O Expresso de 9 de Agosto de 1975 publicou este texto de Ivan Ilitch, um intelectual que o próprio jornal se interrogava sobre a especialidade ( antropologista?), um jugoslavo emigrado para Cuernavaca no México de onde difundiu estas ideias fantásticas sobre o ensino que originaram, anos mais tarde, obras musicais como The Wall, dos Pink Floyd ( "we don´t need no education" e "Hey! Teacher, leave the kids alone") e matéria para leccionar no ISCTE, onde poderia ter aprendido uma Maria de Lurdes Rodrigues, digna herdeira destas patacoadas. As ideias sobre a "escola inclusiva", sobre o ensino centrado no aluno e sobre os direitos sem deveres, estão aí todas.
O mote do escrito é claro: provocar " a curto prazo a queda do capitalismo", sob o patrocínio da UNESCO. O texto traz no fim um comentário de Trindade Santos, o crítico musical do Expresso que precedeu na escrítica pop, Miguel Esteves Cardoso.
Em 19 de Setembro de 1975, na sequência de quatro governos provisórios, onde mandou na Secretaria de Estado da Educação, no sector da Inovação Pedagógica, Rui Grácio explicava melhor, em texto escrito no O Jornal, porque apostava no ensino unificado que destruiu as escolas técnicas e comerciais, por motivos ideológicos, muito próximos daqueles do sacripanta Ivan Ilitch, desgraça que nos caiu em cima como uma praga.
7 comentários:
A escola pública é um dos campos de eleição da batalha política.
José, Ainda bem que regressou a este tema pois tenho a minha cabeça a dar voltas nas últimas semanas para ver se posso concordar com o seu ponto de vista relativamente ao ensino. Na sua óptica Rui Grácio foi o carrasco do ensino técnico profissional ao unificar o secundário. Aqui ao lado em Espanha onde não houve 25 de Abril sabemos que a percentagem de jovens licenciados que não estudam nem trabalham (os "nini", ni estudam ni trabalham)é de 69%, portanto em Espanha há um fenómeno semelhante ao nosso. Estará (só) na reforma de Rui Grácio a explicação para o fenómeno Português ?? Parece-me que o problema do binómio jovens e ensino versus mercado de trabalho é um fenómeno global não explicável só com o caminho seguido após o 25 de Abril, embora esse caminho seguido tenha sido a causa de parte do que hoje está mal. Relativamente a Ivan Ilitch é curioso que me recordo de uma entrevista a Dale J. Stephens publicada na revista Sábado faz mais ou menos duas semanas na qual este jovem defende o abandono da escola em certas circunstâncias e que os jovens escolham o que querem aprender estudando em casa pois além disso por todo o mundo já há licenciados em excesso os quais o mercado de trabalho não conseguirá absorver. Dê uma vista de olhos ao site http://www.uncollege.org/team/
Será Dale J. Stephens o novo Ivan Ilitch dos tempos modernos.
José, gosto de verdade de o ler. Continue, a sua hemeroteca é fantástica e um legado que agradeço continue a partilhar.
o mercado do trabalho é profissional.
não há mercado para licenciados em sociologia mas há para electricistas e outros
o intelectual da fenprof mostrou à saciedade que as greves são um factor decisivo para o futuro dos alunos. a escola é um desperdício de dinheiro e o ensino pode fazer-se pela net
entrou a matar e saiu morto com meia-estocada no cachaço
JReis:
O problema proposto tanto no caso do Ivan Ilitch como de Rui Grácio é ideológico.
Ou seja, porque é que os seguimos durante estes anos quando antes não tínhamos tenção de o fazer, colectivamente claro está.
O que mudou para tal fenómeno ocorrer?
É exactamente isso que me faz correr por aqui: tentar perceber. E tenho avançado no meu preconceito. Ahahahah!
Amanhã, se puder, virá o ataque à Igreja Católica, dos comunistas, durante o PREC.
para mim a ideologia de esquerda sempre foi muito linear:
'enforcar o último capitalista nas tripas do derradeiro padreca'
E olhe que, com todos estes factos, o preconceito contagia-se
eheheehhe
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