Revista do PCP, O Militante, número de Setembro/Outubro de 2015. Podia muito bem ser um número de 1965, há 50 anos, altura em que o Partido realizou um congresso, o VI em plena clandestinidade.
A linguagem era a mesma de agora, sem tirar nem pôr, a não ser determinados adjectivos suavizados no actual contexto histórico, para dar uma patine democrática ocidental a um Partido que nunca o foi na sua existência e se recusa terminantemente a sê-lo. A longevidade do PCP em estado fóssil deve-se a esta cristalização em ambiente siberiano.
Tal como se reafirma neste número da revista, o PCP continua a ser um partido marxista-leninista e estalinista se preciso for. Álvaro Cunhal já em 1965 dizia que "o processo revolucionário segue caminhos diversos segundo as condições existentes em cada país. (...) A revolução não segue caminhos obrigatórios e inevitáveis, válidos em todas as condições e em todas as épocas". Ou seja, em vez de se assassinarem milhões de camponeses, como Estaline fez, denunciado pelo próprio sucessor, Krutschev, bastaria organizar uns tantos tarrafais ao contrário e baptizá-los como centros de recuperação de activos humanos. Ninguém jamais seria capaz de afirmar que tais campos eram gulags...ou de extermínio programado a la longue.
Estas três páginas sobre a comemoração do VI Congresso do PCP, realizado em 1965, são deveras elucidativas da natureza profundamente totalitária e anti-democrática do PCP. Ninguém o diz claramente nas tv´s quando o bravo Jerónimo assoma à pantalha para espalhar a propaganda ideológica disfarçado de democrata e patriota e assertoado na figura marxista-leninista. O PCP não fala disso na televisão. E ninguém lho pergunta, muito menos a Judite aburguesada nas maletas de marca francesa e sapatos a condizer.
Sobre o modo como o PCP conduziu o PREC de há quarenta anos não há qualquer segredo se se lerem estas duas páginas de ensinamentos do estratega-mor, Álvaro Cunhal, um marxista-leninista de gema que tinha em Estaline uma referência de estadista patriota.