
Obviamente, a tendência do autor, americano, era a democracia liberal dos regimes políticos ocidentais, com pendor social-democrata ou mesmo apenas liberal no sentido europeu do termo.
Com este pequeno texto de duas páginas se compreendem duas coisas: porque é que o PCP assumiu a condução dos destinos político-ideológicos e porque é que o PS lhe fez uma guerra também ideológica e de confrontação política que perdurou até 25 de Novembro de 1975. Mas percebe-se melhor ainda porque é que o PS não conseguiu impor-se completamente e subverter os conceitos marxistas que ficaram a perdurar na Constituição de 1976 e também nos media quase por inteiro ( com excepção do Expresso e de um ou outro jornal): os sindicatos. Na Inglaterra, conta-se no livro, o PC foi reduzido à expressão mínima porque o partido trabalhista conseguiu dominar os sindicatos e impor a sua ideologia que nada tinha de totalitário embora fosse de pendor socialista "democrático", como por aqui se reclamavam também os inquilinos do palacete do largo do Rato e que lutaram através da UGT para domarem a CGTP, o que aliás nunca conseguiram. "Assim se vê a força do PCP".
Estas ideias, claríssimas para quem sabia ler e escrever na altura e fosse capaz de entender, não foram seguidas na sua maior parte pela intelligentsia mediático-jornalística, sabe-se lá porquê...
E a génese do domínio da esquerda sobre os media reside aí, nesse período temporal de influência marcante e que nunca foi revertido.
No fim da página da direita escreve-se: " É compreensível que os comunistas trabalhem com um afinco tão desesperado pelo controlo do trabalho organizado: eles sabem que não há propaganda que consiga converter ao comunismo as classes médias e dos mais ricos."
Exactamente. E por isso, "quanto pior, melhor", para eles...

Algumas delas, de modo serôdio e já depois da queda do muro, ou por alturas disso, apostataram o ideário partidário que não totalmente o ideológico.
E por isso chegamos aqui a um ponto em que o PCP e a esquerda em geral, mesmo sem votos e mesmo sem representação social, consegue impor uma ideologia mediática.
É um fenómeno tipicamente português que importaria analisar melhor como foi possível. Mas não será certamente o ISCTE ou o CES do professor Boaventura quem o fará...nem o Público actual.
