sábado, setembro 26, 2015

Manuela Moura Guedes, a jornalista que o PS censurou

Entrevista de Manuela Moura Guedes ao i de hoje:


4 comentários:

Zephyrus disse...

Na altura, ainda na faculdade, era dos poucos cujos pais não eram funcionários públicos. O ingresso em Medicina fazia-se para muitos da seguinte forma. Na cidade do Porto estudava-se no externato certo, por exemplo, o externato Ribadouro. No ano em que ingressei, para 220 vagas, cerca de 60 foram preenchidas por alunos do Ribadouro. Este externato inflacionava as médias internas, e ao escrever este comentário sublinho que é tudo legal. Há umas décadas começou-se a avaliar também a participação, comportamentos, empenho, trabalhos extra. Se um aluno tem por exemplo uma média de testes 16, o professor pede um trabalho extra, faz um teste de recuperação, os testes passam a contar 60% para a nota interna final, e no fim consegue-se inflacionar para 20. E isto era comum nos colégios privados frequentados por quem queria ingressar Medicina e Arquitectura.

Portanto o acesso à profissão estava de certa forma vedado a alguns que não tinham a sorte de morar no Porto ou noutras cidades com colégios benevolentes, como Lisboa ou Coimbra. E depois havia os explicadores para os futuros médicos. Coimbra tinha os seus, o Porto também. Excelentes professores, sublinhe-se, mas que tinham os seus contactos com os autores dos manuais escolares, que por sua vez estavam ligados à elaboração dos exames. E normalmente quase todos os alunos dos colégios «certos» frequentavam um destes explicadores. Eu frequentei. Entrei nesses explicadores com cunha pois a procura era elevada e os alunos eram seleccionados por vezes de acordo com o seu background social.

E assim se entrava em Medicina há pouco mais de uma década, profissão como se sabe corporativista e de elite, com acesso limitado e que graças ao modelo do SNS imposto por Cavaco Silva tem, sejamos honestos, ganho elevadíssimas quantidades de dinheiro que não são justificáveis dada a realidade económica do país. Uma consulta médica é mais barata em Espanha que em Portugal...

Ora estando eu no curso tive algumas discussões naqueles tempos em defesa da Manuela Moura Guedes. E fui fortemente atacado. Dizia-se que estava a perseguir o Sócrates, que era uma má jornalista, que era populista. Eu argumentava que o Jornal Nacional se limitava a apresentar factos que não eram posteriormente desmentidos. De nada servia. Outra mulher odiada era Manuela Ferreira Leite. Um dia perguntei a um colega o que tinha ele e o que tinham os pais contra MFL. Respondeu «é uma mulher má, quando foi Ministra congelou os salários dos meus pais». Ainda tentei explicar que a situação do défice naquela altura exigia poupanças. De nada serviu. «Então poupasse nas mordomias e fosse buscar aos ricos». Ora este rapaz falava assim mas esquecia todas as mordomias que ele próprio tinha por ser filho de funcionários públicos e que eu não tinha. Este rapaz tinha ingressado no curso com 17 quando a média de ingresso para os «outros» fora 18,7. Tinha direito a bilhetes de avião subsidiados, ADSE, bilhetes de comboio subsidiados ou quarto numa residência de estudantes que, apesar de ser semi-privada e paga, tinha excelentes condições. Eu não tinha direito a nada disso e os meus pais davam emprego, criavam riqueza e pagavam impostos e taxas elevadíssimos.

Zephyrus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Zephyrus disse...

De certa forma o PS e a Esquerda em geral conquistaram as grandes classes profissionais enquanto propagaram o mito da Direita «má e elitista». Entre jovens estudantes universitários, em muitas faculdades, que fosse pela Direita, ou seja, pelo PSD, quem defendesse naqueles tempos a Manuela Moura Guedes ou a Manuela Ferreira Leite, era fascista. E eu fiquei conhecido como «fascista» por abrir a boca. Mas havia muitos mais que pensavam como eu, mas não falavam. Sei que na Católica ou na Universidade do Minho a situação era bem diferente. Já em Coimbra em boa parte das faculdade a opinião dos alunos estava pendida para a Esquerda ou para a extrema-esquerda.

É esta gente que depois vai parar aos Hospitais, às redacções dos jornais ou aos Tribunais. Vão ensinados com a fábula da Direita que é má e não gosta de ver as pessoas felizes, e por isso não aumenta salários, e que favorece os ricos, sendo que ricos são na realidade aqueles que não trabalham para o Estado e têm algum negócio ou são trabalhadores independentes.

A reacção social contra Manuela Ferreira Leite é assim a reacção de uma sociedade formatada durante décadas pela Esquerda, que tomou conta da linguagem politicamente correcta que domina a discussão pública e de um sistema fechado que facilita o acesso àqueles que são filhos dos que já lá estão, num lógica de perpetuação e reforço.

Há mobilidade social em Portugal ao nível da que existe aqui ao lado em Espanha? Há liberdade de imprensa? Há diversidade e riqueza de opiniões e tendências no jornalismo?

Floribundus disse...

vivemos numa republiqueta social-fascista

tudo o que nos acontece decorre dessa aberração

40% da classe média pertence aos vários sectores do estado

é maioritariamente de esquerda

e suga os contribuintes de direita

a classificação pertence à esquerda por direitp próprio

'a lei sou eu'

O Público activista e relapso