quarta-feira, outubro 05, 2016

Portugal, um país colonizado pela Esquerda




Pacheco Pereira escreve na Sábado de hoje um artigo em que defende que a guerra de guerrilha que defrontamos em Angola, Moçambique e Guiné, durante mais de uma dúzia de anos nos sessenta e setenta do século que passou, era uma "guerra colonial". Porquê? Porque sim e porque foi assim que a esquerda  a definiu, desde o início. "Para quem se lhe opôs, desde os desertores, os refractários, os militantes contra a guerra nas escolas e fábricas, os partidos clandestinos que combatiam a ditadura, ninguém a designa a não ser como guerra colonial".  E pronto, está assim explicado.


Como é óbvio não está e a opção pela linguagem usada carece de justificação.
A questão principal tem a ver com um ponto incontornável e que aquela oposição esquerdista se recusou sempre a discutir, por motivos estritamente ideológicos: os territórios ultramarinos que descobrimos sem vivalma, no séc. XVI, na África, eram colónias portuguesas?
Foram assim designadas durante um período histórico em que tal era corrente. Houve até um Acto Colonial que durou o tempo em que a noção de imperialismo e colonialismo não tinham a conotação que posteriormente passaram a ter. Essa Lei constitucional  aprovada em 1930 e que vigorou até à revisão constitucional de 1951 definia claramente que Portugal,  tinha uma "função histórica e essencial de possuir, civilizar e colonizar domínios ultramarinos". Sem complexos, portanto.

A partir de então, a política portuguesa em relação aos territórios ultramarino mudou de orientação ideológica:  "Com a revisão constitucional de 1951, a visão imperalista foi teoricamente abandonada, sendo substituída por uma estratégia que visava a assimilação civilizadora das colónias à metrópole, com o objectivo final de criar uma nova ordem política, que podia ser a integração total, autonomia, federação, confederação, etc. Reflectindo esta nova visão teórica, as colónias passaram a designar-se por "províncias ultramarinas".

Foi esta ideia básica que se manteve durante todo o Estado Novo e ainda no tempo de Marcello Caetano com o Estado Social.

Foi esta ideia básica que sustentou a defesa da integralidade do território ultramarino, perante as potências internacionais, incluindo os EUA de Kennedy, ao tempo do início da guerra de guerrilha feita pelos "movimentos de libertação" que para os portugueses eram apenas "movimentos terroristas".

Assim, a escolha da linguagem corrente, a propósito da guerra de guerrilha que se desenvolveu nos territórios portugueses do Ultramar africano é tributária da submissão ideológica que cada um tomar. Não é um dado de facto que tal guerra fosse "colonial" tout court. Sê-lo-á apenas para quem entender, como o entendia a esquerda comunista de oposição a Salazar/Caetano, que Portugal era um país imperialista e que subjugava ilegitimamente os territórios ultramarinos que eram apenas colónias e nada mais, prontas a serem depenadas nos seus recursos naturais e explorados os seus povos, sem outra razão.

Pacheco Pereira continua fossilizado nesse tempo. Que fique para lá, para sempre.

Quem quiser entender melhor o que era o conceito de "província ultramarina" para os portugueses que não eram comunistas nessa época de Salazar/Caetano ( Pacheco Pereira era...) e que aliás era a esmagadora maioria do povo de Portugal, o melhor será ler estas páginas da revista Observador de 15 de Outubro de 1973.





De 1951 a 1974 Portugal não teve "colónias" mas sim "províncias ultramarinas" e a mudança de designação não foi apenas semântica mas continha em si um conceito explicado e entendido politicamente como relevante e essencial para tal.
Portugal tentou durante o tempo de Salazar/Caetano manter os territórios ultramarinos como se os mesmos fossem parte integrante de uma Nação una e indivisível. Tal conceito evitou a cedência aos americanos que repetidas vezes tentaram negociar a entrega desses territórios a populações autóctones e indígenas, com base em princípios que decorriam do direito internacional dos povos à autodeterminação.

Tal conceito decorreu da relação de forças internacionais no pós-guerra, com a proclamação desse princípio que deu azo aos movimentos de libertação nos respectivos territórios espalhados pelo mundo e que alguns países ocidentais tinham tomado posse militar e administrativa em séculos passados.

Portugal tentou contornar tal dificuldade inventando um conceito que nos tornaria supostamente únicos nesse concerto de Nações.

