A revista Flama ( dirigida por António dos Reis e com Edite Soeiro na redacção que depois passou para O Jornal, de Esquerda) de 28 de Junho de 1974, escasso mês depois do 25 de Abril publicava uma reportagem extensa sobre o nosso estado social. A nossa pobreza aparecia evidenciada em números e imagens de barracas junto ao viaduto Duarte Pacheco. Não eram segredo para ninguém, nem sequer VPV, que vivia em Lisboa. Toda a gente as via. Ainda existem muitas, depois de 37 anos de democracia. Agora, naquele sítio ou perto estão as "Amoreiras" e o centro comercial, ícone da modernidade portuguesa e do nosso parolismo também. A Áustria não tem nada daquilo, porque como se sabe , é um país pobre. Portugal, em final dos anos oitenta já tinha dinheiro para dar a um arquitecto famoso e fazer aquilo.
O nosso neo-realismo prolongou-se muito para aquém dos anos cinquenta e deu um salto quântico, no tempo dos governos de Cavaco. No gosto, quero dizer. E noutras coisas. Que mostrarei a seguir.
O rendimento das famílias portuguesas, antes de 25 de Abril de 74 não era famoso. Sei disso porque vivi esse tempo. Mas deu-me, a mim que não era propriamente "burguês" para comprar estas revistas e jornais que agora publico. O dinheiro não abundava mas a esperança de vida melhor era mais certa do que hoje.
E " as jeremíades" neo-realistas que VPV hoje replicou, não eram suficientes para iludir uma realidade: o crescimento económico era imenso. E rápido. E hoje não é.
O nosso neo-realismo prolongou-se muito para aquém dos anos cinquenta e deu um salto quântico, no tempo dos governos de Cavaco. No gosto, quero dizer. E noutras coisas. Que mostrarei a seguir.
O rendimento das famílias portuguesas, antes de 25 de Abril de 74 não era famoso. Sei disso porque vivi esse tempo. Mas deu-me, a mim que não era propriamente "burguês" para comprar estas revistas e jornais que agora publico. O dinheiro não abundava mas a esperança de vida melhor era mais certa do que hoje.
E " as jeremíades" neo-realistas que VPV hoje replicou, não eram suficientes para iludir uma realidade: o crescimento económico era imenso. E rápido. E hoje não é.
Na mesma revista Flama, dois anúncios são sinal inequívoco de modernidade que viria depois a tornar-se ambiental na sociedade portuguesa. Um anúncio a um "ambientador", um perfume de sala. E o de um cartão bancário. E não foi, nenhum deles, obra da mudança política do 25 de Abril. Foram ambos sinal de evolução económica que se adivinhava sólida e coerente. O que hoje não existe.
Sobre a "horripilante tv de Salazar/Caetano" também Vasco Pulido Valente não foi muito feliz na apreciação neo-realista.
A tv de Caetano, em 1974, era esta que aqui se deixa, em imagem tirada da mesma revista.
Como se pode ver, a programação era muitíssimo mais interessante do que hoje. Eu sei porque via e VPV se tiver memória há-de perceber que se enganou. A tv de hoje é que é horripilante. E nem sequer no aspecto da programação de entretenimento. Refiro exactamente a informação. Como disse o PR na revelação da Wikileaks, em Portugal a informação é "muito suave". E sabe VPV porquê? Vou dizer: por causa da Censura que existe.
Não há Comissão de Exame Prévio como havia dantes. Mas há o comité de censura interna em cada jornalista que dirige a informação.
Antes de 25 de Abril, as notícias eram filtradas e não se dava notícia de tudo. Hoje é exactamente a mesma coisa.
A RTP passou alguma notícia sobre a absolvição do Estado no caso Paulo P. por causa do Casa Pia?
Então...
5 comentários:
Não é exactamente a mesma coisa. Eu vivo bem com as regras, sempre vivi. Principalmente as que conheço.
O que se vive hoje é completamente diferente. Um estado que deixou de ser pessoa de bem. Deixou de ser de confiança. As regras mudam constantemente. Qualquer cidadão tem de desconfiar deste estado.
Mais as regras não escritas, como essa censura da informação. Que está com contornos graves. -- JRF
Essa coisa de que fala é a Honra. A Decência. O sentido de Estado.
Tudo coisas que este Inenarrável não compreende nem sequer vislumbra.
Não aprendeu nunca nem aprenderá tal coisa.
E os apaniguados que aprenderam sabem muito bem disso, mas como dizia a outra, a "ética não dá de comer". Ou seja, viver bem.
Julgo que sim... eu tenho esses valores como algo mais pessoal. Ou seja, se os homens de estado tivessem honra, fossem decentes e com sentido de estado, suponho que o estado tinha honra.
Hoje, chegou-se ao ponto de nem se saber como estão as contas públicas. A pouca vergonha é completa. Depois temos um António Barreto a pedir auditorias...
Auditoria é diariamente. Para isso existe assembleia, tribunal de contas (outro verbo de encher), diário da república... Agora, se o governo é no sentido de ludibriar todas as instituições de controle e de ludibriar os portugueses, é preciso pedir auditorias. Peçam à Fitch ou S&P, para o zé pagode se rir um bocadinho. -- JRF
Excelente- nada como recordar com fontes.
Disto é que não se lembram os nossos "jornalistas para inglês ver".
Já poucos recordam,mas está aqui outro exemplo de lierdade de imprensa.
http://tv.rtp.pt/play/?tvprog=23294&idpod=21666#/?tvprog%3D24807%26idpod%3D31562%26fbtitle%3DRTP%20Play%20-%20CLUBE%20DE%20JORNALISTAS%26fbimg%3Dhttp%3A%2F%2Fimg.rtp.pt%2Fmultimedia%2Fscreenshots%2Fclubejorn%2Fclubejorn_20091104.jpg%26fburl%3Dhttp%3A%2F%2Fwww.rtp.pt%2Fplay%2F%3Ftvprog%3D24807%26idpod%3D31562
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