sábado, junho 22, 2013

Como o PCP arrasou o capitalismo português, em 1974- 75.

Portugal, em 1974, antes de 25 de Abril era dominado economicamente por umas "20 famílias", como escrevia a revista Time, em tom esquerdizante ( Martha de la Cal, correspondente) em 14 de Julho de 1975, em pleno PREC.


O Bloco de Esquerda escreveu ( obra colectiva, segundo indicam e dedicada à memória de João Martins Pereira, o guru )  um livro sobre "Os donos de Portugal", no qual pretendem demonstrar que " a burguesia portuguesa foi sempre incapaz de democratizar a modernização do país".
É esta a tese fundamental do livro que redunda numa colecção de factos que pretendem reescrever a História ( por lá anda o Rosas, da firma Rosas & Pereira, alfaitates do revisionismo histórico). Descobrem muito admirados que "os grupos económicos são famílias" como se isso fosse um atentado às teses de Feuerbach em que o homem é aquilo que come.
As famílias da burguesia nacional são um pesadelo para o Rosas & Pereira, vá lá saber-se porquê, fora dos cânones marxistas.
Numa nação com menos de 10 milhões de pessoas, tal fenómeno espanta-os e indigna-os de tal modo que esses "donos de Portugal", são apresentados como uma oligarquia que tomou conta dos recursos do país, sem deixar nada para os demais. "Eles comem tudo..." nasceu dessa ideia simplista.

A Realidade, porém, tem outros contornos e a alternativa que lograram implantar em 1975 a essa Realidade ainda mais.

Em 6 de Abril de 1974 o renovado Sempre Fixe um jornal muito antigo repescado ao olvido nessa altura, iniciava a segunda fase de publicação com um quadro revelador de quem eram então os "donos de Portugal", na vulgata marxista do bloco indefinido à esquerda. Os "grandes patrões" do Portugal de então estavam bem identificados, em relação ao volume de negócios ( receitas cobradas, não dívidas como depois aconteceu)  e número de trabalhadores.

Este número que faria sorrir os editores da Fortune, mesmo de então, causava uma urticária aos marxistas de então, os Rosas&Pereira que militavam no PCP, na UDP, no PRP, na OCMLP e noutros grupelhos de ideologia patética, com gente crescida e formada em universidades.

Por causa dessa fúria comunista que começou logo a seguir ao 25 de Abril, como Marcello Caetano preconizava e tinha publicamente avisado, os media em geral e dominantes passaram a ideia que o que era nacionalizado é que seria bom, porque estava bom de ver e só os ceguinhos se recusavam a reconhecer: se era de todos, melhor para todos seria. E foi mesmo,  não era?

Vejamos. Em consequência da Revolução de 25 de Abril de 1974, os "donos de Portugal" ficaram realmente assustados e alguns fugiram,  mas poucos. Os que tinham capital a bom recato, lá fora, ( como agora o fazem sem alardes, aparecendo depois com as calças na mão a pedir RERT´s que os safem da cadeia democrática), ou seja os Salgados e Mellos e Britos e Champallimauds que eram verdadeiramente os que sendo donos do país, maior riqueza produziam para todos os nacionais e cidadãos em geral, acautelaram os seus teres e haveres em "valores mobiliários" e esperaram para ver.

Em Agosto, pensando que poderiam ainda ter algum papel importante a desempenhar na nova ordem "democrática" decidiram agir e propor publicamente um investimento conjunto na economia nacional da ordem de 120 milhões de contos que se multiplicariam se bem geridos.
A ideia era manter o sistema capitalista que tínhamos com os resultados que eram bons, para a época e manter a funcionar a economia desses "donos de Portugal".
Ora era precisamente isso que os Rosas&Pereira não queriam porque tal lhes desfazia os dogmas marxistas e as ideias de esquerda comunista que viam cada dia a florescer em Portugal, nos muros das cidades, vilas e aldeias, nas manifestações, nas reuniões em "pacto com o MFA e principalmente na ideia tentadora de experimentarem um "novo modelo" de socialismo nunca experimentado na Europa ocidental. Reinventar a roda, portanto, era o que os Rosas&Pereira queriam. E quase conseguiram reinventar uma...bancarrota em tempo record e digno do Guiness. Nunca se deram por achados, os Rosas&Pereira, por causa desse feito notável que em vez de os atirar para o olvido geral, os trouxe para as tv´s onde ainda peroram, sempre a chover no molhado.

