A Visão desta semana destaca na primeira página a figura do juiz Carlos Alexandre a quem chama "o dono de todos os segredos" porque "guarda documentos e escutas que podem abalar o regime".
A reportagem de algumas páginas passou pela visita a Mação, terra do magistrado e pela recolha de alguns testemunhos de amigos e conterrâneos. O retrato é simpático e algumas passagens merecem destaque:
Na ausência de uma conversa alargada, valem pequenos apartes do juiz, em voz off, com citação apócrifa de alguns que lhe são próximos.
A ideia que perpassa pelo texto é a de que o juiz é um tipo normal que não tem sombras no perfil, ao contrário de alguns que lhe caem nos processos que tem de analisar, submetidos por um Ministério Público mais impessoal e colectivo.
Um dos principais é naturalmente o do actual detido no 33 do bairro dos actores e a revista faz um paralelo, citando, mais uma vez apocrifamente um dito do mesmo por ocasião do interrogatório judicial conduzido por aquele juiz: "eu não me esqueço de quem me faz bem, mas muito menos esqueço de quem me faz mal", terá dito em surdina a uma funcionária do tribunal nessa noite. Funcionárias desse tribunal não há assim tantas...e uma delas até será escrivã. Terá sido a receptora de tal incumbência de cariz mafioso?
Prender um indivíduo deste jaez é uma afronta sem perdão e a frase soa evidentemente a ameaça real.
Segundo a capa desta semana de uma revista de socialidades pindéricas, Lux, propriedade de uma tal empresa Masemba, dá-se conta desta estranha figura que afinal é "secreta".
O mundo deste indivíduo não é o mesmo do juiz Alexandre, claramente. O mundo deste indivíduo, agora no 33 do bairro dos actores, é de sombras, há muitos anos. De segredos e de mistérios.
A mesma revista Visão conta que na noite em que passou de 44 a 33 e começou a recolher-se numa pequena mansão escondida, formalmente propriedade da ex-mulher, apareceu por lá um estafeta a entregar uma pizza. Afinal não tinha sido chamado para tal...e o detido no 33 já encomendara ceia adequada, "num serviço de entrega ao domicílio que trabalha com alguns dos melhores restaurantes de Lisboa e que acompanhou com uma garrafa de vinho, algo que foi impedido de saborear durante os mais de nove meses detido em Évora".
Deve ter saboreado tal repasto, regado com o vinho propício, na companhia da dama misteriosa e que bom proveito lhe terá feito.
Sobre vinhos, aliás, o aludido juiz também já se pronunciou em conversa com amigos. Disse textual e misteriosamente sobre o assunto que "eu só bebo vinho de talha"...e de proveniência certa e segura. Baratos, de poucos euros, mas nada de vinhos em pacote.
Na passagem acima mostrada há uma frase de vulto que lhe atribui uma ideia: "diz-se que apanhou o SIS de ponta"...o que é bem capaz de ser verdade e revelador do estado a que chegou o nosso Estado. Se um putativo "dono de todos os segredos" tem uma ideia negativa de tal instituição é motivo para alarme público porque é sinal que a mesma está doente. Quem manda nela há anos e anos a fio? Júlio Pereira, um magistrado do MP que se revela inamovível desse lugar e parece guardar segredos ainda mais importantes que afinal podem fazer do mesmo o verdadeiro "dono" disto tudo num ambiente em que avultam aquelas sombras muito densas Andarão os media enganados, afinal? É possível...e muito preocupante, para a democracia, além do mais.