segunda-feira, março 21, 2011

À rasca de ideias. Que fazer?

Estamos à rasca, principalmente de ideias. O Público de hoje traz uma entrevista, em meia dúzia de perguntas, com o filósofo José Gil que diz muito simplesmente que não sabe o que fazer. Diz que “está expectante” e que a informação que temos sobre a crise não é suficiente. Nem sequer sabe dizer o que pode significar em termos concretos a “ajuda europeia”.
José Gil é um dos filósofos do tempo que passamos. Outro, poderia ser Eduardo Lourenço, emigrado em Vence e que amanda de vez em quando umas “bolas para o pinhal”, em modo de artigos de fundo na revista Visão.
Desde os anos setenta que o faz regularmente e sempre com o sentido da oportunidade perdida á esquerda.
José Gil ensinou filosofia em Portugal na Universidade Nova e em França e foi aluno de Giles Deleuze, um homem de ideias modernas e com interesse no cinema como linguagem.

Que podem estas pessoas dizer sobre um país, um sistema económico,um regime político ou até um partido?
Pouco ou nada de especial. Há filósofos à esquerda como Eduardo Lourenço, para quem o comunismo nunca assustou por aí além porque seriam magníficos compagnons de route se tal tivesse sido o percurso político do país.
Teriam sido opositores da ditadura comunista? Tanto quanto o foram das ditaduras que então havia, na Europa de Leste. Não lembro de terem feito o paralelo e alertarem o povo português, em 1975, para o perigo. Antes pelo contrário. A Esquerda era tudo, então. E agora?

Terá José Gil comungado dos mesmos ideiais utópicos? Provavelmente. Não o admitirá? Provavelmente.
Então que nos resta como pensadores do nosso futuro que virá, inexorável, quer queiramos quer não, porque ´”a História é um carro alegre cheio de um povo contente que atropela, indiferente, todo aquele que a negue?”

Agora não adianta muito especular sobre o que poderia ter sido feito em 2005, aquando da tomada de posse destes governos, deste Inenarrável. O primeiro economista, ministro da dita, no governo de 2005 foi Luís Campos e Cunha. Saiu porque o Inenarrável e quem o rodeava não gostavam da receita. Os banqueiros, os empresários de regime não quiseram e correram com ele, passando o recado ao Inenarrável que os seguiu à letra. Sempre. Ficaram com uma espécie de pau-mandado que já foi classificado o pior ministro das Finanças da Europa, o que não o incomodou em termos de vergonha pessoal.

Segundo disse Campos e Cunha ao jornal i de Sábado nessa altura preparou medidas que poderiam ter evitado o que sucedeu entretanto. No Público de Sexta tinha escrito um artigo notável sobre "Um país" que lhe parecia exemplar: a Espanha.
No i, quando perguntado onde se pode cortar, agora, responde que “ninguém sabe onde estão as gorduras. É preciso avaliar repartição a repartição, instituto a instituto, fundação a fundação, o que é para fechar, para reduzir”.
Ora para saber isso é preciso fazer bem o diagnóstico e a metodologia a usar é logo o primeiro problema a resolver: como e quem vai analisar?
Não obstante, outro nível de problema se coloca:

Qual a questão fundamental do nosso país na actualidade e perante esta crise que atravessamos?
Provavelmente sabermos o que fazer politicamente. José Gil não sabe. Eduardo Lourenço muito menos. Sobre um Boaventura Sousa Santos nem é bom falar porque esse sabe tudo e desde há muito.

Que nos resta? A Sedes? O Expresso desta semana diz que a associação vai reunir num ciclo de conferências ex-presidentes da República para se pronunciarem sobre a actual situação portuguesa. Apetece perguntar… para quê?» Acaso não é notório que esses são exactamente os que não sabem o que se passa ou como resolver? Para que interessa saber a opinião de um Mário S. ou de um Sampaio? Deixem-nos sossegados nas reformas que apanharam em bom tempo. Náo adiantam nada, são uns atrasos de vida e dispensamos o que pensam.

E os artigos de jornal de algumas luminárias, ajudarão?
Seguindo estes ficamos mal. Um articulista estrangeirado, Domingos Ferreira, no Público de Sábado passado, escrevia que os Governos devem implantar “programas de estímulo económico à economia”.
No outro dia, João Carlos Espada em artigo de opinião sobre Ronald Reagan fazia-lhe o panegírico por ter seguido o mais puro liberalismo, que segundo alguns nos conduziu directamente a este desastre económico-financeiro.

Parafraseando Lenine: que fazer?
A seguir vou dar conta do que alguns fizeram de há décadas a esta parte.

3 comentários:

zazie disse...

Ora cá aguardo os exemplos

lusitânea disse...

Não sabem o que fazer?Eu sei:é mandar delegações do SEF com os passaportes já prontinhos menos no nome para o Golfo.Desta vez só nacionalizam magnatas do pitrol...

Carlos disse...

Que fazer?

1. Reabilitar a honra nacional;

2. Criar um novo sistema /quadro de justiça, capaz de regular e disciplinar os deliquentes politicos e os outros;

3. Utilizar as empresas do estado, principalmente as ligadas ao sector financeiro, como reguladoras da nossa actividade económica;

4. Reeducar o povo, numa lógiga de primeiro pedagócica, segundo de advertência e terceiro punitiva (sem contemplações);

5. Criar um plano estratégico nacional e planear a produção e fabrico de tudo o que nos torna dependentes do exterior;

6. Implementar um novo conceito de defesa nacional, baseado na nossa indepência económica, cultural e de segurança interna;

7. Reactivar as nossas indústrias de excelência, articulando-as com as necessidades. Ex.:Construção naval, Metálomecânica ferroviaria, etc., etc.;

8. Retomar o ensino técnico nas escolas;

9. Repovoar o País, abrindo serviços fundamentais para a fixação de pessoas;

10. Perceber, acusar, julgar e condenar, os casos em que se prove ter havido danos para a nossa vida colectiva.

Isto, sou eu a pensar!...

C.S.

O Público activista e relapso