segunda-feira, dezembro 30, 2019

A nossa tragédia que perdura há 40 anos

Artigo do economista António Costa no Observador de hoje:
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A produtividade em Portugal é baixa, e a evolução na última década foi marginal (vale a pena consultar o Boletim Económico do Banco de Portugal com uma análise à produtividade aparente do trabalho) e há várias razões que explicam esta realidade. A formação de trabalhadores, a sua qualificação, as competências dos gestores e empresários, sim, a falta de dimensão das empresas e especialmente a falta de capital, talvez o maior de todos os problemas. Mas também as políticas públicas, que durante décadas criaram os incentivos ao financiamento de setores não transacionáveis. E especialmente as políticas públicas que se viram nos últimos quatro anos, já fora da intervenção externa e com condições económicas e monetárias excecionais.

Na crise, se houve alguma coisa a correr bem foi a capacidade de risco dos empresários, muitos deles a internacionalizarem as suas empresas sem verdadeiramente terem as condições para o fazer, mas a demonstrarem uma capacidade de risco excecional (leia-se extraordinária). E isso mede-se no crescente aumento do peso das exportações no PIB, já a tocar nos 45%. É aliás esse o discurso oficial deste Governo quando corta fitas em inaugurações empresariais e quando abre e encerra conferências empresariais. Santos Silva “esqueceu-se”, convenientemente, que o tecido industrial está a mudar, para melhor, a uma velocidade sem paralelo, especialmente com a velocidade a que deveria estar a mudar a qualidade da classe política. E de alguns ministros.
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Há 40 anos que Portugal vive uma tragédia económica estrutural, gizada pelos mesmos de sempre: os louçãs e quejandos. 

Em 25 de Maio de 1979 o jornal da esquerda democrática, O Jornal, dedicou um número especial acerca do estado da economia portuguesa de então. 

Alguns recortes reveladores: primeiro o do decano dos economistas socialistas, um académico que ensinou os louçãs e quejandos e foi ministro de bancarrotas do PS
O retrato da nossa miséria que continua quase na mesma, comparativamente. 


E os remédios dos "entendidos", sempre os mesmos.



E, claro, não poderia faltar o habitual bode expiatório, sempre o mesmo, aliás. Espanta como é que estas ideias continuam a manter actualidade e a convencer quem vota. É simplesmente espantoso, tendo em conta o que se passou como os países do antigo Bloco de Leste que já  nos ultrapassaram economicamente, segundo se diz. 




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