domingo, dezembro 11, 2016

A velhice do PCP, segundo Vasco Pulido Valente

Observador, VPV:

Era a última campanha do velho Cunhal e, por isso, pedi ao Paulo Portas para ir ver. E lá fui na “caravana” (um método de propaganda hoje felizmente em desuso) pelo arquipélago comunista no Alentejo e margem sul. Tudo se passou na melhor ordem e nos jantares, que as militantes faziam, até se comia bem. Durante os comícios, a assistência conversava sobre a única questão que verdadeiramente a levara ali: o Álvaro. Estava o Álvaro mais magro? mais gordo? mais cansado? mais fresco? com um ar mais velho? com um ar mais novo? A missa que o dito Álvaro recitava no palanque não a interessava nada. Aquilo parecia uma família que vinha visitar o avô, ninguém queria saber de política ou do partido que putativamente a representava. No Seixal, se não me engano, houve um convívio. As senhoras puseram as mesas e trouxeram as bebidas e os bolos. Por acaso uma delas resolveu falar comigo, depois de um naco de doce de ovos. Perguntou qual seria o resultado do PC: 11 por cento, 15 por cento? Respondi que 8 ou 9 por cento. Ela choramingou: “Ai que desgosto que isso vai dar ao Álvaro!”.

Muita gente se intriga com a durabilidade dos Comunistas. Não os percebem. Primeiro são poucos (pela última contagem, 50 000) — num país pequeno, em terras pequenas, nos bairros em que nasceram e cresceram. Segundo, vivem entre si: o partido não gosta que os militantes tenham amigos fora de casa. Terceiro, o grau de endogamia é muito alto. Entre os mais velhos (que são quase todos) a família chega de facto a ser uma família. E com isto, claro, vem uma grande dose de nepotismo, de compadrio, de protecção e de complacência. Os comunistas não deixam o Partido (com maiúscula). Não admira. Quando saiu do PCF, por causa da invasão da Hungria, Claude Roy disse: “Fiquei sozinho”, ou coisa equivalente. Vinte anos mais tarde François Furet diria a mesma coisa. Em Portugal, podem ficar só três, sentados numa pedra, que, para eles, tudo continua.
A precaução de Soares

Soares costumava contar uma história muito interessante. Quando se começou a discutir se Portugal devia “entrar” ou não na CEE, ele chamou um grupo de economistas (portugueses) de grande reputação. Todos lhe disseram que “entrar” seria um desastre para a economia e que nós só podíamos, razoavelmente, ficar de fora, à espera de crescer e aparecer. Soares não se impressionou e disse a esses prudentes sábios que, apesar de tudo, ele tinha decidido “entrar” e por muito boas razões. Razões políticas. Como é de ver. Soares achava, e achava bem, que a “Europa”, sob que forma fosse, nos protegia de dois males maiores. Primeiro, numa época em que o regime não estava ainda sólido, de um pronunciamento militar: Bruxelas correria à má cara com o primeiro capitão (ou general) que lá fosse pedir dinheiro. Segundo, Bruxelas também nunca aceitaria um governo de “esquerda” que saísse das suaves normas da Internacional Socialista e, por isso, o PC ficava definitivamente fora do poder (o Bloco, nesse bom tempo, não existia). O famoso “arco da governação” ficava assim definido e garantido por uma ou duas gerações.

A União Europeia e a moeda única, a que o dr. Cavaco se agarrou para meter algum juízo financeiro na cabeça dos seus compatriotas, apertaram a malha. Agora, Jerónimo de Sousa, Louçã, Catarina e congéneres protestam por aí contra a infame armadilha da “Europa”. Só que ela não nasceu ontem, nasceu em 1984 ou 85 e foi feita deliberadamente contra eles. O dr. Soares sempre soube com que linhas essa doce gente se cosia e deixou Portugal bem amarrado. Nenhum argumento económico pesa contra a força, a não ser que a força por ela própria se desfaça.


