Marcello Caetano, escassos dois meses antes de 25 de Abril de 1974 disse tudo sobre o nosso futuro: "esperam-nos tempos difíceis".
Com o recuo do tempo histórico torna-se perfeitamente claro que quem nos tornou os tempos difíceis foi a esquerda comunista, exclusivamente. O partido comunista em primeiro lugar e a extrema-esquerda logo colada ao efeito destruidor do PREC.
Bastaria a consciência desse fenómeno para que fossem arredados de vez da vida democrática tal como arredaram os fascistas supostos e verdadeiros, à semelhança do que sucedeu nos países do Leste europeu após a queda do muro de Berlim. Porém, o mito perdura e a troika avoila, arménio e jerónimo é quem quer mandar, em modo leninista, como sempre o fizeram.
O Diário de Lisboa dirigido em 7 de Fevereiro de 1974 pelo comunista A. Ruella Ramos publicava então em primeira página com desenvolvimento interior o discurso de Marcello Caetano ao INTP.
Sobre questões laborais, corporativas e de reivindicação, vale a pena ler o que disse então Marcello Caetano. Como exemplo: " há tempos dizia-me alguém que a paralização do trabalho dos controladores do tráfego aéreo era um sinal de progresso europeu, e que o facto de no nosso país tal ser proibido demonstrava, ao contrário, o nosso atraso"...
Hoje não há proibição: há requisição civil. Estamos muito melhor, por isso.
11 comentários:
ehehehehe
Esta foi humor negro mas é uma grande verdade
José :
Por falar em Marcello, greve de controladores e requisição civil, recordo aqui um caso que demonstra como actuam os "esquerdas" quando estão no poder, passando por cima de direitos básicos que eles dizem defender.
Há dois, três anos atrás, todos ouvimos falar de uma dita "greve selvagem" dos controladores aéreos espanhóis. Porque tenho algum gosto por aviação, o assunto interessou-me, mas aquilo cheirou-me logo a esturro...tinha de haver mais qq coisa...procurei nuns blogs ligados à aviação, e segui um link para um blog dos ditos controladores. O que aconteceu? o governo de zapatero tinha aprovado uma lei que básicamente anulava o direito à greve, obrigando que em alturas de greve, os serviços mínimos tinham de ser equivalentes a 120 % do serviço dito normal (acho que é esta a terminologia), i.e., na prática, mal convocavam uma greve, a gestora dos aeroportos convocava para aqueles dias toda a gente, impedindo assim qualquer tentativa de greve, pois o número de gente presente, fazia com que o dia de greve nem se notasse. O resultado foi o que se viu: os tipos juntaram-se todos e pura e simplesmente não apareceram para trabalhar, e foi o que se viu. Como a recusa se mantinha, chutaram com tudo o que tinham: puseram-nos sob controlo militar, ameaçaram com prisão os que desobedeciam, etc...
Aqui em Portugal, e também em Espanha toda a gente comeu a desculpa "oficial" de que eles só queriam era ganhar mais uns cobre...e talvez até fosse, mas para isso, era mais honesto dizer que não podiam ter direito a fazer greve...
mas sendo socialistas, nem pensar...
é a vida, como dizia o outro...
No meio de toda a lucidez do Marcello é lamentável que não tenha sido suficiente para perceber que a mudança operaria com ele ou sem ele.
Como não quis ser o operário da mudança...
Há exemplos recentes da cegueira de dirigentes, tanto democráticos como ditadores:
Pensaria o Mubarak que o facto de um desgraçado se ter imulado nas ruas da Tunísia seria o rastilho para o mandar de saco?
Terá pensado o Dilma que o aumento de transportes seria o catalisador para todas as queixas e desordem que está a apanhar?
Pois...
Kaiser:
É exactamente isso. As coisas são sempre o que são e não o que gostaríamos que fossem.
Marcello não percebeu tal coisa e o seu maior erro foi não permitir maior abertura democrática para que as pessoas pudessem ficar vacinadas contra o comunismo e esquerdismo rompantes que nos desgraçaram.
A onda esquerdista que se seguiu ao 25 de Abril só encontra justificação nesse aperto que conduziu à mitificação.
Foram poucos, relativamente, os que resistiram e houve muitas pessoas inteligentes que se deixaram embalar mesmo sabendo que o canto era de sereia.
Se concordamos quanto ao peso da inactividade ou falta de visão de Marcello (chamemos-lhe assim), não será de lhe atribuir a responsabilidade ou parte dela para o estado a que chegámos?
É que os movimentos comunistas não ganham poder efectivo do ar.
É por isso que digo, frequentemente, que se for dada força aos movimentos de índole comunista, por exemplo, nas próximas legislativas (o que não acredito), quem menos fez por isso foram os ditos comunistas.
Não creio por um motivo: Caetano tinha razão de fundo. Os seus valores eram de aproveitar embora haja alguns que com o tempo perderam actualidade, como por exemplo os que se relacionavam com a divisão entre o Leste e o Oeste, a luta entre o comunismo e a democracia ocidental, mesmo na versão de Caetano que não era a comum na Europa de então, a não ser em Espanha.
Os valores de Marcello Caetano se fossem aproveitados e discutidos hoje em dia, teriam aceitação em alguns pontos fundamentais.
A sua ideia de equilíbrio orçamental, a de contenção nas despesas, na ideia de segurança social sustentada, o combate ao comunismo, permanente e justo, a ideia de valorização da autoridade ( embora caldeada pelos tempos e costumes decorridos) e a ideia de respeito pela tradição são valores que prezo.
E há um valor fundamental que o equipara a Salazar: a recta intenção de que falava António José Saraiva que foi comunista e no fim da vida deu razão a Salazar, de fundo.
Essa recta intenção teria evitado PPP´s, swaps, roubalheira socialista organizada ( Freeport, Face Oculta, fax e Macau, EDP, assalto ao BCP, Galp, etc etc), roubalheira social-democrata organizada ( BPN e afins) e teria evitado o que sofremos agora com a intervenção da troika.
Cavaco não tinha hipótese com um Marcello Caetano porque Cavaco não percebe a essência de Marcello Caetano.
É um parolo.
É essa essência que também era a de Salazar que prezo acima de tudo.
Se isso faz de mim um indivíduo de direita que seja, mas duvido porque Caetano não era de direita típica e tinha uma genuína preocupação com os menos favorecidos pela sorte e pelas circunstâncias.
Isso aproxima-o da doutrina social da Igreja que é em muitos pontos semelhante à da esquerda, mas caldeada pelo senso comum de que não se pode gastar o que não se tem.
Portanto se quiser definir-me politicamente tenho dificuldade.
Não sou de Esquerda por causa daquelas pechas que detesto, mas aprecio a ideia de esquerda de respeito pelos mais desfavorecidos por causa da doutrina social da Igreja e da ideia de Caridade que a mim me diz muito mais que Solidariedade.
Imaginando que tem razão em tudo que diz, a conclusão, para mim, ainda assim é que quando quem tem o fardo de decidir decide mal é responsável por isso.
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