domingo, outubro 14, 2012

Sampaio, o saudosista

Expresso:
O ex-Presidente Jorge Sampaio defende que é renegociar as condições do empréstimo com a troika, mas para isso é necessário um consenso alargado.
"Já toda a gente percebeu que a austeridade rebenta com o país, com os portugueses e a sua esperança, com os direitos e até com a própria democracia", disse em entrevista à SIC Notícias.

Um dos coveiros do país, que o foi enterrando ao longo de décadas ideológicas, está de volta. Sampaio foi alvo de uma biografia da autoria de um jornalista, correlegionário ideológico, José Pedro Castanheira.

Vasco Pulido Valente recenseia assim o livro de tomo, hoje no Público:


A história de Jorge Sampaio é um resumo da nossa desgraça: em 1962 era da oposição ao regime e liderou movimentos de estudantes que contestavam o regime em nome não se sabe bem de quê, a não ser uma difusa ideia de democracia e liberdade que depois se viu no que desembocava: na ditadura da classe operária sobre a "burguesia", ou seja, num ersatz de comunismo soviético que Sampaio recusava mas encartava a fortiori porque os princípios programáticos e ideológicos não lhe concediam melhor alternativa. Não havia e nunca houve no mundo moderno, alternativa ao capitalismo que não passasse forçosamente pelo comunismo mais ou menos matizado de ditadura feroz e capadora das liberdades fundamentais.
Por isso mesmo Vasco Pulido Valente lhe assenta a chapada para Sampaio chorar as ideias feitas: uma "persistente peregrinação pela asneira e pela pura idiotia ( que durou quase vinte anos)" e que Sampaio atribui a "um efeito inócuo da imaturidade".

Pois vejamos a maturidade de Sampaio, ainda em 1978, mas já depois do Prec e contra-Prec e das lutas populares e do MES e da revolução e da esquerda e ainda da luta pela igualdade e pela abolição do sistema capitalistas e outras coisas que tais. Sampaio tinha nessa altura quase 40 anos, porque nasceu em 1939, e  tal sucedia em 1978, com a profissão de fé nas ideias antigas, já como membro actuante de uma Intervenção Socialista, a "elite da esquerda" , uma espécie de luxo do proletariado urbano e aburguesado, em contradição nos termos:



E que ideias antigas eram essas que foram sendo recicladas, afinal saldadas no mercado da idiotice, muito concorrido em Portugal nesses anos de brasas apagadas?

Sampaio e outros como Ferro Rodrigues, Alberto Martins e tutti quanti ( os 30 amigos de que fala VPV) foram-se adaptando aos tempos que corriam, ao longo dos anos. Para não perderem o comboio daquilo para que se prepararm durante a adolescência, comboio de luxo e que lhes deu sempre boleia à custa do Estado, foram abandonando paulatinamente as idiotices chapadas e passaram a soletrar apenas algumas, esparsas e em conformidade com o ar do tempo que ia passando.
O Partido Socialista, não o "autêntico" que Sampaio queria mas o sucedâneo  que os acolheu tinha aliás uma boa escola nessa matéria porque tinha engavetado o tal socialismo colectivista e sem saída democrática numa gaveta sem fundo mas às paredes da qual se agarravam algumas palavras que lhes continuaram a servir para enganar as pessoas durante estas décadas.
É esse  o grande e único trunfo destas pessoas: o logro continuado, com recurso a palavras gastas mas sempre eficazes. todas emolduradas num capuchinho vermelho: Democracia, "abre-te sésamo" da aceitabilidade social e política, mesmo para os que a negavam ideologicamente. Esta gente viveu sempre de palavras e nada mais porque a competência para outras coisas lhes faltou sempre.
 " Revolução", "socialismo", "exploração capitalista", "pobres", "igualdade", "desfavorecidos", "capitalismo selvagem", "mercados", "défice"  cuja vida peregrina foi assegurada por Sampaio como essencial à manutenção do seu status quo, até agora à palavra "troika" que tomou o lugar daquelas para se trasmudar em talismã de recusa do tal capitalismo e austeridade ( o défice era coisa de somenos e havia muita vida para além do mesmo, como agora se vê) e retoma das velhas ideias sempre presentes.
Há pessoas que na vida nada aprendem e nada esquecem. Sampaio é uma delas.É que nem as viagens que fez à nossa custa, enquanto presidente da República ( santo Deus! Como foi possível?!) lhe ensinaram fosse o que fosse porque foi presidente só mesmo por esses motivos elencados e que também levaram o outro viajante contumaz ao poleiro: pobrezinhos, democracia, igualdade, capitalismo, socialismo democrático, exploradores, amigos dos trabalhadores etc etc.

Os portugueses são uns crédulos. Les portugais sont toujours gais, como dizia a outra...

Questuber! Mais um escândalo!