JNeg:
Peter Boone, economista doutorado em Harvard, foi acusado de manipulação de mercado que permitiu ganhos de 819 mil euros com a venda de dívida portuguesa após ter escrito artigos sobre o país nos cruciais meses antes do resgate de 2011. Foi declarado inocente na semana passada e vai processar o Estado.
“Este processo nunca deveria ter existido. Foi uma caça às bruxas
iniciada por uma declaração pública do antigo ministro das Finanças,
Professor Fernando Teixeira dos Santos, que se sentiu ofendido por eu
ter questionado algumas das más decisões económicas que ele e os seus
pares estavam a prosseguir”, refere Peter Boone, sobre a acusação pelo
crime de manipulação de mercado.
Em comunicado, Boone informa que a 12 de julho de 2017, transitou
em julgado a Decisão do Tribunal da Relação de Lisboa que confirmou a
inocência, revogando definitivamente a acusação de manipulação de
mercado que tinha sido proferida pelo Ministério Público, “pondo termo a
um pesadelo de sete anos”.
DN de hoje:
Segundo se escreve o MºPº acusou um articulista e analista financeiro depois de receber uma denúncia das entidades oficiais, designadamente a CMVM e o governo de então, do Inenarrável José Sócrates, mais o seu ministro das Finanças, Teixeira dos Santos que fez uma grande figura de urso, ao lado daquele, no dia do pedido de resgate financeiro a Portugal que originou a "austeridade" que ainda pagamos.
Não contentes em terem feito o mal, quiseram também o crédito pela caramunha da denúncia infundada.
A denúncia respeitava a um artigo escrito em 15 de Abril de 2010, em parceria, por dois americanos que previam um destino funesto para a economia nacional, com uma bancarrota, caso não houvesse inversão da política económica seguida até então por aqueles inenarráveis.
A investigação da CMVM indiciou uma "manipulação de mercado" e o MºPº foi atrás e, pressuroso, em 2015, o que é ainda mais incrível, deduziu uma acusação que nem chegou sequer à fase de julgamento. Não satisfeito com a improcedência da referida acusação e do arquivamento decidido na fase de instrução, o MºPº recorreu, se calhar por entender que "assim é que é" e os inspectores do MºPº gostam. E se calhar será mesmo, o que se afigura trágico e um fenómeno de que ninguém fala...
Agora é a confirmação do desacertoe da confirmação da ausência de indícios suficientes para acusar.
Assim, eventualmente e segundo se anuncia, o MºPº ver-se-á na pele de defensor do vínculo do Estado para que este não venha a ser condenado em processo de natureza cível, pela prática de erros grosseiros. Seria bom, em caso de condenação do Estado português que houvesse acção de regresso contra esses inenarráveis que nos desgraçaram e ainda se fizeram de vítimas.
Veremos onde isto vai parar, mas é triste. Este Ministério Público, assim, não se honra nem honra o país.
O mínimo que há a fazer será debater o assunto, mas não se vê quem esteja interessado em fazê-lo, dentro do MºPº. O que "vem de trás toca-se para a frente" e continua o desacerto pontual, semelhante noutros casos, como é exemplo flagrante o que se passa com os processos que visam os angolanos do "branqueamento de capitais".
Não haverá no MºPº uma voz que se faça ouvir a discutir estes assuntos? O silêncio é ensurdecedor.
Os jornalistas deveriam ouvir sobre isto e muito mais, o antigo PGR Cunha Rodrigues, muito afastado da ribalta mediática, por opção própria, mas essencial para se entender todo o percurso do MºPº e no que se tornou hoje em dia.
Consta que o mesmo não se revê neste modelo de Ministério Público e terá uma voz crítica a propósito do que se passa.
Apesar do seu discurso por vezes algo hermético e encriptado há questões em que é claro e incisivo e esta será uma delas.
Ouçam o homem!