quarta-feira, setembro 19, 2012

A Esquerda que não temos

Em França, a revista Marianne desta semana publica este editorial da autoria de Jacques Julliard. Este intelectual francês tem sido o que melhor explica o mundo moderno na sociedade francesa e as suas contradições.

Neste artigo enuncia os valores vencedores - os do individualismo burguês- com a derrota dos demais- moral e cultura católicas, moral e cultura da aristocracia e cultura do socialismo operário.
Em França, a vitória de Hollande, socialista a fazer de conta, ainda provoca reacções dos lídimos representantes daquele individualismo burguês que se mostra pelo único valor que conhece- o do dinheiro.
O mais rico de França, porventura um dos maiores do mundo em riqueza vai deixar o país em protesto contra as medidas a favor de valores que não são exclusivamente os dele, nomeadamente o do dinheiro. A contradição é clara para Julliard: " é pela extensão da prosperidade material que agora julgamos os homens de Estado. Longe de nos libertarmos da tirania económica, o enriquecimento global tornou-a ainda mais poderosa. E como o socialismo enquanto modo de produção parece ter definitivamente perdido  a partida, a nossa sorte está ligada, queiramo-lo ou não, à dos nossos empresários."

Este discurso, ninguém, talvez com excepção de um Amado do PS, detestado nas fileiras jacobinas e esquerdinas fossilizadas, o compreende e muito menos aceita.
É essa a nossa desgraça.
Evidentemente, em França ainda há alguns milionários com fortunas ganhas no comércio e indústria e que podem exilar-se com esse pretexto.
 Aqui, em Portugal, há dois ou três, todos com fortunas ganhas no comércio. Antes de 25 de Abril havia dezenas e uma mão cheia de milionários a sério. O PCP, em 11.3.1975 acabou com eles. Por causa disso e por inépcia da Esquerda portuguesa, o país esteve duas vezes à beira da bancarrota e agora é a terceira. Sempre por causa dos mesmos, porque as mesmas causas, nas mesmas circunstâncias, tendem a produzir os mesmos efeitos.
Quem não tem dinheiro e não produz para o ter, tem que pedir emprestado se o quiser ter. Para o socialismo português tal nunca foi óbice de maior. Estupidez?
Sim e ainda mais: princípios políticos estruturais errados, perante as conjunturas.


Questuber! Mais um escândalo!