sexta-feira, setembro 14, 2012

Histórias do PREC e da Esquerda portuguesa

Nestas sete páginas da revista Vida Mundial de 7.8.1975 retrata-se a paisagem política da época, particularmente de toda a Esquerda portuguesa, hegemónica na sociedade portuguesa por obra e graça dos media. Tal como hoje, aliás.
Na ocasião, discutia-se o que era o "poder popular" e a revista convidou pessoas do MES, LUAR, PRP-BR e PS. A extrema-esquerda ( que o PCP apelidava de doentes infantis do comunismo) e também o PS, representado pelo mação António Reis. O PCP não compareceu. Devia andar muito ocupado, em Agosto de 1975, a defender sedes por esse país fora...como em Ponte de Lima, por exemplo.

É elucidativo ler algumas passagens do debate, particularmente aquelas que António Reis define a posição do PS perante o poder popular. António Reis prefere a expressão poder democrático dos trabalhadores".

Quanto ao modelo de sociedade, estavam todos de acordo: abaixo o capitalismo!
António Reis entendia que "o poder democrático dos trabalhadores é conquistado por duas vias convergentes: a via da apropriação dos órgãos centrais desse aparelho de Estado e a via da constituição de órgãos de poder de base, no respeito pelas condições de legalidade que há pouco evoquei e que, no caso deste país, longe de serem instrumentalizáveis pela classe burguesa podem levar antes, como provam as eleições de 25 de Abril. à dominação das classes trabalhadoras, maioria do País."

Não havia equívocos entes todos: quem mandava no país, em 1975 eram os trabalhadores.
Dali a dois anos, quem mandava era o antecessor da troika actual. O FMI, porque estávamos completamente falidos, por obra e graça destes pândegos da Esquerda, onde então se incluía o PS.
Tal como hoje, a ala esquerda do partido, com os inenarráveis Ana Gomes e Ferro Rodrigues e mais uns tantos, irão dar cabo do país, ainda mais do que já o fizeram- se os deixarem, claro está.
A retórica é a mesma. Os chavões mudaram apenas de consonância mas querem dizer o mesmo e as referências políticas continuam a ser as mesmas.
A Esquerda portuguesa nada esqueceu e nada aprendeu.
No entanto, alguns dos seus próceres orientaram muito bem a vidinha durante estas últimas décadas.  São todos, mas mesmo todos, dependentes do orçamento do Estado, directa ou indirectamente ( há advogados, como Galvão Telles, do MES, que se orientam muito bem nesses labirintos de saudades) e não há quem ganhe menos que salário de ministro. Pelo menos...
São uma espécie de aristocracia  socialista que arranja sempre poiso e tacho a condizer.
Segundo circula por aí em mensagem electrónica, alguns deles,  do MES, são os encarregados actuais de mexerem em dinheiro a sério que ainda chega da UE, para investimentos keyneseanos. Têm experiência à farta e sabem como afundar um país.Outros viraram a casaqueta e passaram a trabalhar por conta dos antigos capitalistas. Que o diga um Jorge Coelho, de uma UDP. Ou Augusto Mateus de um MES.

6 comentários:

Floribundus disse...

do seminarista reis e de outros sacristas do ps dizia um Prof meu conhecido (de grande valor intelectual e moral)
'nada pior que um ex-qualquer coisa'

o intelectual brasileiro ao referir-se *a comunicação socialista
«estamos submetidos a uma nova 'idade media'»

«morreu o bicho, ficou a peçonha»

lusitânea disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lusitânea disse...

Mas agora os trabalhadores numa de todos iguais, todos diferentes devem misturar-se com a pretalhada importada e subsidiada.O colonialismo acabou.Para poderem ter um capataz preto!Evoluíram portanto de capataz para pau mandado...Claro que os trabalhadores agora podem apanhar no cu com ou sem casamento.E com um preto!Uma felicidade socialista internacionalista muito liberal...

Lura do Grilo disse...

"Devia andar muito ocupado, em Agosto de 1975, a defender sedes por esse país fora...como em Ponte de Lima, por exemplo." ... e em Viseu. O meu sogro estava lá e os comunas deram tiros a quem entrou no prédio. Vieram os militares, de marcha traseira e G3 em punho cheios de ameaças, e fizeram a "evacuação"

Floribundus disse...

O Buraco
13 Setembro, 2012 – 21:49
Número de Cidadãos em Portugal: 10 555 853 (INE)
Número de Trabalhadores no Activo: 4 837 000 (Pordata, INE)
Dívida Pública Portuguesa (2004) (M€) 90 739 (IGCP, Pordata)
Dívida Pública Portuguesa (2011) (M€) 174 891 (IGCP, Pordata)
Obrigações do Estado com PPP 2012-2050, VAL (M€) 26 004 DGTC
Dívida do Estado com PPP (M€) 200 895
Defice Público Português 2008/2010 (M€) -23 354 INE–MFAP, PORDATA
Quanto devia o estado por cada português em 2004 (€) 8 596
Quanto devia o estado por cada português em 2011 (€) 16 568
Quanto devia o estado por cada português em 2011, incluindo PPPs (€) 19 032
Quanto devia o estado por cada português trablhador em 2004 (€) 18 759
Quanto devia cada o estado por cada português trablhador em 2011 (€) 36 157
Quanto aumentou a dívida pública por português durante a gestão Sócrates? 93%
Quanto? 93%
Tchii! Tudo isso? Uma desgraça
Quanto deve o estado por cada trabalhador português em 2011, incluindo PPP: 41 533
Quanto foi o défice dos governo entre 2008/2010, por trabalhador: (€) -4 828
Quanto foi o défice mensal do estado só no ano de 2009, por trabalhador, por mês? (€) 295
Quanto gastou o governo português em 2010? (M€) 88 502 Fonte (OE, INE)
Quanto gastou o governo português em 2010 por trabalhador, por mês? (€) 1 525
Qual é o salário antes de impostos de um trabalhador português? (€ mensais) 1 077 Fonte: GEP/MTSS , PORDATA
Qual foi o PIB português em 2011? (M€) 171 016
Que dívida representa 60% do PIB? (M€) 102 610
Qual o aumento da dívida esperado para 2012 a 2014? (M€) 20 522
Admitindo crescimento 0, quanto temos que pagar de dívida pública para atingir 60% do PIB? (M€) 118 807
Para pagarmos isto em 20 anos, quanto temos que pagar por ano? (M€) 5 940
Admitindo que não se mexe mais nos impostos, quanto tem que cortar a despesa? (M€) 14 491
Quanto? 14 491
Quanto é a despesa do estado, excluindo Saúde, Educação e Segurança Social? 10 291 OE, Pordata
Estamos metidos num grande buraco, não estamos? Estamos.
Por jcd in Blasfémias

David R. Oliveira disse...

Excelentes, estes comprimidos de Memofante. Pela minha parte os meus agradecimentos.

A obscenidade do jornalismo televisivo