Ribeiro Cardoso é um jornalista reformado que viveu o PREC, por dentro, nos jornais, particularmente o Diário de Notícias.
Escreveu um livro recentemente para "repor" verdades esquecidas a que temos direito. São por isso as verdades do PCP escritas por um compagnon de route e de casa do Partido que em 1974-75 não fazia segredo do que pretendia para Portugal: um regime semelhante ao soviético, com a desmancha de todo o sistema burguês, particularmente dos "monopólios" e contra os imperialismos que no caso apenas se declinavam no singular, ou seja apenas o norte-americano.
Quanto ao soviético, os ribeiros cardosos batiam palmas, apesar de terem obrigação de saber que regime opressivo era esse, muito mais que o salazarismo jamais o fora e com uma tendência totalitária inegável e já então muito conhecida mas voluntariamente ignorada por estes pretensos néscios.
O jornal i de hoje entrevista o citado Cardoso, porventura por causa do insucesso do livro que não deve vender para pagar as encomendas.
Vale a pena ler a entrevista que é feito de verdades a que temos direito, depois de sabermos as mentiras que os comunistas denunciam com meias falsidades.
A tese do livro é muito simples: pretende provar que as vítimas do PREC foram os comunistas e que depois do 25 de Novembro levaram porrada de três em pipa, sendo saneados e despedidos por dá cá aquela palha e só porque sim, tendo depois ganho judicialmente os processos de despedimento sem justa causa.
Independentemente disso, branqueia despudoradamente o papel do nóbel Saramago na altura em que era um simples jornalista, apaniguado do PCP e homem de mão desse partido para manipular a informação estatizada do DN da época.
Argumento de fundo: não foi Saramago quem despediu jornalistas...
A imprensa da época também não disse que assim fora, apenas que Saramago era um homem de mão do PCP e portanto de jornalista tinha quase nada. E os jornalistas saíram...
O Jornal de 16.5.1975:
Expresso 23.8.1975:
Para quê mistificar realidades cujo contorno é claríssimo?
Por outro lado, o jornalista reformado pretende dar uma outra ideia do que foi o 25 de Novembro. No seu entender anda tudo enganado pelos media que repetem sempre a mesma história. E o exemplo supremo disso é a história do despedimento dos 24 jornalistas, do DN...
Na Introdução ao livro começa logo com uma calinada de tomo, ao afirmar que em 1975, " a Constituição, pouco antes aprovada pela esmagadora maioria dos deputados, apontava sem qualquer tibieza o socialismo como caminho e meta".
De facto, em 1975 as eleições para a Constituinte deram uma vitória esmagadora a forças anti-comunistas. E a Constituição só foi aprovada no ano seguinte, em 1976. Daí o PREC...porque o PCP e a extrema- esquerda objectivamente aliados quiseram fazer tábua rasa do resultado eleitoral e ganhar na rua o que tinham perdido eleitoral e democraticamente. Cunhal desvalorizou a derrota eleitoral que lhe dera uns míseros 12% quando esperava para aí 40%...
Isto é o que o jornalista reformado se esqueceu de escrever...mas enfim, é a verdade a que prefere não ter direito.
Por outro lado, como bom cripto-comunista detesta Mário Soares. Nisso, não deixo de lhe dar inteira razão...