"Alterações ao estatuto
O Conselho Superior do Ministério Público discute amanhã, mais uma vez, as alterações ao Estatuto do Ministério Público.
Tanto quanto se sabe, o procurador-geral da República insiste em reforçar poderes. ‘Exige’ o poder de escolher os principais responsáveis do Ministério Público pela investigação... criminal e os magistrados do DCIAP, entre outras medidas reveladoras de uma inaceitável concepção autocrática e de domínio pessoal sobre o MP. As propostas são inaceitáveis. Seria bom que as sessões do CSMP em que se discute matérias desta relevância fossem públicas, para que se pudesse saber o que defende cada um dos conselheiros, magistrados ou não. Acreditamos que alguns, pela sua independência pessoal e craveira intelectual, pelo seu passado, não se deixarão condicionar.
Pinto Monteiro, com esta "exigência", presta um serviço a poderes que têm de se considerar ocultos. Sim, isso mesmo: ocultos, porque nunca explicou exactamente por que razões concretas defende o reforço de poderes da PGR e sabemos quem o defende: por exemplo, Proença de Carvalho. Poderes como o da nomeação dos responsáveis pela investigação criminal ( DIAP e DCIAP, por exemplo), são importantes para conformar o modo como se desenvolve a investigação em Portugal a pessoas que ocupam cargos políticos de relevo.
Logo, para quem não é ingénuo nem se deixa levar por tretas de "responsabilização", esta exigência ressuma demasiado a algo que coloca em crise séria o princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei.
Um princípio basilar e importantíssimo da democracia. De tão grande importância que não devia ser matéria da competência de um Conselho Superior.
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