Os imperialismos que ocuparam espaço no século XX , designadamente o das duas maiores potências, com outras à espreita ( China) não permitiram veleidades aos portugueses e apoiaram os movimentos autóctones que pretendiam a independência desses territórios.
Para nós o momento chegou em 1974 com a tomada de poder efectivo pela esquerda comunista e socialista aliada aos militares "de Abril".

O conceito que até então existia acerca dos territórios ultramarinos e que se encontra explicadinho naquele artigo da Observador, esboroou-se em dois tempos através da modificação da linguagem corrente.

De repente e da noite para o dia os esquerdistas dos jornais começaram a escrever "colonialismo" e "imperialismo" como se tais expressões fossem do uso corrente de todos, o que não era verdade.

Eram apenas expressões próprias dessa esquerda comunista e socialista que foram ingenuamente aceites pelo resto das entidades políticas que passaram a existir em Portugal.

Isso não impede, porém, que a verdade dos factos históricos seja conhecida, reposta e modificada tal linguagem que não corresponde ao que se passou.

A não ser que Portugal tenha sido durante décadas uma colónia da esquerda, o que de facto sucedeu a partir de 1974, mas não antes. E é desse período anterior que estamos a tratar, do oficial e não do clandestino.

Se Pacheco Pereira e quejandos ainda vivem na fantasia desse tempo mítico clandestino que prolongaram até agora, que ao menos tal seja mostrado claramente.

Portugal nem sempre foi uma colónia da Esquerda e se alguns assim o pensam estão enganados.

E não venham para cá com a cantilena de sempre sobre o regime ser fascista. É chão cujas uvas estão podres.

Nesse número da revista dá-se conta da evolução da campanha eleitoral então em curso. Assim:



Quem ler pode verificar que aparece o nome de Mário Soares, Àlvaro Cunhal, a referência explícita à linguagem que agora denuncio e ainda a "pichagem" no mural com a escultura do marechal Carmona e que é do...MRPP. Isto em 1973...

Deixem-se por isso dessas merdas do fassismo que já cheiram mesmo mal.

37 comentários:

muja disse...

Não se sendo rigoroso, nunca se passará além do nível de artigos de moderno observador para ensinar a missa ao padre...

Tal conceito evitou a cedência aos americanos que repetidas vezes tentaram negociar a entrega desses territórios a populações autóctones e indígenas, com base em princípios que decorriam do direito internacional dos povos à autodeterminação.

Tal conceito e a vontade que presidiu à sua criação estava perfeitamente em linha com a tradição histórica a a prática portuguesas.

Os americanos nunca tentaram negociar a entrega de território nenhum a populações autóctones e indígenas. Nem em Angola, nem em lado nenhum do mundo. Nem na altura, nem antes, nem depois.

De facto, o que faziam continuam a fazê-lo, por exemplo, na Síria - criando, fomentando e apoiando movimentos terroristas islâmicos sob o pretexto de levar a democracia aos "indígenas". O Estado Sírio está em guerra com os movimentos terroristas desde 2011.

O único movimento armado autóctone e indígena, em Angola, pelo menos, era a UNITA de Jonas Savimbi. Savimbi foi caçado e abatido no mato - que nunca abandonou - em 2002 com ajuda de israelitas, sem dúvida pagos em dólares.

O único estado que tinha em consideração os autóctones e indígenas era o Estado Português, como se comprova pelos contactos e entendimentos, ainda que ténues, com o referido movimento.

Os imperialismos que ocuparam espaço no século XX , designadamente o das duas maiores potências, com outras à espreita ( China) não permitiram veleidades aos portugueses e apoiaram os movimentos autóctones que pretendiam a independência desses territórios.

Os imperialismos, isto é, as potências estrangeiras ingerentes, não apoiaram movimentos autóctones. Nenhum imperialismo apoiou a UNITA cujo líder acabou abatido no mato.

Os movimentos não-autóctones, ou mais precisamente, os seus chefes, não pretendiam a independência de território algum, mas somente exercer sobre esses territórios o domínio material na medida em que lhes era prometido pelas potências que os tutelavam respectivamente. A prova deste facto irrefutável está em que nenhum - rigorosamente nenhum - dos territórios em causa não chega, sequer, hoje, a ser tão independente - seja qual for o significado prático que se dê à palavra - como o era na altura.

JC disse...

