segunda-feira, abril 16, 2018

Salazar, o povo, os seus inimigos e as mistificações esquerdistas



Irene Flunser Pimentel, divulgadora de livros sobre Salazar e que é doutorada em História foi entrevistada pelo Diário de Notícias de Domingo a propósito do mais recente lançamento: Inimigos de Salazar.
O entrevistador João Céu e Silva, que se revela ideologicamente muito próximo da autora,  faz da entrevista um monólogo socrático em que a finalidade principal é demonstrar o quanto foi horrível o regime do Estado Novo.
Para tal nem hesita em amalgamar o período de 1968 a 1974 como perfeitamente inserido no regime porque afinal, para a autora do livro, com a complacência do entrevistador , " o seu regime perdurou com a maioria das suas principais características, embora com algumas diferenças, com Marcello Caetano". Assim, de uma penada junta-se o  fassismo salazarista ao  marcelismo primaveril, numa extensão útil e agradável e o rigor histórico que se lixe.
E quem não salta com essa dança macabra é reaccionário e  portanto desprezível como comentador.

Para que não se diga que a autora é historicamente míope lá vem a justificação de que afinal " os que se opuseram a Salazar- uma minoria dos portugueses, que por isso foi reprimida e perseguida- tentaram por formas diversas  que fosse derrubado. O que não significa por si só que todos quisessem instaurar a democracia".

Ora aqui é que bate o ponto sem nó.  Quem é que efectivamnte queria a tal democracia dos que se opuseram a Salazar e ao salazarismo? Melhor ainda: é ou não verdade que Marcello Caetano estava mais próximo da democracia ocidental como a conhecemos do que alguns dos que se diziam democratas? E não era seu desiderato fazer a transição de um regime autoritário para um mais participado pela oposição? E tal não sucedeu em concreto com diversas medidas tomadas durante os mais de cinco anos que esteve no poder? E que só a guerra no Ultramar tal impediu?
Neste contexto, falta por isso incluir Marcello Caetano no lote dos inimigos de Salazar...o que é verdadeiramente um incómodo para estes historiadores da pacotilha marxista que assim ficam desalmados no seu antifassismo primitivo.

A história do Estado Novo, para estes divulgadores é quase a história que o PCP faz desse tempo, sem tirar nem pôr. Et pour cause, uma vez que estão ideologicamente próximos dessa esquerda comunista e por isso comungam do ideial. O socialismo democrático de que muitos se reclamam não conseguiu ainda destrinçar com segurança ideológica o que é o verdadeiro fascismo das características intrínsecas ao que era o Estado Novo e reage pavlovianamente a tudo o que seja poder político anterior ao 25 de Abril de 1974. Não há subtilezas naquela narrativa porque senão ficavam sem narrativa.

Estes historiadores precisam de Salazar como se de pão ideológico se tratasse e alimentam-se com essas mistificações.
Por exemplo, nunca dizem que Salazar foi fascista, uma vez que seria uma enormidade. Mas dizem que o Estado Novo era fascista. Ou seja, o fascismo, contra Salazar...

A amálgama histórica que completam com a elipse dos anos posteriores à morte de Salazar e à Primavera marcelista torna-se por isso comparável à nossa "primavera de praga" na medida em que  para o esquerdismo vigente o regime se manteve intocável,  mesmo com as mudanças aparentes e reais na sociedade e na estrutura do poder. Porque é que isto sucede? Mais uma vez por empréstimo ideológico do PCP. O fascismo, para o PCP,  é assimilável a tudo o que mexe na sociedade capitalista de tipo ocidental com um mínimo de controlo sobre os seus inimigos, no caso o PCP.
A Alemanha do pós guerra proibiu o partido comunista. Logo,  regressou ao fascismo porque reprimiu quem os queria libertar de vez do capitalismo.
 Na boca suja do PCP e dos seus instrumentos da verdade  como direito concedido por eles, todo o regime que os afaste do convívio político é fascista. A Inglaterra é um país eminentemente fascista por isso mesmo. Os EUA evidentemente. Até têm lá a CIA...imagine-se!

