domingo, outubro 28, 2012

E a política também...

Em 19.10.1971, uma terça-feira, o Diário Popular publicou no seu suplemento habitual desse dia da semana intitulado Volta ao Mundo e que trazia sempre grandes motivos de interesse para o leitor, tal como uma resenha de publicações francesas chamada Jornal de Jornais escrita de Paris ( ainda não tinha chegado a onda anglo-saxónica)  por um correspondente residente, José Augusto, um artigo de Jean-François Revel, intitulado "A pior solução".  O artigo referia-se ao modelo socialista ( democrático e não democrático) de "política cultural". É ler para perceber como continua actualíssima tal discussão e como há gente que nada aprende nem esquece.
O tal suplemento desse dia trazia três páginas, com duas centrais, de um artigo extenso, traduzido da revista francesa Lectures  pour tous, sobre "Louise Michel, a `virgem vermelha` da comuna de Paris". Só se refere para dizer que o assunto não era tabu...

O artigo de Revel era habitual no jornal das terças, traduzido eventualmente da revista francesa L´Express, onde o mesmo tinha crónica.
Revel acompanhou bem o nosso PREC de 75 e em 1976 publicou um livro intitulado La Tentation Totalitaire,  a que o número de 12 de Janeiro de 1976 dedicou a quase totalidade, incluindo excertos da nossa experiência socialista e comunista de então.

Sobre a nossa performance de então, política e económica, dizia-se assim:  "ao fim de ano e meio de revolução,  a degradação da economia portuguesa caiu abaixo do nível de miséria. "
Poderia ter acrescentado "et pour cause"...

Ao fim de mais de trinta anos de experiências socialistas ainda há quem acredite nos mitos e lêndias que lhes são contados, aliás pelos mesmos de sempre e que nos conduziram até aqui.
Até se prevê que em votações futuras e próximas lhes voltem a dar o poder...



Nessa altura o diagnóstico político e económico sobre Portugal era claríssimo para quem via lá de fora e não estava comprometido com o socialismo e o comunismo: caminhávamos para a desgraça colectiva. Mesmo assim, a Constituição da República Portuguesa aprovada pouco tempo depois, reflectiria a ideia firme de que caminharíamos alegremente para esse desiderato, proclamado como o da "sociedade sem classes". E houve muita e muita gente que subscreveu tal ideia, apoiou, votou e continuou durante muitos anos a pensar que assim é que era.
Alguns nem mesmo depois de 1989 se convenceram que não era e não é. Mas ninguém lhes consegue dizer claramente e com eloquência e convicção suficientes de que os seus erros custaram bem caro a todos nós que pagamos agora a factura.
Ninguém quer assumir as contas com o passado e é por isso que quem esquece ou desconhece a História não tem futuro como deve ser. Continuaremos por isso a caminhar para a desgraça colectiva.

Questuber! Mais um escândalo!