Durante os 48 anos do Estado Novo/Estado Social, conseguiu germinar e manter-se activa, ainda que na clandestinidade, uma forte oposição ao regime, com partidos ou organizações políticos na clandestinidade, que difundiam a sua doutrina e conquistavam adeptos para as suas ideias, nomeadamente entre os mais jovens. E que tinham elementos infiltrados por todo o lado, desde os jornais às próprias Forças Armadas, passando pelo meio universitário.
Essa circunstância permitiu-lhes cavalgarem a onda quando se deu a revolução dos militares em 1974, instalarem-se nos pontos chave e, em dois tempos, mudarem a linguagem e serem o pensamento dominante até hoje.

Ora, nos 42 anos que leva esta triste democracia, não existe nenhum partido, nenhuma organização, nenhum grupo, nenhum jornal, nenhuma revista, nada, que defenda, professe ou difunda um pensamento diverso do das "esquerdas" dominantes.
Talvez apenas o jornal o Diabo e meia dúzia indivíduos isolados, aqui e ali, neste ou naquele blogue.
Por outro lado, a doutrinação das ideias esquerdistas continua, tanto na chamada "escola pública", como nos meios de comunicação social em geral.

Interrogo-me, pois, como é que alguma vez em Portugal, se vai conseguir inverter este estado de coisas, mudar a linguagem vigente e as ideias dominantes.

zazie disse...

Precisamente por essa desmontagem- com liberdade de expressão até é mais fácil controlar e não germinam tantos extremismos por serem fruto proibido

":OP

muja disse...

De resto, convém que se diga ainda mais.

Não existe base ou fundamentação rigorosamente nenhuma para qualquer direito inerente à independência daqueles territórios ou povos. Nenhum dos países independentes existia enquanto tal ou coisa remotamente parecida antes de os traçarem os portugueses no seu percurso na História.

Aparte o Reino do Congo, cujo sucessor, aliás, se colocou sob protecção portuguesa através do tratado de Simulambuco, não havia outras entidades político-administrativas às quais se possa fazer ali referência. Inclusivamente, muitas das tribos e povos se estabeleceram naqueles locais depois de ali, ou ali perto, se estabelecer a soberania portuguesa.

E ainda que assim não fosse, e ainda que fosse genuína a vontade de independência do conjunto heterogéneo de etnias, tribos e povos que se albergavam em território português, não segue que por isso houvessem de se anular os direitos do Estado Português aos imensos territórios, tanto insulares como continentais, que descobriu vazios de gente, e que por sua iniciativa, apenas, populou e desenvolveu - isto é, colonizou - a custo de sangue, trabalho e cabedais portugueses.

muja disse...

Portanto, é perfeitamente irrelevante que à guerra se chame do Ultramar ou Colonial.

Não é o nome que dá ou tira a razão.

Querer discutir nomes com quem os impôs pela força, não serve para nada.

Qual é o interesse de disputar a designação de "colonial" para depois, ao fim e ao cabo, por qualquer razão, defender uma entrega aos americanos (os tais autóctones indígenas) como se, na prática, de colónias se tratassem, visto que é absurda a noção de entregar o próprio país aos autóctones indígenas?

Assim, das duas uma: ou os territórios eram Portugal; ou os territórios não eram Portugal.

Se eram, pouco importa o que Portugal lhes chamasse: províncias ou colónias. Durante muito tempo chamou reino ao Algarve e isso nunca ofereceu dúvidas a ninguém. O que importa é esclarecer porque o eram e o que os outros deles pretendiam, porque nos vimos forçados a combater neles e por eles e, porque era nosso dever combater.

Se não eram, também de pouco interesse é a designação que recebiam, pois nenhuma nos teria dado direitos que não possuíssemos já. E em se admitindo que não eram, então podem dar-se as voltas que se quiser, a guerra foi estúpida e uma perda de tempo e é irrelevante que fosse casmurrice do Salazar ou fassismo do regime.

josé disse...

Não há uma de duas por causa desta:

até 1930 os territórios eram o quê? Parte da Nação? Então porque foi necessário o Acto Colonial em que se exprime outra coisa diversa e se evidencia a diferença entre territórios possuídos e possidentes?

Depois de 1951 é que se descobriu que não eram colónias verdadeiras?

Esta resposta é que não estou a ver, caro muja...

E outra coisa: ao contrário do que diz, a linguagem muda tudo e costuma mudar o mundo.

josé disse...

É pela linguagem que os conceitos e ideias se exprimem e é a linguagem em si mesmo que por vezes assume significado autónomo e significante.

josé disse...

Dizer fassismo ou fascismo é uma diferença de vulto porque as palavras têm significado próprio e também um referente.

josé disse...

Quanto à história dos americanos é chover no molhado porque já tivemos essa discussão e parece-me que estou certo.

muja disse...

