Em Setembro de 1974, a revista Seara Nova, dirigida por Rodrigues Lapa, publicou um artigo intitulado “O episcopado e o 25 de Abril”. O artigo, com colaboração de um frade, Bento Domingues, era ilustrado com um cartoon que assimililava a hierarquia da Igreja Católica à imagem do salazarismo de triste memória, ainda recente. O texto, acompanhava e distinguia “…muitos destes bons bispos não se salientaram mais a benzer instalações de bancos e noutras quejandas cerimónias, do que na defesa das classes trabalhadores ?”

Em 28 de Setembro foi convocada para o Campo Pequeno uma manifestação daquela “maioria silenciosa” que se revia em Spínola e rejeitava o extremismo comunista.
Para a convocação, foi elaborado um cartaz, com uma imagem pouco conseguida, desenhada por Quito( Francisco Hipólito Raposo) e que foi imediatamente aproveitado, pela reacção de sinal oposto que o redesenhou e apresentou em termos totalmente desconstruidos. Em vez de “maioria silenciosa” passou a figurar “minoria tenebrosa” e a palavra de ordem “abaixo a reacção”!
É de notar que o cartaz da direita apresenta a chancela do MDP/CDE, um movimento satélite do PCP, dirigido na época por José Manuel Tengarrinha cuja figura era constante nos media de então e que depois disso se eclipsou. Nunca soube porquê...mas pode haver quem saiba.
A táctica de aproveitamento do próprio cartaz onde se apelava à manifestação da tal "maioria silenciosa" ( expressão que julgo de origem francesa e gaullista) parece típico da manobra de propaganda comunista.


Quito era um cartoonista da revista Observador cujo primeiro número saíra em Fevereiro de 1971, e poderia considerar-se o melhor símbolo jornalístico do marcelismo.