Em 24 de Agosto o Expresso publicou uma edição memorável a vários títulos porque permite fazer o resumo de tudo isto que ocorreu num espaço de poucos meses da nossa desgraça colectiva, engendrada pelos Rosas& Pereira, como firma de demolições de um país e alfaiates dos fatos à medida marxista.

Em primeiro lugar o comunicado e as intenções do MDE/S permitem verificar o que pretendiam esses ingénuos: continuar um sistema que estava condenado por sentença transitada em julgado pelo Cunhal, Rosa&Pereira e outros próceres como os socialistas que acompanhavam o caminho da desgraça e do abismo económico. Pode ler-se o que diziam então "jornalistas da televisão" aos ditos donos de Portugal: "tinham que reaprender a sua profissão devido à nova situação existente em Portugal". Repare-se: são "jornalistas da televisão" ( os cesários borgas e outros borgas) quem dava  conselhos aos donos de Portugal em jeito de ameaça. E os donos de Portugal reconheciam, envergonhados, que o regime deposto "coarctava a liberdade a liberdade de iniciativa privada como forma de sustentação daquele poder político". Isto era dito por um Luís Barbosa, mais tarde do partido "rigorosamente ao centro" da poltranice.


Ora em Agosto de 1974 a Economia, ainda no rescaldo do 25 de Abril, mas ainda em sistema capitalista como existia antes,  era analisada no mesmo número do jornal deste modo:

E um certo Fernando Ulrich, filho e casado em boas famílias, dos tais donos de Portugal, escrevia então crónicas no Expresso.


Portanto, mesmo com estes sobressaltos cívicos a Economia nacional entrou em mutação acelerada nos meses seguintes, com o PREC comunista que afogou completamente os desígnios dos "donos de Portugal" em detrimento de uns novos donos de Portugal: o PCP e Esquerda em geral que tomaram conta das rédeas da gestão empresarial, agora do Estado e com a banca toda a ajudar porque nacionalizada também, assim tornada "banca do povo".
Pode dizer-se que em 11 de Março de 1975 e meses seguintes, os donos de Portugal foram liquidados e alguns até presos ( sem qualquer culpa fornada ou acusação legalmente sustentada, note-se). E que resultou da brilhante gestão que se seguiu, da responsabilidade dos novos donos de Portugal que ficaram com a faca e todo o queijo na mão para cortar a preceito? Cortaram os dedos...por incompetência, parvoíce e sei lá que mais. E estragaram o queijo.

Basta um pequeno exemplo sobre a Siderurgia que era de um dos antigos donos de Portugal. Aparece no Expresso de 20 de Dezembro de 1975 e é elucidativo por vários motivos. O primeiro é a verificação de um descalabro de gestão e um fracasso evidente dos novos donos de Portugal. O segundo é a As justificação do falhanço, com a culpa sempre alheia e a morrer solteira, como hoje,  da nova elite, quase toda comunista. Os argumentos são de rir, mas a tragédia que se provocou não.
Em 1976 os novos donos de Portugal, depois de falirem completamente o país, pediram ajuda ao FMI:..
Mais e pior: um dos responsáveis pelo descalabro, Mário Soares, apesar de reconhecer a asneira e o fracasso das nacionalizações só permitiu a mudança do artigo da Constituição de 19756 que consagrava a irreversibilidade das nacionalizações e portanto a garantia constitucional para continuar a arruinar o país ( como agora) mais de uma dúzia de anos depois, com a revisão no final dos anos oitenta. Porquê? Porque quis ser ele a mandar e a ser um dos novos donos de Portugal até chegar a presidente da República. Com um aplauso geral. Alguns dos que aplaudiram eram antigos "donos de Portugal".






Como escreveu Álvaro Cunhal posteriormente, reconhecendo a vitória comunista sobre os "monopólios", tal como citado no último número de O Militante, de  Maio/Junho 2013, "Portugal de hoje é um Portugal libertado dos monopólios e dos latifúndios. Um Portugal novo e melhor, democrático e progressista."  Tal e qual.