Antes do Algarve ser região(?) era o quê? Reino, talvez. Na prática, para nós, alguma vez foi alguma coisa que não, simplesmente, o Algarve?

De acordo quanto à linguagem, mas a linguagem por si só não é força. Carece sempre de uma força exterior. Já era assim com os romanos e foi assim com os comunistas.

josé disse...

JC:

É muito difícil desmontar tal linguagem de modo a inverter o rumo e retomar a linguagem antiga.

Não há massa crítica nos media nem espero por tal a breve trecho.

Por isso tenho uma razão suplementar de luta...

josé disse...

Não mudemos de agulha. O tema é a guerra ser no ultramar ou nas colónias...

muja disse...

O caso dos americanos não é chover no molhado porque encerra a contradição a que aludo acima.

Quando se considera que se devia ter feito a vontade aos americanos, entregando-lhes o que queriam, está implícito o reconhecimento de que tinham razão.

E se os americanos tinham razão, então nessa medida também os soviéticos a tinham, visto que só divergiam no futuro que se havia de dar aos territórios.

Na prática, portanto, quem assim pensa reconhece implicitamente que aqueles territórios não eram parte integrante e completa de Portugal. E, nesse caso, é um detalhe insignificante qual é a designação: colónias, províncias, protectorados, vassalos, estados ou reinos.

Tanto assim é, que o artigo 73º da Carta da ONU não especifica nenhuma designação. Fala em responsabilidades na administração de territórios cujas pessoas ainda não tenham atingido uma medida completa de auto-governo.

Ora, o Estado Português, ao abandonar o Estatuto do Indígena, passou a ser responsável somente pela administração de cidadãos portugueses independentemente da designação dada aos territórios. Tão português era o cidadão da Metrópole, da Província de Angola, da Colónia de Cabo Verde ou do Estado Português da Índia.

Ricciardi disse...

A guerra, colonial ou ultramarina, foi uma tentativa de calar, subjugando o legítimo direito dos autóctones a ser. Simplesmente a ser aquilo que decidirem ser.
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Colonial ou ultramarina foram também as guerras inglesas, francesas, belgas etc em África.
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Evidentemente que são territórios descontinuados. Com povos diferentes dos coloniadores, inclusivamente com direitos diferentes.
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É falso que os povos não existissem. Existiam. Em angola constituiam-se em reinos. Cinco reinos, salvo erro.
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Mesmo que não existissem esses reinos, existia o povo. Como existiam palestianinos sem patria ou judeus sem país. Por isso se decidiu dar ao povo sem patria uma pátria (assim o queiram) e ao povo sem país uma terra.
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O direito à autodeterminação dos povos é elementar e enquadra-se no direito que deviam ter tido os povos dos territórios ultramarinos.
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Em vez da guerra, seria mais útil ouvi-los. Escuta-los. Escrutinar as vontandes.
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Guerra de guerrilha não foi certamente. A guerra de guerrilha seria se fosse feita em Braga ou em Lisboa em ânsias separatistas dum território uno. Ora, o império não era uno senão na propaganda e aparência.
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Por outro lado, qualquer nazi pode argumentar coisa semelhante a algumas teorias que por aqui li. Depois de conquistados os povos torna-se inevitavelmente parte do conquistador ou, em alternativa, os conquistados devem ter direito a lutar pela sua reindependencia? Essa luta é de guerrilha?
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Rb

muja disse...

Na altura, antes - e apenas antes - do abandono admito que fosse relevante a designação. Politicamente, a designação tinha significado. Se não tivesse, não havia razão para que o Governo a alterasse. Isso é evidente.

Mas hoje o significado político é residual. Quem compreende a diferença política entre colónia e província no contexto daquela ou de outras alturas, já, em larga medida, compreende o caso no seu contexto alargado da política externa do país. Quem não compreende, ainda que seja forçado a concordar que se chamavam províncias e não colónias, e até que províncias foi a designação mais comum durante a nossa História, nem por isso deixará de pensar que tal não passa nem passou de um mero truque de vocabulário.

foca disse...

Ricciardi
Se o essencial é ser um território contiguo, então devíamos ser espanhóis, não é?

Hoje perdíamos um feriado mas poderíamos bem estar a crescer 2,5%

muja disse...

Por isso é que indivíduos como este Pereira e outros recauchutados gostam de pegar nestas coisas. Porque podem desfiar o rosário da bem-pensança falaciosa, ao afirmarem as consequências sem enfrentarem o cerne da questão.