O PCP tem 50 mil militantes e isso é quase nada?  Mesmo que assim seja, o PCP tem militantes a mais porque a linguagem que usam é a dos media, a qual introduziram como léxico corrente há 40 anos. E isso replica-os aos milhares, como baratas tontas a sair de buracos em busca de rumo à vitória. Os comunistas têm gente a mais, ainda, porque conseguem passar a mensagem que são um "partido democrático" quando não são, segundo os padrões europeus ocidentais. São tão democráticos como os partidos nazis, se estes pudessem existir, o que foi tornado democraticamente inviável pelos seus representantes e pelo politicamente correcto que conseguiram impõr nos media em geral.

O PCP tem ainda uma história feita de sombras bem escuras que não destapam nem que a vaca tussa.
O PCP é um partido que apoia ditaduras como a de Cuba ou da Coreia do Norte como se fossem modelos para os povos que subjugaram. É um partido em que a Censura seria regra implacável como o é nesses países.

Um partido destes merece a denúncia constante nos media que pura e simplesmente não existe. e principalmente não merece nem deveria ser tolerável o seu domínio sindical e ideológico sobre a Educação em Portugal. Esse é o maior estrago que o PCP provocou ao país nestas últimas décadas.  Inadmissível e intolerável, mas aceite pela inteligentsia pátria.

Um pequeno exemplo, no Diário de Notícias de hoje relatado pelo colunista Alberto Gonçalves e que pouca gente deu conta:



NEM DE PROPÓSITO:


O historiador britânico Richard Overy, autor do livro "Os Ditadores", defendeu esta segunda-feira que os crimes do estalinismo, na ex-União Soviética, foram "relativizados" durante muitas décadas na Europa Ocidental.

"Ao contrário dos crimes da extrema-direita, os crimes do estalinismo foram relativizados durante muito tempo porque a União Soviética era encarada como um modelo de progresso e paz. Mesmo quando a verdadeira natureza do regime era exposta, as pessoas passavam por cima e viam as questões do regime como consequências de uma modernização rápida", disse o historiador Richard Overy, autor do livro, sobre as lideranças de Hitler e Estaline.

Para Overy, o conhecimento pormenorizado sobre o estalinismo ainda está "limitado à elite da comunidade académica", enquanto a visão sobre o Holocausto está totalmente integrada na "história pública".

Richard Overy, 69 anos, professor de História Moderna na Universidade de Cambridge e Exeter, Reino Unido, é especialista em temas relacionados com a Segunda Guerra Mundial e autor, entre outros, do livro "Os Ditadores", recentemente traduzido para o português.

20 comentários:

Floribundus disse...

'a pior escumalha que Deus ao mundo deitou'

merecem um trato esperto

zazie disse...

é bem feito, pois.

Anjo disse...

O final é de mestre!

joserui disse...

Tão democráticos como os partidos nazis? Mas a comparação é mesmo necessária? Não podem por exemplo ser comparados a si próprios? Ou o José conhece por esse Mundo fora muitos partidos comunistas democráticos? Eu não entendo esta necessidade de cada vez que se fala nos comunistas, ter que vir tudo o que é nazi e fassista à baila. Jesus, se os comunistas não ganharam esta guerra, não sei o que é perder guerras. Ganharam e por muitos. -- JRF

zazie disse...

"se estes pudessem existir"

joserui disse...

Zazie, não é para aqui chamado nazi, fassista, direita o que seja. Há argumentos mais que suficientes para de cada vez que se fala dos comunista não venha logo a direita toda. E o nazi é completamente overkill por parte do José… porque não apenas fassista? Aliás, porque não apenas de direita percepcionado como fassista? É que nada disso pode existir. -- JRF

zazie disse...

Porque por Constituição não está escrito que estão proibidos partidos de direita.

Está explicitamente escrito que são proibidos partidos nazis. E por isso o José escreveu:

«São tão democráticos como os partidos nazis, se estes pudessem existir, o que foi tornado democraticamente inviável pelos seus representantes e pelo politicamente correcto que conseguiram impõr nos media em geral.»

zazie disse...

