segunda-feira, julho 31, 2017

Um antigo responsável da TV diz: "a tv em Portugal é toda uma mesmice"...

 Sol, José Fragoso:

 Há falta de imaginação na televisão?
Muita, na televisão, na rádio e também na imprensa. Diz-se que hoje em dia as pessoas lêem menos, mas não é verdade. As pessoas lêem é outras coisas. O jornalismo hoje em dia tem muitas cumplicidades, não se percebe porque há pessoas ligadas a determinados eventos perniciosos que estão à solta em Portugal. É que passámos por um período de crise em que as pessoas foram obrigadas a fazer um esforço tremendo com reduções de ordenados, trabalhos precários, e depois assistimos a bancos que foram à falência porque emprestaram milhares de milhões não se sabe bem a quem e com que garantias, quem emprestou o dinheiro, e ninguém vê essas caras. A verdade é que a imprensa não deu o devido relevo a essas coisas. Parece um passador de milhares de milhões de euros como se isso fosse uma coisa normal. Uma ponte Vasco da Gama custou dois mil milhões de euros. Nós hoje falamos de sete mil milhões, quatro mil milhões… O público que nos vê, ouve ou lê, tem essa consciência. E quem tem de fazer sacrifícios para voltarmos a ter alguma estabilidade não vê esse sacrifício em quem gastou milhares de milhões. É certo que há uns casos em julgamento, mas é muito pouco. Continuamos sem saber para onde foram esses milhares de milhões. É uma ofensa mesmo no campo moral e de Justiça. Acho que a imprensa não dedica tempo e espaço a esses casos, até porque alguns grupos de comunicação social vivem em cumplicidade com essas pessoas. O leitor não é burro e penaliza. Os jornalistas se querem ter credibilidade têm de perceber se estão a trabalhar para o público ou para super potências  económicas ou para os lóbis políticos. Isto é válido para todos os meios.
Mas acha que os jornalistas trabalham para esses lóbis?
Em muitos casos, sim. Nalguns casos de forma inconsciente, noutros de forma consciente, acabam por cobrir esse jogo. Por exemplo, os jornalistas de economia andaram a dormir muitos anos. Isso é óbvio. Se o que se passou em Portugal, com a dimensão que teve, em que um conjunto de bancos foram ao tapete e os jornalistas não viram é porque estavam distraídos com outras coisas. Podia-se dizer que apanharam uma situação, e falharam outras. Mas não é verdade. Não apanharam nenhuma.
E por que acha que não apanharam?
Porque estavam distraídos com outras coisas ou estavam a trabalhar noutras áreas, a dar espaço a outros projectos que não tiveram viabilidade. Era importante que fizessem um reset e se perguntassem onde é que andaram durante esse tempo todo.

Comentário:

Uma mesmice e uma corrupção moral generalizada.

Questuber! Mais um escândalo!