina Ferreira, já por aqui citada várias vezes por desmazelo ( interpretação mais benigna), como revela neste jornalismo malabarista. O objectivo é óbvio: vilipendiar um antigo governante do Passos,  apenas e tão só. E a jornalista não pode ignorar tal efeito.
No interior da notícia há um pormenor que é passado a escrita como uma gata a correr em telhado de zinco quente: o tal ex-governante, antes de o ser, era funcionário superior do CaixaBPI e ganhava exactamente o mesmo que vai ganhar, ou seja, segundo a prestidigitação jornalística,  30 mil euros brutos por mês ( mas afinal não são 250 mil brutos em 12 meses?). E outra ainda: o dito ex-governante foi escolhido para a tarefa pelo Banco de Portugal e a Associação Portuguesa de bancos, em "articulação". Sub-texto da notícia de primeira página: frete de alguém da PAF ou similar a este ex-governante. É isto o jornalismo de "referência"?  O Correio da Manhã é que é o "tablóide" e "pasquim"?
Lida a "notícia" não se vislumbra o efeito que certamente o Livro de Estilo do jornal consagra: ouvir o visado. Nada. Apenas a noticiazinha capciosa e de falsidade com rabo de fora.




Entretanto e para entreter, fica a notícia no Expresso online que a jornalista do Público conhecia, preferindo a manha, como correio e o título capcioso como veículo desta manhã:

Antigo secretário de Estado de Passos Coelho foi contratado para liderar a venda do Novo Banco. A remuneração é paga pelo Banco de Portugal e igual à que recebia na Caixa BI antes de ir para o Governo. Monteiro recusou receber um prémio de sucesso.

Pergunto novamente: é este o jornalismo dito de referência que o Público pratica? Se é podem bem limpar as mãos à parede dos supermercados da SONAE que são quem lhes paga o vencimento a título de subsídio a fundo perdido.

Capa do CM de hoje: Costa e o bodo aos pobres com dinheiro que se calhar não temos para tal, conforme dizem os cépticos ( Medina Carreira por exemplo, mas também Teixeira dos Santos). "Cavaco tem dúvidas e ameaça governo" é o título.
O título do Público a este propósito era: " Cavaco faz avisos, Costa diz que o seu juiz é o parlamento".
 Ambos correctos na essência, denotam bem para que lado do copo olham os jornalistas dos dois jornais: para a parte meio vazia ou para a parte meio-cheia. Idiossincrasias? Mais que isso: posicionamento ideológico de causas a defender. O Público defende abertamente escondido a causa deste PS governante de esquerda e mais à frente no tempo se verá a demonstração da evidência, quando soar a rebate.
Não seria melhor o Público, em editorial,  o proclamar para não andarem com este jornalismo manhoso? A notícia sobre a França ainda é mais reveladora: " Caça aos terroristas provoca deriva securitária em França". Esta da "deriva securitária " tem direitos autorais que deveriam evitar o uso da expressão. "Deriva"? Quem deriva mesmo é o jornal...
Qual destes dois jornais mostra melhor a realidade que nos cerca? Por mim nem tenho qualquer dúvida e a referência nunca foi o que era. Apenas presunção e água benta da sacristia jacobina.

E perguntar-se-á: para quê comprar o Público ( e não apenas ler de borla)? Entre outras coisas, muito poucas, esta, com um artigo do advogado Teixeira da Mota sobre o conteúdo da liberdade de expressão na imprensa.
Este artigo deveria ser de leitura obrigatória para alguns jornalistas do género Câncio que procuram a todo o custo impedir notícias sobre a  vida pessoal que tem reflexos evidentes e importantes na determinação de factos com altíssima relevância pública. No caso, a conversa telefónica mantida entre si e a mulher do arguido Carlos Santos Silva no processo do Marquês em que esta revelava a origem do dinheiro do marido.


Questuber! Mais um escândalo!