Considerando Angola, para simplificar, o cerne da questão é este: o único movimento que era autóctone era a UNITA. Foi o único que surgiu e nunca abandonou território português. Os outros foram criados nos Congos, de lá vieram e para lá foram expulsos.

Portanto, falar em movimentos autóctones é areia para os olhos. É exactamente, sem tirar nem pôr, o mesmo que dizer que o ISIS é um movimento de libertação autóctone. Na realidade, não passa de um bando mercenário a soldo de potências estrangeiras aos territórios onde opera.

muja disse...

Aliás, o método foi tão eficaz que ainda é usado com umas pequenas adaptações. Já não é preciso haver colónias, e o terrorismo pode ser promovido a movimento de libertação directamente. Quando o processo de libertação em curso dá muito nas vistas, cria-se um apêndice "moderado". É o caso na Síria com o ISIS e a Al-Nusra (Al-qaeda) - não há, nem nunca houve, movimentos sírios e muito menos "moderados".

Os recauchutados pereiras e outros gostam é de encher a bocarra com democracia, ditadores, liberdade e essas coisas.

Mas o cerne da questão é o mesmo: em que medida é decente, legítimo ou moral empregar terroristas para destabilizar, subverter a ordem e derrubar o governo ou estado soberano ou até a respectiva soberania sob qualquer pretexto?

muja disse...

Porque, já agora, é preciso que se diga outra coisa: o regime não sobreviveria à entrega ainda que a quisesse fazer. Aliás, nenhum regime sobreviveria a isso em Portugal. Nem ditadura, nem democracia. Por isso é que teve de ser feita em ambiente revolucionário, logo caótico, logo em ausência de regime.

Portanto, na prática, o que nos era exigido era que abdicássemos da nossa independência.

E por aqui se vê a hipocrisia que banha toda esta questão. A independência de uma coisa imaginária - o país Angola, ou Moçambique, ou Guiné (visto que nenhum era, e continua sem ser, país) - serve, na realidade, para destruir a independência de uma coisa real: o país Portugal.

muja disse...

A todos esses recauchutados, portanto, não interessa nada discutir o que eles querem discutir.

A todos eles, a única coisa que interessa perguntar é esta: admitem ou não admitem que estiveram, se é que não continuam a estar, por via ideológica ou outra, enfeudados a uma potência estrangeira?


Floribundus disse...

se o Infante D. Henrique 'não tivesse morrido,
ainda hoje era vivo'

Floribundus disse...

a decrépita república, que corre com os magros seios nos sovacos,
necessita anualmente dum implante mamário

a esquálida teta é para alguns
a treta para os restantes

zazie disse...

O ISIS é um movimento de pretos ao serviço dos americanos que tem por finalidade radicalizar o islão dos países muçulmanos mais pacíficos e moderados.

E isto para lhes roubar a matéria prima- o petróleo.

muja disse...

O PS é um partido secretamente controlado pelo PCP para tomar o poder em Portugal, desencadear o neo-PREC, instaurar a ditadura do proletariado, criar uma polícia política, campos de concentração, colectivizar o país e fazer uma aliança com Cuba e Venezuela.

Qualquer um faz caricaturas, uns melhores que outros.

zazie disse...

Pois é. A matriz é a mesma, como v. acaba de confirmar.

josé disse...

A mim só me interessa discutir a possibilidade de mudar a linguagem corrente para a pôr de novo a funcionar nos moldes antigos e que eram os que explicavam as coisas como acho que devem ser explicadas.

A novilíngua adulterou os conceitos e inquinou idelogicamente o discurso em todos os lugares, até no humor.

Vou tentar mostrar isso.

muja disse...

Eu não acabo de confirmar nada.

V. própria já disse várias vezes que nem percebe nada do que para aqueles lados se passa e que nem lhe interessa... De maneira que não se percebe bem qual é o seu intuito.

É fazer pouco? Pois não se acanhe, veja é se pelo caminho não está a fazer pouco é de si...

muja disse...

José,

pois sim. A cada um o que lhe interessar.

Acho essa possibilidade de mudança nula sem uma força que a imponha.

Maria disse...