Em 1977 Portugal,  por Mário Soares, então primeiro-ministro, estendeu pela primeira vez a mão ao FMI, na iminência de uma bancarrota que só não ocorreu por milagre.Em 1983, o mesmo Mário Soares voltou a estender a mão e a repetir a dose, mais reforçada dessa vez.
E andamos nisto anos e anos. O Militante continua a explicar a razão para "outras políticas", como as de outrora...
A explicação para o falhanço é simples, segundo O Militante:

 O capital monopolista nacional, cujas condições de rentabilidade tinham sido afectadas pela crise sistémica, reagiu de forma directa, por via da sabotagem económica e da fuga de capitais. O processo de nacionalizações, da banca e de importantes segmentos da indústria transformadora, encetado no pós-11 de Março de 1975, foi fulcral para evitar o desmembramento de importantes sectores económicos e torná-los alavancas do desenvolvimento económico e social nacional. Entre 1975 e 1977, a produção industrial nacional cresceu 17,5%.

A culpa é sempre dos outros. Dos imperialistas, dos reaccionários fascistas, dos burgueses, etc etc. Nunca é deles e da sua incompetência e desastrosa incapacidade de gestão económica.

13 comentários:

Floribundus disse...

antes de 25.iv havia grandes empresas cheias de comunas com os maiores privilégios. pagavam-lhes quando eram presos. aos que os defenderam não pagaram 2 meses de serviço militar obrigatório.

aplaudia com ambas as mãos se hoje nacionalizassem a banca e as grandes construtoras.

Zephyrus disse...

Agora temos grandes famílias que enriqueceram e mantém fortuna à custa do pote. Salva-se talvez Belmiro de Azevedo, creio que a Sonae deve ser o grande grupo mais independente. Ah, e a Jerónimo Martins.

As grandes famílias que comem das PPP's estão bem e vivem à custa dos portugueses com os aplausos da Esquerda e da Extrema Esquerda.

Zephyrus disse...

E depois há as famílias locais que comem do pote regional e local, infiltradas nas autarquias e empresas municipais, e nas negociatas de obras públicas com o poder local. A maioria socialistas, sociais-democratas e comunistas.

lusitânea disse...

Havia um alto forno na siderurgia que depois do 25 nunca mais foi montado.
Mas nem tudo foi culpa dos internacionalistas.Afinal depois do PREC nunca mais governaram.O bloco central dos interesses é que é incompetente até ao tutano.E cobarde porque se tornou socialista internacionalista sem ninguém os mandar ou obrigar.Dar e distribuir até ao infinito é o que sabem fazer.Construir um futuro só em auto estradas à base de PPP´s...

zazie disse...

Que síntese mais clara.

Tudo dito com alguns recortes e uma acuidade incrível para a idade que tinha, quando guardou estes testemunhos.

JReis disse...

José,
Nasci em 1970.
Consigo perceber o seu ponto de vista. As declarações dos últimos tempos de Mário Soares são de ir ao vómito. Será que depois do 25 de Abril e caso a via seguida tivesse sido diferente Portugal era hoje economicamente mais forte ?? Acho a resposta muito arriscada.
Gosto de o ler.

josé disse...

"Será que depois do 25 de Abril e caso a via seguida tivesse sido diferente Portugal era hoje economicamente mais forte ??"

Não tenho a mínima dúvida mas não tenho também forma de provar inequivocamente- porque ninguém tem.

Logo vou tentar provar o meu ponto de vista, escrevendo e mostrando como foi a primeira intervenção do FMI e porquê...em finais de 1977.

Maria disse...

O socialismo 'democrático' e a social-democracia têm a mesma origem comunista e os seus ramos provêm do mesmo tronco comum. Estas designações enganosas servem para consumo interno, confundindo o eleitorado, bem como para consumo externo, mostrando ao mundo que em Portugal pratica-se uma 'democracia avançada'.

O José colocou inteligentemente o problema da esquerda anti-capitalista que mal teve o poder nas mãos liquidou os grupos económicos que tanto fizeram pelo progresso do país e bem-estar dos portugueses. Pergunta e bem, porque é que a esquerda os quis destruir. Se me permite acrescentaria algo à equação que as irmana a todas, da mais moderada à mais radical.

