sexta-feira, novembro 22, 2019

O mal que José Mário Branco fez a muita gente...

Público de ontem:


Este cromo repetido de uma direita que não se demarca da esquerda comunista e que escreve no Público, pertence ao beautiful people da gente que quer saber estar na tv e ganhar dinheiro com isso. Por essa razão tem que escrever coisas destas, de animação cultural dessa esquerda perdida numa direita que nunca se encontrou.

Com que então, José Mário Branco foi um farol da iluminação política acerca da noção de liberdade! Imagine-se! Antes de 25 de Abril de 1974 JMB era um paladino da liberdade, mesmo sendo comunista e de extrema-esquerda radical!
Pois foi o que este cromo repetido de uma direita que quer ser de esquerda, escreveu!
E ensinou aos filhos tal noção de elevado significado para afugentar ditaduras. Como? Mostra aos rebentos, coitados, a letra da Queixa das jovens almas censuradas, um "poema" de uma certa Natália Correia.

Que diz o "poema"? Isto:

Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
Mais um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola
Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma de uma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade
Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência
Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro
Penteiam-nos os crâneos ermos
Com as cabeleiras das avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós
Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa historia sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra que o medo
Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Somos vazios despovoados
De personagens de assombro
Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco
Dão-nos um pente e um espelho
Pra pentearmos um macaco
Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura
Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante
Dão-nos um nome e um jornal
Um avião e um violino
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino
Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida, nem é a morte.~


É isto que o cromo repetido de uma direita que quer ser de esquerda mostra aos filhos para lhes "explicar o que é viver em ditadura" !

Meninos! Quando o vosso pai quiser explicar-vos outra vez "o que é viver em ditadura" e vos mostrar este "poema", mandai-o pentear macacos. Ou dai-lhe um pente e um espelho para se ver melhor nas tristes figuras que anda a fazer para vos dar uma vida melhor...

Sem comentários:

A obscenidade do jornalismo televisivo