Os jornais de ontem e hoje dão algum destaque à efeméride da prisão de José Sócrates, ocorrida no ano passado.
O Sol, ontem e o Público hoje, mais o Correio da Manhã destacam o acontecimento e glosam uma vez mais o caso do Marquês.
O visado continua no mesmo registo de negação acolitado pelos seus advogados extraordinários, que repetem como papagaios amestrados a vigarice intelectual: " não há factos! Não há factos!"
O Sol de ontem mostrava os factos e contra-factos que não se explicam porque falam por si. E o que faz a defesa de José Sócrates perante evidências iniludíveis? "Não há factos! Não há factos!" , como se os factos fossem algo como os argumentos que de tanto repetidos se tornam a única verdade admissível.
E como se contrariam factos divulgados e se impede a sua divulgação? Amordaçando o mensageiro dos mesmos. No caso, o Correio da Manhã que do assunto tem feito notícia com proveito e exemplo.
Como isto não chega porque os factos estão espalhados já por tudo quanto é sítio e até os "jornais de referência" lhes pegam, com luvas alguns deles ( DN e JN) e outros por dever de ofício ( Público) torna-se necessário gizar outra estratégia que oculte de vez tais factos. Importa regredir para o olvido de um arquivamento a aguardar melhor prova ou pelo menos para um baralho de dúvidas em cascata que permita afirmar sem qualquer pingo de vergonha que "Não há factos! Não há factos!", enquanto se amealham mais uns cobres na conta de honorários, pagos já em esforço de angariação de fundos.
E então surge o inacreditável que com este indivíduo Inenarrável se torna plausível:
Esta estratégia de fuga para uma frente salvífica encontra obstáculos de monta num senso comum que já se tornou caso de humor. E este é o sinal de que a estratégia inacreditável está votada a um fracasso fragoroso: José Sócrates "auto-suicidou-se" politicamente e ainda não entendeu, ou como escrevia o inspector João Sousa, da prisão de Évora, no outro dia no mesmo Correio da Manhã e por outras palavras, José Sócrates acredita que é possível "dar a volta" a toda a gente com lábia e manipulação adequada.
Está enganado porque como dizia um político antigo é possível enganar muita gente algum tempo; pouca gente durante muito tempo mas ninguém o tempo todo.
E na fase em que está já nem sequer consegue enganar a pouca gente que tem. Os crédulos que ainda apresenta publicamente são simplesmente os cínicos que desvalorizam o que toda a gente condena. Política, moral e se calhar criminalmente.
Tal como dizia o visado há pouco tempo numa conferência do fala-só, o efeito da prisão já se produziu. Ao contrário do que referia, procurando associar o PS ao seu estado de coma político, o efeito só ao mesmo deve imputar-se.
A justiça política já se fez; a moral tem vindo a fazer-se e a criminal espera-se que se faça, igualmente.
José Sócrates, kaput.
Do CM de hoje, crónica de Quintela.