No séc. XVIII, como é sabido, foi fundada na Grã-Bretanha a maçonaria mundial, a mesma que se aprimorou e se estendeu até hoje, sendo o seu principal objectivo ir destronando e aqui literalmente, as monarquias d'então para ser ela a reinar. Os seus principais membros espalharam-se pela Europa e depois pelo globo. Após o derrube de várias monarquias com assassinatos e revoluções pelo meio, passaram a atacar as repúblicas que ainda não dominavam, seguindo-se o inferno que se viveu e vive no mundo até hoje.

Encurtando razões e perante as motivações que todas as pessoas descomprometidas sabem de cor, o que está por detrás desta destruição de países e povos é a ganância desmedida por dinheiro e poder e inveja indisfarçável dos capitalistas direitistas (mas nunca dos congéneres norte-americanos, franceses, ingleses, alemães, italianos, espanhóis, porque será?, ah!, é preciso não esquecer que estas são esplendorosas democracias) para lhes usurparem o que conseguiram com esforço e trabalho, a partir deste pressuposto os mais abomináveis crimes são-lhes permitidos.
A esquerda totalitária anda a denunciar há séculos a opulência das famílias reais (e das capitalistas... não reais) do luxo ofensivo dos seus palácios, dos seus 'gastos obscenos', metendo no mesmo saco presidentes - neste caso das repúblicas a que ainda não conseguiram deitar a mão - tudo, dizem eles, em detrimento dos povos que passam fome.

Curiosamente os revolucionários que conseguem chegar ao poder derrubando regimes estáveis e em paz através de golpes de Estado, guerras artificiais, revoluções e genocídios, são exactamente os mesmos que vão logo ocupar os tais palácios fabulosos, viver com a mesma obscena opulência, gastar rios de dinheiro em festas d'arromba, em recepções e viagens por todo o mundo, permanências em hotéis luxuosos e tudo à custa dos esbulhados e oprimidos, os mesmos a quem anteriormente a esquerda revolucionária fingia hipòcritamente proteger dos tremendos males provocados pelos "capitalistas reaccionários". E ainda hoje continua na senda destruidora e na roubalheira infrene sem que haja quem lhe trave os ímpetos malditos.

(cont.)

Maria disse...

(conclusão)

Inveja mórbida dos capitalistas e da direita patriótica, da aristocracia e sobretudo da nobreza cuja linhagem, educação, condição social e pergaminhos jamais poderão alcançar, muito menos igualar e é esta cruel realidade que os deixa possessos de ciúmes e raiva.

(Alguns destes esquerdistas muito bem reciclados - e, está visto, já bem 'consolidada a democracia' e as classes altas, anteriormente abominadas, difamadas e destituídas dos seus bens e posição social e votadas ao ostracismo durante décadas - não é que quando se lhes depara a oportunidade d'ouro... os hipócritas e cínicos casam-se logo com membros dessas mesmas famílias ou aparentados?! O socialista/comunista M.Boyer em Espanha foi um deles, mas há mais destas desvergonhas noutras 'democracias', Portugal incluído e até em monarquias.

Basta um só exemplo dos milhares que por aí campeiam para se comprovar quem é que explorou o povo e quem é que o reduziu à "pobreza envergonhada" genuína (esta chegou com a 'democracia' e é mil vezes pior do que a anterior, que aliás desta natureza inexistia) e quem é que se tornou da noite para o dia obscenamente rico, mais do que todos os capitalistas juntos do Estado Novo, à custa dos biliões que desde há quase quarenta anos têm vindo a ser roubados aos portugueses? Soares e cúmplices, está visto, despeitados do sucesso interno e do prestígio mundial alcançados pelo regime anterior e sobretudo inveja doentia da inteligência e capacidade governativa de Salazar, sem excluir o complexo de inferioridade que sempre o/s acompanhou relativamente aos capitalistas, à classe alta e à aristocracia portuguesas. Tanto assim é que Soares sempre se quis misturar com elas, afirmando gostar de ser (como) o Rei de Espanha!... Isso queria ele! A sua inveja transformou-se em ódio de morte de por um lado querer possuir tudo o que pertence por tradição histórica e familiar e por direito próprio à nobreza e à aristocracia e por outro, nunca poder desligar-se da sua ascendência e raízes. E não por estas terem sido mais ou menos humildes. Salazar também o era, mas a diferença entre as duas personagens é abissal. Salazar foi um governante íntegro, honesto, Patriota e um político de primeira plana, enquanto que Soares sempre foi corrupto e traidor. Ódio visceral, ainda, por ter ambicionado suplantá-lo como 'democrata'(?) que se auto-proclama, julgando-se um ser humano muito superior ao "ditador" sem jamais o ter conseguido. Nem nunca poderia. A maldade está-lhe/s inscrita no código genético. Uma vez traidor para sempre traidor.