O mais irónico nestas mistificações permanentes e apadrinhadas por toda a esquerda, incluindo a bempensante do socialismo democrático, como é o caso do entrevistador, é a circunstância nunca explícita ou sequer subentendida que confronta o PCP com a sua realidade histórica e ideológica.

O contraponto para a vituperação do regime de Salazar como fascista nunca se faz relativamente ao que é verdadeiramente a alternativa desejada pelos comunistas de sempre e desde a Revolução de Outubro: um regime verdadeiramente ainda mais fascista, socialmente comprometido com um totalitarismo insuportável e que conduziu inevitavelmente à sua queda no final dos anos oitenta do século passado porque representa um estendal histórico de milhões de mortos no processo Holodomor dos anos trinta, nos gulags que não têm a mínima comparação possível com qualquer tarrafal em termos de horror concreto e vivido por milhões.A repressão política feroz, com a liquidação física e sumária de opositores ( o caso Humberto Delgado ao lado destes é ridículo)  aos milhares e em massa no tempo de Estaline; a Censura efectiva que não tem comparação alguma com a produzida em Portugal no tempo de Salazar e nos países europeus na mesma altura; a limitação politica ao Partido, sem qualquer veleidade democrática do tipo ocidental ( não havia partido Socialista democrático, na URSS e nos países de Leste, como esquecem os socialistas que convivem bem com estes comunistas)  e a instauração de um regime verdadeiramente totalitário, assumido e sem qualquer preconceito porque afinal ao serviço do povo...

Só isto bastaria para mandar os comunistas lamber sabão, para ver se lavam a boca ideologicamente suja. Porém, não é isso que sucede. Dá-se voz activa a estes historiadores da pacotilha marxista, que nunca colocam a equação fatal que os desautoriza moralmente: os comunistas não têm qualquer autoridade moral ou política para reivindicar democracia porque não acreditam nisso, enquanto modo de organização social ocidental e europeu. Nunca acreditaram e continuam a não acreditar. A ideia de democracia para um comunista é a popular, a ausência de classes e de luta entre elas, através da socialização dos meios de produção e a criação de uma estrutura burocrática no Estado que controle tal processo. Foi e continua a ser. Daí ao totalitarismo comunista o passo é mais curto que a perna e conduziu ao embalsamento de Lenine e à glorificação de Estaline, o "pai dos povos".

Salazar não tinha só inimigos entre os visados pela mistificadora histórica em causa. Tinha também adversários, conceito que não é conhecido entre os comunistas porque a divisão é sempre a preto e branco entre nós e eles, o povo e os burgueses, os ricos e os pobres.

Salazar tinha o apoio da esmagadora maioria do povo português porque o povo português não era parvo e sabia o valor de Salazar que era um filho do povo que nunca se tornou naquilo em qu os comunistas que dominam o aparelho do poder se tornam: déspotas sem freio de espécie alguma, a não ser cair na desgraça do partido e perder os privilégios que não são extensíveis ao povo. Perderem o direito a casas melhores, a carros melhores, a bens de consumo melhores, a datchas para férias melhores, etc etc etc, numa série de verdades históricas sempre omitidas por estes mistificadores. O povo comunista foi o povo mais oprimido da História, mais que em qualquer fascismo real, o italiano ou o nazi. E essa verdade é tão nua e crua que os comunistas não a engolem e ninguém lha faz engolir, porque o número de idiotas úteis em Portugal não tem conta.

Os povos do Leste fartaram-se desta ideologia que por cá continua vicejante e a dominar os media nacionais, através dos idiotas úteis como este entrevistador.

E quem assim não pense, como essa gente pensa,  é...reaccionário. "Cada vez mais"...  

Questuber! Mais um escândalo!