José, excelente texto e documentação jornalística preciosa. Discordando do seu pensamento político num pormenor ou noutro (como já anteriormente o havia feito, no caso - e contra o que José já tem afirmado inúmeras vezes - a absoluta necessidade de conceder a independência a Territórios cujos habitantes jamais a tinham desejado, antes preferiam continuar ligados ao Portugal europeu como verdadeiros portugueses, tal como sempre se tinham considerado) não impede que não lhe dê os parabéns. Quanto mais não seja e já não é nada pouco, o reverter-se a linguagem marxista, desde a política passando pela literária e acadando na imprensa falada e escrita, que nos não larga desde o 25/4. Mas desde já lhe digo, José, este estado miserável de coisas já não tem remédio excepto com a mudança de regime/sistema. Simplesmente porque a maçonaria, que é quem manda em Portugal, nunca o irá permitir.

Não posso deixar passar em claro os brilhantes depoimentos à guisa de comentários de JC e de Muja. E ainda, como não?, das poucas mas ajuízadas/oportunas palavras de Foca, com aliás é seu apanágio. Confortam-nos a alma e deixam-nos um sentimento de gratidão perante tão nobres quão genuínas mensagens de patriotismo ou, se se quiser, do que é ser-se verdadeiramente português e orgulhoso de o ser.

Bic Laranja disse...

Nao li o Pacheco. Não tenho paciência. Diz que é guerra colonial. Bom proveito. É a terminologia comunista, nada a fazer. Ele que se masturbe com ela. Quem viveu no tempo dele, do Ultramar, chama-lhe ainda, de seu natural falar, Ultramar. Foi como assimilou, sem mais. A minha mãe dizia Ultramar, não se metia em política. Nem o meu pai e dizia o mesmo. Os avós, os tios que lá andaram na guerra, foi no Ultramar. Em rigor é isto. Os retornados é que são das colônias. O pendor ideológico predominante descobriu o colonialismo como escondeu o comunismo (APU, CDU). Propaganda. A linguagem natural faz-lhes cócegas. Ministério da Coordenação Interterritorial é poesia mais que neo-realista; é neo-vazia. E acabou-se o Ultramar assim, por se lhe mudar o nome. Ao depois foi buziná-lo repetidamente para ele ser como se queria que ele fosse. E pelas tubas da propaganda ele foi-o. Foi-o justamente quando já não era nada porque tinha acabado.
A moda do real subsidiário da nomenclatura adoptada pegou de tal maneira que as coisas são hoje cada vez mais o que se diz e não o que são. Ùltimamente só com nomenclatura estrangeira se pode transmitir a realidade: fat tax. Não é moléstia. Deve ser bullying.
Cumpts.

Bic Laranja disse...

«Colónias», com acento agudo. Colonialismo é isto.
Cumpts.

josé disse...

De facto, tem razão porque colonialismo é isto que temos hoje em dia. Somos colonizados ideologica e culturamente por civilizações que considero inferiores à que tínhamos.

Andamos de cavalo para burro.

E o Pacheco é um desses burros.

Maria disse...

Um enorme Bravo ao autor do blogo Bic Laranja pelo seu brilhante comentário. Nem outra coisa seria de esperar. Blogo de que sou uma fiel e incondicional leitora. Além de que, como comentadora, sou nele sempre recebida com enorme respeito e carinho. E para mim, no que se refere à Blogosfera mas não só, estas qualidades humanas são da máxima importância.

Floribundus disse...

Sapo
O programa do Governo para a economia é obsoleto e estruturalmente ineficiente. Até porque Portugal continua com necessidades de financiamento anuais superiores a 18% do PIB.

FMI diz que Portugal em cinco anos terá o pior défice da zona euro

Floribundus disse...

Insurgente

A duas semanas de rever o rating de Portugal, a DBRS avisa que a economia está presa num “ciclo vicioso” de dívida, baixo crescimento e adiamento das reformas.

A agência de notação financeira DBRS considera que a economia portuguesa está presa num “ciclo vicioso” de dívida elevada, baixo crescimento e adiamento de reformas económicas.

Ao Financial Times, Fergus McCormick, economista-chefe da agência canadiana, explicou que o crescimento desacelerou e os juros da dívida pública subiram, colocando uma “pressão descendente” sobre o rating.

josé disse...

Ouvindo o Costa nós nunca estivemos tão bem como agora.


Deve ser isso exactamente, o autismo.

lusitânea disse...

Coitadinhos dos povos africanos que eram governados por brancos e que tanto mereciam a libertação orientada por Moscovo e Pequim e cujos dirigentes foram doutrinados pelos nossos queridos antifassistas.Ganharam no nosso caso por uma entrega à Lenine.E com expulsão em massa dos brancos e confisco dos seus bens.E agora os mesmos de sempre só "lutam" por nos colonizar com os descontes africanos das independências com kalash...
Traidores uma vez , traidores sempre...

O Público activista e relapso