Unknown disse...

Eu Acho o comentário da Maria interessante em relação aos nobres, realmente é gente diferente, mais fina, mais educada e superior em relação aos outros.É só preciso é ter sorte em ser parido por alguem nobre, pois logo para sempre nobre ficará.Enfim.
José com todo o respeito digo-lhe que sim, em relação apenas ás "20 familias" que provavelmente seriam algumas mais, consideravam-se os nobres deste Pais, isso não tenho duvidas.E não pretendiam que este povo se desenvolve-se. Sei que o estado novo tinha como principal objetivo uma Quarta classe "boa" pois sabia que a esmagadora maioria dos homens, já nem falo das mulheres,não passaria dai.Para irem trabalhar logo a seguir e quem recebia essas crianças com 11 e 12 anos era quem??Atenção que o sistema comunista é o sistema mais trágico miserável que existiu, mas temos que dizer algumas verdades, é mentira que houve bons e muitos péssimos exemplos por esse alentejo fora, antes de 74?não é, pois não.
Cumprimentos

muja disse...

Mas porque é que os defeitos do Estado Novo servem para o pôr em causa, e os da democracia já não servem para pôr a dita em causa, por sua vez?

É só preciso é ter sorte em ser parido por alguem nobre, pois logo para sempre nobre ficará

Em Portugal não se diz 'nobres'. Diz-se fidalgos.

A razão da sua existência é simples de entender, se se tiver em conta que a família era o centro da sociedade, ou o seu componente mais fundamental, melhor dizendo (hoje é o indivíduo, com os resultados que se vêem).

A fidalguia era atribuída por valorosos serviços ao monarca (que na altura representava o o país) por exemplo, e portanto, como a família era a base fundamental da sociedade, fazia sentido atribuir-lhe o privilégio (e a responsabilidade, porque só muito mais tarde esta começou a desaparecer, com a ascensão social da burguesia e do poder do dinheiro) em vez de apenas ao indivíduo que se distinguia. Além do mais, considerava-se que o indivíduo era fruto da sua família mais do que qualquer outra coisa, pelo que de onde saíra um, era provável que saíssem mais.

Isto faz todo o sentido. Além do mais, a fidalguia não era coisa estanque, e podia-se ascender a ela. Descender confesso que não sei se seria possível, mas era-o certamente que pudesse cair na lama o nome de uma família ilustre, às vezes até pela acção de um dos seus membros apenas.


Pode-se discordar e argumentar contra este conceito. Mas o que se não pode fazer é falar como se a sociedade de hoje e os seus costumes e a sua mentalidade, o tornem obsoleto, incompreensível ou obviamente retrógrado. Ou como se fosse uma coisa tão obviamente caduca que toda a gente consegue ver.
Hoje continua a haver fidalgos. Não serão os mesmos de antanho (os descendentes desses ainda existem, mas os privilégios que lhes advêm exclusivamente daí são nulos), mas são um novo tipo. O que mudou foi o critério: dantes era, melhor ou pior, a distinção ao serviço da Coroa. Hoje é-o ao serviço de Mammon.
De certa forma, os fidalgos de hoje são muito mais alienados do povo e da sociedade: vivem em casas em zonas sem plebeus, frequentam escolas exclusivas da sua condição, e troteiam o mundo em aviões privados.
Ao menos os fidalgos do antigamente tinham os seus casarões instalados no meio do povo, passavam nos seus cavalos e seges pelos mesmos caminhos onde passava o povo, e o povo via-lhes a cara e avaliava-lhes o comportamento. Se os não afrontava directamente, nem por isso se coibia de os criticar e escarnecer pelas costas.
Hoje, o povo nem os vê a não ser por meio de um ecrã ou de uma página impressa de revista. E apenas os que dão nas vistas. Os outros, aí andam, na sua realidade própria, pondo e dispondo das vidas dos homens de deles dependem de alguma forma, sem qualquer escrúpulo ou preocupação do que lhes possa acontecer. E nunca terá de os enfrentar.

