“Pelas 21h00, a GNR tinha 17 patrulhas empenhadas, compostas por 37 militares, que tiveram o apoio de 19 viaturas e 19 rádios SIRESP. Estas forças fizeram vários cortes de trânsito ao longo do IC8, nomeadamente nos nós de Pedrógão Grande (EN2), do Troviscal, da Zona Industrial (EN236-1), de Aldeia de Ana de Aviz e do Fato e da EN350 (entre a EN2 e a localidade da Graça), a EN236-1 (entre o IC 8 e Figueiró dos Vinhos)”, lê-se no documento, a que o Observador teve acesso.
E continua, detalhando as circunstâncias das mortes na estrada durante a fuga ao incêndio: “De acordo com as informações fornecidas pela GNR, o número de vítimas na EN236-1 foi de 33 (30 num pequeno troço da via e 3 alguns quilómetros adiante). Segundo a mesma fonte, as restantes 14 terão falecido em estradas e caminhos de acesso à EN236-1, para a qual se dirigiriam em fuga do incêndio”.
Na pergunta seguinte, o CDS insiste em saber se “houve ou não houve alguma decisão operacional relativa ao encerramento da estrada N236-1” e “como foi efectivada essa decisão”. E o gabinete do primeiro-ministro reafirma que só depois de terem tido informação das vítimas mortais é que tomaram a decisão de encerrar os acessos à estrada, isto porque, antes disso não tinham obtido nenhuma informação que evidenciasse uma situação de risco.
Segundo a GNR, até ao momento em que se verificaram as mortes, não foi comunicada àquela Força de Segurança qualquer decisão operacional relativa à necessidade de encerramento da estrada N236-1, não tendo sido recebida qualquer informação que alertasse para uma situação de risco, potencial ou efetivo, em circular pela via em causa”, lê-se.Assim, e ainda de acordo com a GNR, o primeiro-ministro diz que a decisão de cortar a estrada N236-1 foi tomada “apenas após a localização das vítimas mortais, por volta das 22h15 horas de dia 17 de junho”.
Mas, numa outra pergunta sobre o momento em que as autoridades tomaram conhecimento da existência de vítimas mortais, Costa remete para a fita do tempo registada em Sistema de Apoio à Decisão Operacional, que diz que a primeira vítima mortal conhecida foi às 21h20 na estrada de Vila Facaia para Alagoa. Foi no entanto preciso esperar pelas 22h para começarem a “circular notícias da existência de vítimas mortais”. E só às 23h30 “a confirmação das primeiras 19 vítimas mortais foi comunicada ao Secretário de Estado da Administração Interna”.
Ficamos então a saber que antes de morrer, as vítimas estavam todas vivas. 33 delas foram na EN236-1 e as restantes 14 em estradas e caminhos de acesso a essa.
Dos 37 militares da GNR equipados com SIRESP e 19 viaturas nem um se lembrou de cortar o acesso, a tempo, à "estrada da morte". Diz que não foram avisados. E o SIRESP serviu para quê, então?
Pergunto outra vez: os pilotos dos helis ( ou apenas um, segundo consta, nas primeiras horas do incêndio, de Sábado dia 17 de Junho de 2017) não tinham SIRESP? E mesmo que não tivessem, tinham rádio no aparelho. Não avisaram e preveniram ninguém sobre a direcção do incêndio e a mais que presumível ratoeira da EN236-1?
Avisaram ou não? É simples de saber: basta perguntar-lhe(s)...mas parece que não há interesse nisso e os jornais não questionam.
Quanto aos mortos, azar, o deles. Costa continua na maior, segundo os focus groups...outro mergulho.