terça-feira, fevereiro 06, 2018

Juízes e jornais

A atenção que actualmente se devota aos tribunais, juízes e magistrados por parte dos media é relativamente recente e tem cerca de vinte anos.

Como ontem referiu o jornalista Eduardo Dâmaso ( director da Sábado), no programa Prós&Contras e que acompanha estes assuntos há cerca de trinta anos, o protagonismo dos tribunais na sociedade portuguesa só começou quando os políticos começaram a ser incomodados com investigações a crimes de natureza económico-financeira, particularmente as verbas do Fundo Social Europeu ( com UGTs de Torres Couto e outros figurões à mistura, mais casos melancias e outros fax de Macau que nunca se investigaram devidamente porque havia cidadãos acima da lei, perdões fiscais à cerâmica Campos, etc etc).

Em 1995 o conhecimento que os jornais ( principalmente estes numa era pré-internet e com as televisões a começar a carburar, caso da SIC, lançada em 1992) tinham do Judiciário era muito escasso e não havia grandes permeabilidades ou contactos em sistema ou fora dele entre jornalistas e magistrados.
Hoje em dia não é assim. Os jornalistas aprenderam depressa ( os que aprenderam, como Dâmaso ou Carlos Lima)  que para saberem algo acerca de factos têm que se informar junto de quem sabe melhor e os magistrados são efectivamente quem pode explicar, off record, o que não se atrevem a dizer em on, porque aí são surdo-mudos e usam burka, como dizia ontem Maria José Morgado.

Essa cultura do silêncio resulta de um medo atávico ao "protagonismo",  a pior acusação que pode cair sobre um magistrado que se atreve a prestar esclarecimentos sobre seja o que seja.
Nesse aspecto, o panorama, paradoxalmente, está pior do que há vinte anos e alguns dos responsáveis por esse estado de coisas foram então vítimas dessa pressão institucional que se afigura um bullying profissional inominável.

O Público de 16 de Fevereiro de 1995 dava conta dos problemas dos juizes na altura em que se preparavam para eleger o novo Conselho Superior da Magistratura.
Na época era director-geral dos serviços Judiciários, um cargo de confiança governamental e político, o actual vice-presidente do CSM, Mário Belo Morgado. É ler o que dizia...e perceber que este tipo é nocivo à magistratura e nunca devia estar no lugar que está.


A prova de que os jornalistas de então pouco percebiam ainda destes assuntos está na circunstância de ilustrarem uma notícia sobre juízes, com as figuras de magistrados do MºPº, então numa cerimónia oficial...

Um deles é o amigo de Dias Loureiro que chegou ao SIS e esteve na Plêiade, Daniel Sanches. Na altura ainda não havia dinheiro de Angola em Portugal, como passou a haver.

O Orlando Figueira ao pé de um ou outro destes que aí figura, é um anjo...no que concerne a tráfico de influências para arranjar cargos de luxo. Ou emprego, como parece ter sido o caso. Em termos de "sistema de contactos", comparado com dois ou três que vejo na imagem, o Figueira é um principiante. E no entanto, é um corrupto...o que só denota uma hipocrisia continuada, uma falta de memória atroz e uma injustiça ainda mais preocupante.

Questuber! Mais um escândalo!