sexta-feira, novembro 22, 2019

Chega-lhes, André!

Artigo da antiga directora do Público, a inteligentíssima Bárbara Reis, hoje no mesmo jornal e que a define bem, porque foi escrito à pressa e é estúpido qb:


Nem se percebe bem onde quer chegar ao Chega de André Ventura. Optou pela sindicância factual de motivos avulsos quando pretendia mesmo atacar o "o populismo"  e a ilegitimidade na intervenção do deputado em defesa da causa dos polícias em manifestação.
A argumentação está aí para se ver e já tresanda desespero de causa...

De resto não é a única a acentuar a tónica da ilegitimidade naquela intervenção. Ontem na tv o sabujo Teixeira qualquer coisa de barbas de molho na sic-n, habituado a lamber botas ao poder instalado, dizia o mesmo.

De resto é preciso lembrar que o sindicalismo na PSP teve o seu momento áureo em Março de 1989, digo Abril de 1989 ( a revista é de 23.4.1989) como mostra esta reportagem de época, da revista Sábado, na primeira versão dirigida por Joaquim Letria e que já nem me lembrava que tinha por aí:


Quem é que estava no Governo? Cavaco Silva, um fassista ou quase, para esta gente. Para além disso tinha no MAI um tipo que parecia bronco todos os dias, Silveira Godinho.
Quem é que apoiava a manifestação da polícia pelo sindicalismo organizado? A UGT, com Torres Couto à cabeça, principalmente e também a CGTP, com o agora inefável  docente dos isctes,  Carvalho da Silva, tal como mostram as imagens. E já andava engravatado...

Quem representavam estes dirigentes sindicais? Haverá alguém que tenha dúvidas? Haverá alguém que não saiba que a UGT era uma espécie de correia de transmissão do Largo do Rato, com pequenas roldanas noutras sedes e a CGTP ainda se apoiava no Partido que não caiu com a queda do Muro?

Nessa altura não houve qualquer discurso contra a ilegitimidade desses dirigentes sindicais nessa intervenção, antes pelo contrário...

Como noutras ocasiões não houve. Algumas bem recentes como lembra bem o Blasfémias...



De resto o sindicalismo nacional começou com as ligações partidárias a esses dois dinossauros da política democrática, o PCP e o PS.

Por isso mesmo a PSP tem agora milhentos sindicatos e um deles sem dirigentes estáveis e conhecidos, que é o Movimento Zero ao qual André Ventura se associou.

O Público não se esquece de informar que o símbolo gestual de tal movimento é comum a organizações de "extrema-direita" por esse mundo fora...e o recado fica dado: Ventura, Zero, Extrema-Direita. Nazi. Fascista. O horror, em suma! "Não se fala dele!"...mas estão sempre a falar, claro.

E no entanto são os mesmos e descendentes dos mesmos que apoiaram a unicidade sindical em 1975, o movimento agitado pelo PCP, exclusivamente, durante o PREC, com o objectivo de tomar conta exclusiva e para efeitos político-ideológicos bem definidos de todo o sindicalismo nacional.
São eles, os comunistas, os apoiantes dos josés mários brancos e outros que defenderam tal coisa em 1975 e que originou aliás a separação entre o PS e o PCP nessa altura, que culminou com a manifestação da Fonte Luminosa, contra o PCP e a extrema-esquerda.
Foi aí que o PS acordou para o perigo do totalitarismo comunista.

São exactamente esses que o fundaram e animaram que agora acusam André Ventura de ser de extrema-direita e de se aproveitar politicamente do movimento sindical e inorgânico das políticas em prol de melhores condições de trabalho.

Um pouco de história recente torna-se por isso necessário expor e mostrar com os recortes habituais que são como o algodão com a sujidade, nunca enganam porque as imagens valem mil palavras.

Logo em Junho de 1974 Cunhal expunha o seu leninismo de raiz:


O sindicalismo era coisa de esquerda, não era de direita ou de extrema-direita e por isso não se admite que alguém de direita como André Ventura defenda ideias sindicais porque isso é ser de extrema-direita...e portanto pior que os cães vadios com sarna.


O sindicalismo começou em Maio de 1974 ( Flama de 17.5.1974) organizado e "livre" porque antes era fassista e corporativo. As pessoas ganhavam melhor mas era coisa fassista...e portanto seria preferível o que sucedeu a seguir, a bancarrota, a miséria de todos e o atraso ainda mais acentuado ao longo das últimas décadas.


Flama 21.6.1974




Em 23 de Janeiro de 1975 não havia dúvidas para a Vida Mundial: sindicalismo só o único, exclusivo do PCP e esquerda radical. O resto era fassismo...e o PS abria as "hostilidades".



Em Outubro de 1975 o sindicalismo estendeu-se a outra corporação, a militar pela obra de um jornalista que por aí anda e ensinou muitos que andam por aí, Ferreira Fernandes, o bravo encapuçado dos SUV:


Tal actividade só podia terminar mal, mas em Setembro de 1975,  ainda tinham ilusões os mentores das bárbaras reis que agora escrevem aqueles artigos no Público subsididado pelo capitalismo da SONAE:


E o que é que deu isto tudo depois do dia 25 de Novembro de 1975 prestes a (não) ser comemorado mas que vai ser lembrado pelo mesmo André Ventura no Parlamento ou algures?

Deu isto essencialmente, como explicava o mesmíssimo mentor principal da Intersindical ao O Jornal de 5 de Dezembro de 1975: mais do mesmo mas em registo mais soft. Um passo atrás para poder dar dois à frente. Andam nisto há décadas, ainda não saíram do passo atrás, com passinhos curtos à mistura, sempre à espera do salto quântico e o artigo da Bárbara insere-se neste esquema geral:



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