O José explicou bem aquilo que v. quer dizer.

Uns (que nem se sabe quem são) nem em partido podem existir porque a esquerda e os próprios comunas, admiradores destas lindas ditaturas, conseguiram fazer passar mediaticamente que seriam nazis. Tinham de ser nazis. Eles são o oposto desse esta último do Mal.

zazie disse...

Dizer nazi, a torto e a direito, é insulto, Dizer comuna até pode ser insulto mas feio, porque comuna é coisa normal e democrática, é grande combatente do Mal- do "fascismo e do nazismo".

zazie disse...

Eles por cá podem ser esses 50 mil habitantes mas a coisa espalhou-se nas margens.

A juventude já fala assim. Usam o termo nazi a torto e a direito e nunca lhe incluem os comunas.

Ainda no outro dia um dizia qualquer coisa como "o nazi do Cavaco marcou eleições". A si podem-lhe chamar nazi se disser que os comunas admiram ditaduras mil vezes piores do que o Estado Novo.

É impensável admitirem isso.

zazie disse...

50 mil habitantes, não. 50 mil idiotas

ehehehe

O engano é achar que é coisa em extinção natural. Que ficam 3 sentados numa pedra porque não se reproduzem e aquilo apenas funciona em circuito fechado. Foi esta a ideia que o VPV fez passar.
Vivem em clã, protegem-se; são um fenómeno fóssil que não muda. Tudo bem, é verdade. Mas o discurso deles é tolerado e foi adoptado pela esquerda.

josé disse...

Nazi serve para adjectivar o Mal. Comunista ainda não...

É essa a diferença e quem colocou essa semiologia em prática corrente, com os adelinos farias e companhia limitada a falar assim, foram precisamente os comunistas.

É esse o paralelo que julgo foi bem explicado e a zazie percebeu inteiramente.

josé disse...

A metonímia foi bem sucedida. Nazi hoje em dia designa tudo aquilo que em política é escabroso e aviltante da democracia uma vez que se entende esta forma de organização do sistema político como o ideal de vivência em comunidade.

Nazi será o oposto.

Comunista integra-se naquele idealismo...quando deveria ser sinónimo da perversão.

josé disse...

Um palerma que usa frequentemente a expressão em público é o palerma Ricardo Araújo Pereira, o que é sintomático.

zazie disse...

Pois usa. Até na entrevista no Observador veio logo com essa catalogação- "os cartazes nazis".

Ainda lá deixei um comentário a perguntar que "cartazes nazis". Por grande sorte não foi censurado.

O idiota explicou até que os cartazes que ele fez de "humor" tinham intenção de mostrar o nazismo dos outros.

É tão besta que depois ainda deu como exemplo o facto de uma aluna negra ter dito que assim ainda podia estar a dar mais visibilidade aos ditos cartazes nazis.

Quem leia isto e nem saiba a que se refere, tem aqui a caricatura- humor contra nazis- preta- confirma nazismo da coisa ao professor humorista.

joserui disse...

A constituição não é fassistas que proíbe?
Não interessa, para designar o mal, basta comunismo, estamos todos de acordo. :) -- JRF

zazie disse...

ehehe pois estamos.
É a "ideologia fascista" sim. A nazi está em branco.
":OP

Floribundus disse...

tenho vaga ideia de ter lido que os nazis eram socialistas e trabalhadores

e até fizeram um 'pato'com 'está line'

durante o seu mandato PPC deu vários peidos que não foram comunicados aos órgãos incompetentes

factos que prejudicaram o erário público

josé disse...

Pois e continuando na escatologia estes que estão agora fartam-se de fazer borrada mas tem os branqueadores nos media que limpam tudo. Eficazmente. Um dos trabalhos destes limpa-merda dos media é sujar o nome dos outros.

lusitânea disse...

Branco em África antes do 25 era "colonialista".Foi depenado e expulso.Agora se não participar na raça mista é nazi e cabeça rapada acima de tudo por não querer ficar depenado outra vez...por tanto preto ter que sustentar...

O Público activista e relapso