domingo, novembro 08, 2015

A direita que desapareceu e a esquerda que surgiu do nada.

Como desapareceu a direita em Portugal? É um mistério. Ou não existia em condições de se apresentar como tal, na altura do 25 de Abril de 1974, o que é sempre uma hipótese a considerar; ou então escondeu-se, borrada de medo, aproveitando para se reciclar em utopias ambulantes que ainda por aí vagueiam, como as almas penadas, com disfarces variados. Um dos últimos será de pajens de uma monarquia utópica sem rei nem roque.

Certo é que nos dois anos até à Constituição de 1976 essa tal direita sumiu-se de vez e jamais se constituiu em força política capaz de mandar cantar um cego as canções do aleijadinho como os demais partidos fazem.
Ainda hoje se procura com candeia de Diógenes tal direita mítica e só se encontram pajens.
Que é feito dos herdeiros espirituais destas pessoas que em 1966 se sentavam onde hoje se alapa a maioria de esquerda?
Quem souber que responda.


Esta tragédia nacional começou logo a seguir ao dia 25 de Abril de 1974 e para isso só os recortes de jornal o testemunham com precisão.

Em 27 de Abril de 1974 os jornais que a esquerda mantinha ainda nem sequer assumiam explicitamente a novilíngua comunista-socialista. 


Mas não durou muito o jejum. Dali a dois dias, em 29 de Abril o jornal da maçonaria socialista já parangonava o fascismo do regime deposto como o maior horror à face da nossa terra à beira mar plantada.


 Tendo o partido Socialista assumido a novilíngua comunista e assimilado os conceitos associados de reaccionário, longa noite fascista, etc,  fácil se tornou espalhar o novo acordo linguarejeiro nos media transformados em câmaras de eco.

 Dali para a frente foi sempre o mesmo mantra que se repetiu ad nauseam até aos dias de hoje.

E por onde paravam os próceres do antigamente que supostamente deveriam representar uma direita portuguesa tradicional e sólida em valores e conceitos?

Alguns foram passar férias a Espanha; outros ao Brasil e os demais espalharam o spleen pela província silenciosa em maioria que nunca se viu e muito menos nas alturas-chave. Se não fosse a Igreja Católica ter dado uma mão o desastre teria sido maior.

Logo nessa altura, passado o rescaldo do prec essa direita passava por ser...o CDS! Assim o afirmava em 1976 o emigrado de Vence, esquerdista que escrevera um livro jurando que "o fascismo nunca existiu" para tentar provar o contrário...


 Entretanto a tarefa de identificar e circunscrever essa direita mítica ficou por conta da...esquerda travestida no jornal de Francisquinho Balsemão, acolitado pelo católico progressista social-democrata liberal e socialista às vezes, Marcelo Rebelo de Sousa que chegou a privar com Marcelo Caetano e lhe pregou a rasteira de judas, não o conhecendo na altura de aperto.

Em 16 de Julho de 1983 o Expresso catalogava essa tal direita desaparecida em combate de trincheira  clandestina, ficando a expensas desses cavaleiros andantes do infortúnio da orfandade a tarefa espinhosa de "levantar de novo o esplendor de Portugal". Não levantaram. Alguns já morreram e outros nunca o quiseram porque tinham mais que fazer. Por exemplo, ganhar dinheiro que a vida custa a todos...




Assim andam por aí os órfãos do costume e os pajens de sempre, desvalidos e a vomitar impropérios despropositados e de sarcasmo roto.
Em vez de defenderem ideias atacam quem lhes parece; em vez da discussão algazarram a irrisão e perdem-se no detalhe porque se julgam superiormente imbuídos da chama oculta dos conquistadores de moinhos de vento.

Que desperdício.

Questuber! Mais um escândalo!