O jornalista Ferreira Fernandes é o director do Diário de Notícias desde há umas semanas a esta parte e tenho andado distraído, sem notar qualquer mudança no jornal.
O jornalista João Miguel Tavares é cronista no Público, última página às terças,quintas e sábados que espreito sempre que posso.
Na passada quinta-feira deu conta que Ferreira Fernandes era director do jornal que em tempos idos de há dois anos julgara não ter estaleca para dirigir e apontou-lhe a incoerência.
De caminho lembrou ao novel director que o DN nunca se ocupou em editorial do caso Sócrates, particularmente quando toda a gente mediática o fez, na altura da acusação pública. E, fatal, lembrou uma escuta vinda a lume em que o visado nessa acusação, que não era dono de qualquer editora ou grupo de imprensa, vivia em dificuldades financeiras desde sempre e só tinha uma conta vazia na CGD, alvitrara o seu nome para director do vetusto jornal. Era a época em que o mesmo vivia em Paris, à grande, com dinheiro emprestado pela CGD e principalmente dinheiro disponibilizado da conta de um amigo, na Suíça ainda do segredo bancário, sem contas para fazer. Em conversa com um fidelíssimo director de outro jornal, o Camões do J.N. que também logrou colocar nesse lugar sugeriu estranhamente o nome de Ferreira Fernandes, aparentemente na santa ignorância do dito . Isto, JMT não escreveu mas subentendeu e disse agora que quem manda no DN é Proença de Carvalho que fora advogado de Sócrates e mais coisas que se vão sabendo às pinguinhas e Ferreira Fernandes, pessoa que vê, ouve e lê, naturalmente não ignora.
Ferreira Fernandes, no entanto, acusou o toque porque quem não se sente...bla bla. Ontem, lá postou um editorial sinalagmático, ou seja, em troco daquele escrito.
Acusou em poucas linhas o colega jornalista de pactuar com badalhoquices como a exibida nas tv´s por causa dos interrogatórios do "fundo de comércio" do colega. De substancial, sobre o seu fundo de comércio, que era o mais interessante, disse nada aos costumes. E escreveu uma badalhoquice das grandes: sobre Sócrates só sabe que nada sabe; e se vier a saber é pelos tribunais e isso lhe basta. E quem escrever mais que isso e mostrar vídeos e conversas gravadas é badalhoco. Triste sina para um repórter que foi do Tal&Qual, um dos jornais que foi esteio do sensacionalismo mais básico na sociedade portuguesa de há trinta anos. Ainda nem existia o Correio da Manhã, imagine-se!
Com ares de polémica dos pobrezinhos, JMT respondeu hoje, assim e põe-lhe o dedo na ferida aberta:Ferreira Fernandes emparceira com os que apontam as badalhoquices e esquecem a esterqueira de onde elas saíram...mas é compreensível. As pessoas têm que ganhar a vida. Escusavam era de acusar outros de badalhoquices argueirosas quando a trave da esterqueira lhes atravanca o passo no próprio local de trabalho.
Sobre Ferreira Fernandes devo dizer que conheço o que o mesmo escreve há mais de trinta anos. No Tal&Qual, precisamente, dirigido então por José Rocha Vieira e com alguns avatares de Ferreira Fernandes e vice-versa: Hernâni Santos, Ferreira Pinto e Jorge Morais. O que cada um então escrevia poderia ser escrito por cada qual. Tal e qual.
Em 15 de Março de 1985 o assunto era o cónego Melo e no interior, em duas páginas centrais sobrava uma certeza jornalística que hoje Ferreira Ferrnandes apodaria de grande badalhoquice: o cónego era responsável por tudo o que se passara no anti-prec de 75 e depois. Sem defesa explícita embora fosse ouvido pelo "repórter" não identificado ( era o "repórter T&Q" e era tudo o que se sabia da autoria do artigo) é uma daquelas reportagens em que os ditos do visado se viram contra o próprio por artes mágicas do bandalhoco que as escreveu.
Depois disto voltei a ler Ferreira Fernandes na Sábado. Um dia de Novembro de 2006 deparo com isto e com uma referência a outra badalhoquice, citada explicitamente pelo cronista.
Ora esta publicação oportuna servirá para lembrar a Ferreira Fernandes, pessoa que considero como um muito bom cronista e que gosto de ler porque aprimorou verbos e adjectivos nos últimos trinta anos, aquilo que escrevera nessa crónica: o DN tem um acervo arquivístico de grande importância histórica. Talvez seja tempo de alguém se lembrar, e estou a lembrar-me de Ferreira Fernandes, como directo, de o recuperar e gastar pelo menos uma página diário com essa recuperação.Seria um grande serviço ao público leitor que é pouco mas poderia aumentar, quem sabe...
Sobre a badalhoquice da SIC e da CMTV o melhor que recomendo será uns sais de fruto. E a leitura desta notícia sobre Ana Gomes, de hoje que passo a seguir.
Talvez Ferreira Fernandes sugira aos seus repórteres uma entrevista extensa com a mesma sobre o estranho caso de um PS corrupto.
Julgo que não será badalhoquice alguma e todos ficaríamos a ganhar. Outra sugestão era a de uma entrevista ao patrão actual do DN: habituado a servir senhores de vária espécie e proveniência, deveria explicar quem são os actuais senhores do DN. Os reais, sem badalhoquices à mistura.
Se o fizesse, seria o primeiro a dizer em alta voz: Ferreira Fernandes é um grande senhor do jornalismo português. Até lá...
Sapo:
A eurodeputada socialista Ana Gomes defendeu, este sábado, que “o PS não pode continuar a esconder a cabeça na carapaça da tartaruga”. E indicou que o próximo congresso do partido “é a oportunidade para escalpelizar” como é que o PS “se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos”, afirmou, numa publicação feita na rede social Twitter.
Em declarações ao Diário de Notícias, Ana Gomes confirmou que a mensagem que publicou deve, “obviamente”, ser vista “à luz das revelações” das reportagens da SIC sobre o ex-primeiro-ministro socialista, José Sócrates, acusado de corrupção no âmbito da operação Marquês e, também, pelas suspeitas de corrupção que recaem sobre o ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, agora investigado no “caso EDP”.
Ao jornal, Ana Gomes disse que “não há dúvida nenhuma de que o PS se tornou instrumento de vários indivíduos corruptos e com uma agenda de enriquecimento pessoal”. Sobre o caso de Manuel Pinho, a eurodeputada disse ainda, citada pelo DN, que nunca teve “dúvidas nenhumas”. “Não sabia nada, mas cheirou-me mal tudo aquilo”, referiu, apontando para eventuais ligações entre o ex-governante e o BES.