segunda-feira, março 21, 2011

Coisas do arco da velha


E o que pensavam as segundas linhas das direcções partidárias de então? De então e de agora, porque as mudanças, em trinta anos quase nem se notam, a não ser para vermos onde foram parar os reizinhos do regime que sucedeu a Caetano. E como se safaram na vidinha.

Jorge Miranda o constitucionalista actualmente virado totalmente para este regime deletério já perorava sobre o presidencialismo. Jorge Lacão, já então entusiasmado pela política sectária, interrogava-se sobre se o presidencialismo não seria um "movimento de natureza contraideológica e populista" (!) Ah, Lacão! Assim é que foi.

Na banda mais à esquerda do PS, Manuel Alegre interrogava o PCP sobre as contradições. Mal sabia que anos depois lhe cairiam em cima, precisamente as mesmas.

Citando uns versos do grupo A Banda do Casaco que então, nesses anos, fazia música como ninguém mais fez:

"Era uma vez uma velha; uma velha muito velha. Que debaixo da cama teve uma vez uma ovelha. A ovelha fazia mé-mé e a velha fazia oh-oh. E assim se passaram anos. Muitos anos e enganos. Anos, muito anos e danos. Anos, danos e enganos. " ( Era uma vez uma velha do LP Coisas do arco da velha, de 1976. Uma obra-prima da música popular portuguesa que ninguém conhece, porque quem ganha os festivais, agora é um Jel. E nem é dos piores).

Resta dizer uma coisa: não tenho esperança alguma neste povo, enquanto gente que vota e escolhe representantes. A Esquerda, sempre com o mesmo discurso dos pobrezinhos e da igualdade deu cabo dele. E os que o proclamam vivem como privilegiados que os ricos nunca foram. Esse paradoxo, poucos o entendem, no entanto. E é por isso que os enganos e danos continuam.

Questuber! Mais um escândalo!