Esta crónica do juiz-desembargador jubilado Narciso Machado foi publicada no Público no mês de Dezembro passado. Vinha na sequência de uma outra, visando pessoalmente o presidente do STJ, Noronha Nascimento. Narciso Machado, na crónica de Novembro de 2009 era particularmente violento na apreciação do papel de Noronha, enquanto vice-presidente do STJ, na altura, na eleição para o primeiro presidente do tribunal da Relação de Guimarães. As vicissitudes dessa eleição , já com oito anos em cima, continuam a merecer a atenção desses dois juizes de tribunais superiores.
Agora, em, Dezembro de 2010, aquele desembargador volta à carga contra Noronha, por causa da atitude deste, pública, em desmerecer os comentários dos media ao facto de o tribunal Europeu dos Direitos do Homem ter condenado o Estado português, devido a uma decisão do STJ, sobre liberdade de expressão. A crónica de Narciso pode ler-se aqui:
Agora, em, Dezembro de 2010, aquele desembargador volta à carga contra Noronha, por causa da atitude deste, pública, em desmerecer os comentários dos media ao facto de o tribunal Europeu dos Direitos do Homem ter condenado o Estado português, devido a uma decisão do STJ, sobre liberdade de expressão. A crónica de Narciso pode ler-se aqui:
O que dizia esse editorial, de tão gravoso e acintoso para a quarta figura institucional do Estado? Entre outras coisas, isto:
"Querem um símbolo, um expoente, um sinónimo, dos males da justiça portuguesa? É fácil: basta citar o nome da Noronha de Nascimento e tudo o que de mal se pensa sobre corporativismo, conservadorismo, atavismo, manipulação, jogos de sombras e de influências, vem-nos imediatamente à cabeça.
Onde reside, neste escrito de José Manuel Fernandes, então director do Público, o animus injuriandi, necessário a qualquer culpa mesmo cível porque a liberdade de expressão se joga nesse limiar?
Em imputações de factos? Nem por isso, a não ser a alusão a supostas "manipulação, jogos de sombras e de influências". Tal tipo de alusões, de igual modo e em concreto, mas com linguagem mais suave, foi referido na crónica de Narciso Machado de que Noronha agora se queixa, com mais de um ano em cima. Nessa crónica espelha-se um putativo processo eleitoral manipulado ab initio. Não consta que tenha havido acção cível contra Narciso...
E onde residirá mais, no escrito de JMF, o corpo de delito cível? Nas expressões que imputa ao pSTJ de que " foi tecendo uma teia de ligações, de promiscuidades, de favores e de empenhos (há um nome mais feio, mas evito-o)". E isso para quê? Diz JMF em remate: para ser califa no lugar do califa, perdão, presidente do STJ no lugar do cessante.
Serão insultos à honra pública ou privada do presidente do STJ, estas expressões? Noronha, naturalmente entende que sim. Como entenderá de igual modo escritos como este. Aqueles que entretanto vai produzindo, esses, são o exercício legítimo de uma defesa da honra em direito de resposta. Mesmo que tenham uma dimensão linguística e semântica de violência pelo menos idêntica à daquela que se queixa, Noronha, como toda a gente, não é bom juiz em causa própria.
Mas então continuemos. Como é por via eleitoral interna, que se alcança o lugar de pSTJ, é natural, corriqueiro, banal, público, conhecido e admissível que o concorrente ao lugar faça uma perninha de campanha eleitoral. Precisamente "tecendo uma teia de ligações, de promiscuidades, de favores e de empenhos", sem conotações desprimorosas nesse contexto, com vista ao desiderato final e no caso concreto alcançado: ser presidente do STJ.
Um cargo que JMF desvalorizava institucionalmente ( em 2006) mas cuja visibilidade mais assinalável foi notória nos despachos sobre as escutas do Face Oculta em que interveio o primeiro-ministro. Despachos que passaram por cima de teorias firmes sobre os conhecimentos fortuitos em processo penal, para assegurar hic et nunc que o primeiro-ministro é um santo politicamente afastado da área criminal.
Em imputações de factos? Nem por isso, a não ser a alusão a supostas "manipulação, jogos de sombras e de influências". Tal tipo de alusões, de igual modo e em concreto, mas com linguagem mais suave, foi referido na crónica de Narciso Machado de que Noronha agora se queixa, com mais de um ano em cima. Nessa crónica espelha-se um putativo processo eleitoral manipulado ab initio. Não consta que tenha havido acção cível contra Narciso...
