terça-feira, setembro 25, 2012

Uma crónica antiga sobre um conselheiro de Estado que quer ser presidente da Câmara do Porto


 D.N.Na semana passada dei por mim a suspirar: "Meu Deus, como seria bom eu ter o sr. Carlos Saraiva como amigo." Quando se tem gente do peito como esta, a vida torna-se mais suportável e passamos a acreditar que ainda há esperança para a humanidade. Como? O caro leitor está a perguntar quem é o sr. Carlos Saraiva? Ó caro leitor, que desatento tem andado - nomes com este arcaboiço convém fixar, porque não cruzam as notícias todos os dias. Pois bem: o sr. Carlos Saraiva é o amigo do sr. Luís Filipe Menezes. Um daqueles amigos como já não se fazem, que lhe emprestou um avião a jacto para andar a viajar nos Açores de ilha em ilha, por pura, simples, cristalina, impoluta e desinteressada amizade. Um homem quase santo, diria eu, já com os dedinhos do pé direito a pisarem a parte debaixo do altar.
A história, que poderia muito bem ser uma passagem da Bíblia, é esta: o sr. Luís Filipe Menezes estava a precisar de ir pregar a sua palavra pelos Açores e angariar almas, por causa das eleições no PSD. Vai daí, o sr. Carlos Saraiva terá dito: "é boa, vê lá tu que eu também estava a precisar de ir lá em negócios. Não queres que te dê boleia no meu avião?" O sr. Luís Filipe Menezes, rendido à amizade, aceitou de imediato, até porque, segundo disse à imprensa, não tem "nada para dar em troca". Mas pensam que o sr. Carlos Saraiva se ficou por aqui? Nada disso. Ninguém consegue estancar um coração que bomba bondade . Entretanto, a filha do sr. Carlos Saraiva ficou doente, e ele podia ter largado tudo para a auxiliar - mas não deixou pendurado o seu amigo. No meio das noites passadas à cabeceira da filha, o sr. Carlos Saraiva ainda teve forças para dizer: "Menezes, amigo, toma as chaves do meu avião e leva-o tu para os Açores, que eu pago o piloto e o combustível. São só 150 contos à hora." Diga-me quem souber onde é que se encontram homens destes? E mais acrescentou: se amanhã um amigo seu precisar, ele terá todo o prazer em confortá-lo com o seu jacto particular.
É verdade que algumas más línguas vieram para os jornais insinuar que o sr. Carlos Saraiva, dono do grupo hoteleiro CS (CS de Casa Santa, suponho), tinha interesses em Gaia, só porque quer lá construir um condomínio e um hotel no valor de 55 milhões de euros. Mas não é nada assim. Como o sr. Luís Filipe Menezes explicou, não há nenhum pedido de licenciamento na câmara. O que há é um pedido de autorização no Ippar, que ainda não foi despachado. E só depois é que o pedido de licenciamento chega à câmara. Estão a ver? É que faz toda a diferença. Raio de País este, que vê tanta maldade na boca de gente tão boa.

6 comentários:

Floribundus disse...

como diria o falecido Tareco «rabo escondido com menezes de fora».

'tudo pelo polvo. para o polvo, nada contra o polvo'.
a pior humilhação que a natureza fez ao octopus foi deixá-lo apenas com 8 tentáculos

carlos disse...

Certamente por essa e por outras, essa coisa do grupo CS foi ao charco. Completamente.

Bic Laranja disse...

Se foi ao charco só vejo uma razão: o Meneses é tão incompetente como isso...
Cumpts.

lusitânea disse...

Os portuenses que se cuidem...

Kaiser Soze disse...

Sou portuense e tenho muito medo...

Unknown disse...

Caro José:

Uma palavra apenas para este seu texto: GE-NI-AL!

O Público activista e relapso