sexta-feira, setembro 28, 2012

Os novos analistas: por exemplo, João Rendeiro

Por exemplo, João Rendeiro ( sim, o do BPP). É o que a internet tem de interessante, porque não limita a liberdade de expressão, como o fazem objectivamente os media do senhor Balsemão e os do senhor da Olivedesportos e outros como o jornal do senhor Belmiro ou os do senhor Paulo Fernandes:

Tive a oportunidade de ouvir António Borges na sua conferência desta semana no American Club em Lisboa. Foi um ato muito instrutivo pelas ausências dos notáveis – com honrosas exceções – e umas presenças significativas geralmente compreensivas com as teses do orador.
António pediu Chatam House rules e não as quebrarei mas, não obstante, alguns comentários são possíveis.
Desde logo cumpre dizer que António – concorde-se ou não com as ideias – foi brilhante no exercício mental. É sem dúvida uma das pessoas mais bem preparadas da sua geração. Geração que tem outras mentes igualmente brilhantes como Jorge Braga de Macedo, Diogo Lucena, Miguel Beleza e tantos outros. Geração, no entanto, que não colocou de facto os seus melhores nas posições cimeiras de mando em Portugal, ou se colocou rapidamente se viu livre deles por os não controlar.
Lembro-me a este propósito de um artigo, que já tem anos, de Maria João Avilez no Expresso sobre o insucesso dos brilhantes jovens da NOVA ESPERANÇA em conquistar o poder em Portugal. Penso que a questão é similar.
Porque é que os melhores de cada geração em Portugal não atingem os lugares mais cimeiros? Ou se os atingem é enquanto lídimos representantes de interesses económicos solidamente instalados?
Quem pensar que estou a derivar e isto nada tem a ver com a TSU está completamente enganado. Vejamos .
O paradigma sociopolítico vigente no Salazarismo foi a imbricação dos interesses privados com o Estado. O Estado protegia os lucros privados, arbitrava os seus conflitos e assegurava a paz social com um misto de Estado Social e repressão. A revolução do 25 de Abril acentuou estas tendências com as nacionalizações deslocando o papel do Estado de árbitro dos interesses privados para tutelador desses interesses.
A evolução do novo regime sobretudo a partir dos anos 90 com as privatizações levou a uma importante alteração qualitativa pois o Estado passou de tutelador dos interesses privados para um Estado “capturado” por um núcleo restrito de interesses privados.
Diria mesmo mais nunca na História de Portugal houve uma concentração de poder económico tão importante como a que existe hoje. Com a ajuda de um Estado capturado um núcleo cada vez mais reduzido de interesses económicos manda de facto no país a seu bel prazer.
Estes interesses económicos que dominam a política e os aparelhos de Estado estão essencialmente entrincheirados em negócios domésticos beneficiando de rendas monopolísticas. São interesses que dependem vitalmente da evolução do mercado interno (leia-se o consumo) e dos preços arbitrados em mercados monopolísticos na Banca, na Saúde, na grande Distribuição e nos Transportes, por exemplo.

Ler o que este indivíduo que foi banqueiro, diz sobre o regime anterior a 11 de Março de 1975 torna-se interessante. E o que diz sobre o actual regime ainda mais. Prova, se estiver certo na sua análise, que o 25 de Abril de 74 foi um retrocesso grave na democracia. Sim, na democracia verdadeira que é a que permite uma maior participação dos cidadãos, todos os cidadãos, nos desígnios nacionais, mormente a criação e repartição de riqueza. O que os comunistas e esquerdistas em geral andam a apregoar há dezenas de anos são balelas que têm convencido muitos papalvos.

2 comentários:

Floribundus disse...

uma coisa são os seus interesses. outra a sua análise dos dois fascismos.

de facto nunca existiu uma tão grande concentração do poder económico, como os 'proprietários' das obras públicas-bancas, a dominar o dinheiro dos contribuintes.

o carvalho da tvi mostrou muito bem hoje quem impõe a 'informação' e a razão última dos seus interesses. podem alcunhar de 'lobi' ou 'gangue', que a porcaria é a mesma.

disse um Evangelista
«os corvos encontram sempre a carcassa»

cito sempre de cor

Floribundus disse...

para me reconfortar fui ouvir
'os vampiros'
do 'bicho cantor'

O Público activista e relapso