sexta-feira, abril 06, 2018

A politização da justiça pela bempensância nacional

Editorial de Manuel Carvalho no Público de hoje:


O antigo presidente Lula foi acusado, julgado e condenado até à última instância possível. Viu agravada a pena inicial, com uma decisão que transitou em julgado, ou seja, tornou-se passível de execução por não haver mais recursos. O último é o de habeas corpus que não tem a ver com a essência dos factos por que foi condenado, mas apenas em circunstâncias inventadas a preceito para escapar ao inescapável. Perdeu outra vez e não há mais recursos, nem sequer de habeas corpus. A execução da prisão é exigível porque o exemplo de impunidade neste caso concreto poderia tornar-se perigoso até para a imagem da justiça.

Para evitar o inevitável lembrou-se então o condenado Lula de apelar ao sentido de justiça dos cidadãos que o elegeram e que é a Esquerda em geral, no Brasil. Transformou a sua condenação num caso político, de perseguição política, englobando nesse estratagema toda a magistratura brasileira que o condenou. O partido que o elegeu seguiu a estratégia e nem quer saber da separação de poderes para nada.

A partir daí os papagaios da Esquerda portuguesa nada mais fizeram do que escrever como escreve Manuel Carvalho ou um venturoso professor Boaventura. O PCP até acha esta situação um dos maiores escândalos da democracia, como se a democracia do Brasil fosse a democracia que defendem se pudessem ter o poder político.

A questão de Lula passou a ser assim uma questão de política em que a ideologia tem que meter colherada. Já não interessa o que Lula fez ou não fez; não interessa por que foi condenado ou até se as decisões dos tribunais deverão respeitar-se na tal democracia que defendem.

Agora trata-se apenas de lutar por uma causa política que tem Lula no epicentro: as eleições presidenciais no Brasil que se apresentam auspiciosas para a Esquerda se Lula concorrer e segundo as sondagens. Tudo o resto, para esta Esquerda onde se inclui lamentavelmente Manuel Carvalho,  é folclore.
O desplante, à falta de argumentos é a agitação do espantalho do totalitarismo. Uma "justiça totalitária" é a expressão utilizada que nada mais é do que um disparate do desespero de causa.

Esta Esquerda não hesita um momento sequer em usar o argumento mais ignominioso para levar uma água suja a um moinho de vento e para tal não se coíbem um segundo sequer em utilizar a politização da justiça como instrumento de luta válida nesta confusão de conceitos.

Estas mesmas pessoas farão exactamente o mesmo em Portugal no caso de José Sócrates ser condenado e na altura se apresentar como o melhor candidato de uma Esquerda para alcançar o poder político.
Que fique bem claro: esta gente não é democrata coisa nenhuma porque acreditam mais no dito antigo de que os fins justificam os meios. Desde que não sejam apanhados com a boca na botija...

Aliás, há mais gente dessa Esquerda alargada a pensar que o caso é político e nada tem de judicial, apesar das condenações nesse sentido.

 A dupla Pacheco&Coelho, da Quadratura do Círculo Conforme é assim que pensa porque é assim a bempensância.

O Coelho, empresário queijeiro com as massas que amealhou na Mota-Engil ( pressupõe-se...) é o que é e todos percebem o que é. O Pacheco é também o mesmo de sempre: um democrata de ocasião.

Questuber! Mais um escândalo!