quinta-feira, junho 06, 2013

A nacionalização do BPN foi gato escondido com um rabo de fora?

Na SICN, um deputado do CDS- Magalhães- e um do PCP-Bernardino- debatem vários assuntos  e um deles, fatalmente, a nacionalização do BPN.

O deputado Magalhães, jurista e o deputado Bernardino, idem aspas, discordam. O deputado Bernardino não concordou com a nacionalização. "O PCP foi o único partido que votou contra", diz fazendo jus à doutrina fossilizada em 1920.
O deputado Magalhães, alter ego do deputado Montenegro, acha e voltou a achar que foi uma boa medida a nacionalização. Por causa de um motivo que repetiu com a gravidade dos motivos ponderosos: havia risco de contágio a outros bancos. E repetiu assim pouco convicto: havia risco de contágio a outros bancos. Duas vezes, sem pestanejar muito.

Ora Magalhães é deputado há muito. Rato velho, como costumam dizer os do costume. Magalhães acreditou mesmo no "contágio"? Ou alguém lhe fez acreditar na vantagem do contágio como risco?

É que na altura havia mais gente a afastar o risco de tal contágio como efeito necessário de uma insolvência requerida e ajustada. Porque não deram ouvidos a esses peritos, tão competentes como os demais?

É uma pergunta muito difícil de responder porque as consequências da opção traduziram-se em vários milhar de milhões de euros. Pagos por todos nós.

Como é que se justifica que esses deputados, Magalhães, Montenegros e tutti quanti, com excepção dos jovens fósseis do PCP, tenham embarcado na aventura da nacionalização e não tenham ponderado devidamente o oposto, como por aqui se escreveu em tempos?

No domínio da gestão de Oliveira e Costa ( preso em casa com pulseira electrónica) o "buraco" era da ordem dos 1,8 mil milhões de euros. Actualmente, o DN estima que pode chegar aos 8,3 mil milhões.
Antes, segundo Miguel Cadilhe, a gestão de Oliveira e Costa, provocou prejuízos que teriam solução se o BdP, dirigido então por Vítor Constâncio, tivesse apoiado o plano de reestruturação. Não apoiou e contribuiu activamente para a nacionalização ocorrida em Novembro de 2008.
Segundo justificação da época essa intervenção do Estado, decidida por José Sócrates, Teixeira dos Santos e com o apoio de Vítor Constâncio, deveu-se ao perigo de "risco sistémico", ou seja ao efeito de contágio aos demais bancos, com o fantasma de um prejuízo gigantesco de 20 mil milhões de euros...
Na altura esse perigo de contágio foi assumido como um risco económico. Miguel Cadilhe é peremptório em afirmar que a decisão foi apenas política e o tal risco sistémico um pretexto para a justificar. Na altura, os economistas já sabiam que a queda do BPN não provocaria tal efeito por uma simples motivo: o banco não tinha outros bancos como credores, porque "era um banco pequeno e já era conhecido por não ser de confiança" ( Soares de Pinho). Para além disso, a sua quota de mercado era na altura de 2%. Noutros países faliram bancos que tinham quotas de mercado mais importantes e tal não acarretou qualquer colapso sistémico.


Quando vejo o deputado Magalhães a falar como falou, desconfio que há ali gato escondido com um rabo muito felpudo de fora...

Questuber! Mais um escândalo!