Dantes, ao menos, havia sempre quem pudesse sair ao caminho de um fidalgo a cavalo e abrir-lhe um lenho na cara com um chicote. Agora, quase que sem um lança granadas de foguete que é impossível fazer uma coisa do género.

Comparada com a de hoje, a fidalguia de antigamente não só não parece tão má, como até parece boa.

josé disse...

Estes dois comentários deram-me o ensejo de comentar o "rock n law" que hoje ( ontem) apareceu na revista do DN.

Amanhã irei fazer o gosto.

Maria disse...

Como sempre, aplaudo a opinião inteligente e avisada de Mujahedin.

Acrescento ainda um "pormaior" em falta, relativamente ao regime anterior e ao Estadista.
Salazar não era interesseiro nem oportunista nem ganancioso nem cobiçava as fortunas e/ou títulos nobiliárquicos dos seus semelhantes nem ambicionava ocupar palácios luxuosos usurpados às famílias ricas nem vivia na opulência, contràriamente aos farsantes armados em políticos impolutos deste regime, que o praticaram à barda logo após o 25/4.
O seu exíguo património cingia-se exclusivamente à casa modesta de família e a um pequeno terreno herdado dos pais, nunca desejou mais nem melhor. As centenas de toneladas de ouro e outro tanto de divisas amealhadas no Banco de Portugal durante o seu longo período como governante, tinham como destino único e beneficiários absolutos a sua amada Pátria e os portugueses.

Será que este estilo de vida espartano, inigualável e provàvelmente único dentre os chefes de governos e presidentes de todas as Repúblicas e Monarquias existentes à face da Terra, é, por absurdo, sequer comparável à vida faustosa, com o assalto criminoso aos cofres do Estado, com os tráficos de influência para benefício dos próprios e apaniguados, com a posse ilegal (porque à custa do dinheiro dos portugueses) das várias moradias luxuosas no país e de pisos mobilados com tudo o que há de mais valioso em bairros milionários nas várias capitais mais caras da Europa ou com as múltiplas obras de arte (na maioria oferecidas pelos artistas, por insistência e persuasão e/ou valendo-se do seu estatuto político como adquirentes) ou dos tesouros valiosos (como p.ex. as insubstituíveis jóias da Corôa roubadas por concluio entre governos, com a conivência das redes de receptação internacionais), uns roubados outros 'oferecidos' por artistas com cotação mundial ou aos mesmos adquiridas com o dinheiro dos contribuintes portugueses, além das fortunas colossais à custa da corrupção desenfreada de quase todos os governantes que introduziram a 'democracia' no nosso país, mais os que lhes sucederam, para benefício exclusivo dos próprios e secretamente levadas para paraísos fiscais? Nunca na vida!
Contra estas verdades indesmentíveis nem os mais descarados e maiores corruptos e ladrões desta falsa democracia ousam sequer comparar o incomparável. Ainda que ousadia e lata para dar e vender são 'qualidades' que não lhes faltam para persistirem na mentira e difamação desbragadas em relação ao antigo Presidente do Conselho, probo tanto na sua vida pessoal quanto na sua acção governativa, em contraposição a este aviltante regime e aos indignos 'democratas' que o personificam às mil maravilhas e dele vivem que nem nababos.

Perante a realidade dos factos estes farsantes mascarados de políticos irreprensíveis, não satisfeitos de terem comido a carne e roído os ossos aos portugueses e quais vampiros estão também a sugar-lhes o sangue, continuando a propaganda insultuosa contra o Estado Novo e o seu Mentor porque além de saberem que isso mortifica a maioria dos portugueses também têm a perfeita consciência de que o povo não os esquece pelo que o seu esforço continuado desde há quatro décadas é em pura perda, paralelamente elevando aos céus as 'virtudes' da democracia (deles) e sublimando em simultâneo o seu maquiavélico mentor (pois, pudera!) e hipócrita-mor.

Regime satânico, este, em que nos obrigam a viver e a penar sabe Deus Nosso Senhor quanto tempo mais.

O Público activista e relapso