O Expresso de hoje explora- e muito bem- a famosa "linha do tempo" para reportar a "tragédia épica" ( reconhecida como tal pela Protecção Civil às 3:45 de Domingo, dia 18 de Junho).
Estas tragédias épicas, como se sabe, são do domínio da ficção antiga grega e shakespeareana. Os culpados são os "deuses" e os "boys" ficam a rir-se na plateia ou a chorar lágrimas de crocodilo.
Os "boys", no caso, são estes, escolhidos de fresco: o do meio, o coronel Leitão é marido de uma girl e o da esquerda é o "big boy", para usar a língua de trapo destes "resilientes".
Ontem na RTP3 o do meio fez uma figura triste mas como tem Costas quentes não teme porque lhe devem. O espectáculo indecoroso que encenou pareceu mesmo obsceno.
O artigo do Expresso que mostra a incompetência criminosa dos "boys" chega a pouca gente e não fará mossa na reputação estudada nos "focus groups".
O Sol de hoje retrata melhor o coronel "boy":
Por outro lado, o jornal entrevista um especialista em fogos que passa o tempo todo a contextualizar desculpas convenientes para "boys" e "girls". Percebe-se mas não se aceita que possa dizer, de modo implícito que a culpa das mortes foi dos moradores das aldeias e dos fugitivos da EN236-1. Quem assim fala pouco percebe do essencial, neste caso.
Quando lhe perguntam se perante a extrema perigosidade do tempo, nesse dia, não deveria ter existido alerta mais intenso das autoridades responde que em Portugal os centros de decisão são difusos e desconcentrados. Desconversa porque quem tinha que fazer essa alerta eram as autoridades locais que conhecem o terreno, as pessoas e as circunstâncias e receberam da Protecção Civil indicações concretas nesse sentido, escritas e detalhadas, a tempo e horas e aparentemente nada fizeram.
Por outro lado quando lhe falam na EN 236-1 que deveria ter sido cortada explica que o local era de risco, tal como os aglomerados populacionais mas como o "cenário era de guerra não sabemos onde a bomba vai cair". Cairia certamente nesses locais...como caiu. Explica ainda que o confinamento nas casas é melhor que a fuga e que as pessoas mais idosas sabem disso. Sabem? Quem lhes disse? Foi a experiência? E na EN 236 só morreram jovens? E porque é que nos dias seguintes num fenómeno típico de gatos escaldados, retiraram os idosos das casas, aos magotes e a algumas nem deixaram recolher os pertences mais urgentes ( telemóveis, por exemplo?) Enfim, mais um especialista das generalidades desculpantes.