E onde residirá mais, no escrito de JMF, o corpo de delito cível? Nas expressões que imputa ao pSTJ de que " foi tecendo uma teia de ligações, de promiscuidades, de favores e de empenhos (há um nome mais feio, mas evito-o)". E isso para quê? Diz JMF em remate: para ser califa no lugar do califa, perdão, presidente do STJ no lugar do cessante.
Serão insultos à honra pública ou privada do presidente do STJ, estas expressões? Noronha, naturalmente entende que sim. Como entenderá de igual modo escritos como este. Aqueles que entretanto vai produzindo, esses, são o exercício legítimo de uma defesa da honra em direito de resposta. Mesmo que tenham uma dimensão linguística e semântica de violência pelo menos idêntica à daquela que se queixa, Noronha, como toda a gente, não é bom juiz em causa própria.
Mas então continuemos. Como é por via eleitoral interna, que se alcança o lugar de pSTJ, é natural, corriqueiro, banal, público, conhecido e admissível que o concorrente ao lugar faça uma perninha de campanha eleitoral. Precisamente "tecendo uma teia de ligações, de promiscuidades, de favores e de empenhos", sem conotações desprimorosas nesse contexto, com vista ao desiderato final e no caso concreto alcançado: ser presidente do STJ.
Um cargo que JMF desvalorizava institucionalmente ( em 2006) mas cuja visibilidade mais assinalável foi notória nos despachos sobre as escutas do Face Oculta em que interveio o primeiro-ministro. Despachos que passaram por cima de teorias firmes sobre os conhecimentos fortuitos em processo penal, para assegurar hic et nunc que o primeiro-ministro é um santo politicamente afastado da área criminal.
Ficou por aqui o papel público de Noronha Nascimento, sobre a política caseira? Não. Como já se deu conta por aqui, o presidente do STJ, em 2009, em plena época eleitoral ( no país e no STJ) " imputou à Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) uma interferência a nível político-partidário, com o objectivo de condicionar as eleições legislativas, através da declaração pública sobre a decisão do CSM suspender a classificação de serviço do juiz Rui Teixeira, até que esteja decidido a acção cível relativa à indemnização pedida ao Estado por um político do PS.
Na resposta a Noronha Nascimento, António Martins, presidente da ASJP , afirmou a falsidade dessas imputações de Noronha Nascimento e devolveu ao mesmo a acusação de não saber estar à altura do cargo que ocupa ( frase divulgada ontem , nestes termos, pelo sapo -notícias e que afinal é falsa, segundo a própria fonte, citada aqui) .
Na resposta a Noronha Nascimento, António Martins, presidente da ASJP , afirmou a falsidade dessas imputações de Noronha Nascimento e devolveu ao mesmo a acusação de não saber estar à altura do cargo que ocupa ( frase divulgada ontem , nestes termos, pelo sapo -notícias e que afinal é falsa, segundo a própria fonte, citada aqui) .
Depois destes factos e circunstâncias, entender o actual presidente do STJ é seguramente mais fácil, a meu ver. E o tribunal que tiver que decidir a acção cível de 150 mil euros, deve apenas fazer uma coisa no meu modesto entender: condenar o peticionante em litigância de...fait-divers.
A honra e a consideração são outra coisa.
E há ainda outra perspectiva. O presidente do STJ é, assumidamente pelo próprio, a quarta figura institucional do Estado. As demais são o presidente da República, o presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro.
Tomemos cada uma dessas figuras em particular e em concreto e indaguemos aleatoriamente no Google, por expressões desprimorosas que os atingem na honra e consideração.
Melhor ainda: atinjamos com aquelas expressões cada uma daquelas figuras, escritas em editorial do Público.
Alguma delas, no seu perfeito juízo institucional, seria capaz de accionar civilmente o autor das mesmas, por ofensa à honra e consideração pedindo uma indemnização de 150 mil euros, sabendo perfeitamente que nenhuma tribunal a concederia nesse montante ( o que o presidente do STJ sabe ainda melhor e daí a tal litigância...)?
Não seria, porque lhes cairia em cima o Carmo e a Trindade da opinião pública.
Então porque não caiu o céu em cima da cabeça de Noronha Nascimento? Provavelmente porque vivemos num país de banda desenhada, com a agravante de não termos nenhuma Astérix. Só bardos .