O Militante de Novembro/Dezembro 2013 não deixa qualquer dúvida sobre a verdadeira natureza de Álvaro Cunhal, o herói comunista que o sistema político português actual integrou como seu e por isso lhe dedica homenagens em catadupa, todas hagiográficas e desmioladas.
Cunhal, se fosse vivo, rir-se-ia desta gente, destes idiotas úteis à sua causa de sempre: o internacionalismo proletário, contra a burguesia e o capitalismo segundo a cartilha marxista-leninista. Um Revolucionário, como assegurou Domingos Abrantes outro estalinista de primeira água que nada esqueceu e nada aprendeu em 50 anos.
Na revista, António Filipe fala num país que não é o nosso e num partido que não é o dele. Fala em democracia representativa para salientar a diferença do PCP relativamente aos demais partidos ( "os partidos não são todos iguais") reafirmando ispo facto, a velhíssima tese da superioridade moral do comunismo.
Ora a democracia representativa, de tipo ocidental, foi sistema que Cunhal sempre repudiou, desde a célebre entrevista a uma insistente Oriana Falacci da revista italiana L´Europeo de 6 de Junho de 1975 e que o Expresso referiu num obituário aquando da morte da mesma, em 2006 .
Oriana Fallaci entrevistou Álvaro Cunhal em 1975: os ecos do trabalho
publicado pelo "Europeo", a 6 de Junho, obrigaram a Secção de Informação
e Propaganda do PCP a emitir um categórico desmentido. De acordo com o
"Europeo", Cunhal afirmou não haver possibilidade de Portugal ter uma
democracia ou um parlamento ao estilo ocidental. A nota divulgada pelo
PCP no mesmo dia referia ter havido uma "grosseira deturpação das
palavras de Cunhal". Fallaci não só reiterou a "exactidão da tradução"
da conversa com o secretário-geral do PCP como anunciou que colocaria as
cassetes com a entrevista à disposição de quem duvidasse da sua
palavra. Como afirmaria numa entrevista que concedeu a Álvaro Guerra
para "A Luta", "não é de mim que têm medo, é da verdade".
Cunhal foi obrigado a engolir a democracia representativa que agora o comunista Filipe tanto afeiçoa...em contradição com o próprio partido que usa eses termos de modo hipócrita e falso. Não é a democracia burguesa que o PCP pretende. Nunca foi. Porém, à medida dos ensinamentos de Lenine ( um passo atrás para dar dois à frente) andam há dezenas de anos a engolir o sapo da democracia burguesa enquanto não aparece a oportundiade redentora da harpa de crente de Domingos Abrantes começar a delirar novamente, sobre os "amanhãs a cantar".
O democrata António Filipe sabe bem que assim é. Só que não pode ser de outra maneira, para si, funcionário que tem de obedecer a um patrão. Neste caso ideológico.
Nos media ninguém se atreve a colocar este discurso na ordem do dia. Se o fizessem seriam apelidados imediatamente de "reaccionários", de anti-democratas e até fassistas. Por isso têm medo, apesar de tal ser a realidade pura e simples, Preferem desse modo a fantasia mais redonda dos comunstas que já são democratas como os outros porque até defendem os trabalhadores e os pobrezinhos. Daí a simpatia atávica para com estes ogres políticos que liquidariam as liberdades no momento a seguir a tomarem o poder, como o fizeram em todo o lado, sem excepção, onde tomaram o poder político e militar.
6 comentários:
Estamos a assistir a uma beatificação.
Uma ditadura que dava telas, tintas e pincéis.
Que era levado fazer os exames de direito, a Lisboa.
Qua a ditadura, não acabou com ele porque não quis.
A história, contada por quem tem o poder.
José, ontem ao chegar a casa deparo-me com a avenida de Berna cheia de comunas e as suas bandeiras vermelho… sangue… no caso, literalmente.
O projecto comunista é na sua essência incompatível com a democracia. Como diz o José, o Cunhal foi obrigado a engoli-la.
Mais que ninguém, os comunas adoram posar de democratas, mesmo sabendo-se por onde andaram e o que fizeram. Se fosse só hipocrisia não seria tão grave. Mas trata-se de algo mais sinistro. A mentira como ferramenta política é prática corrente dentro do movimento revolucionário. Ninguém como Bertolt Brecht resumiu a tão bem: mentir em prol da verdade.
O desígnio desta fórmula não é perceptível a quem desconheça as subtilezas do marxismo.
Na cabeça de um comunista, o socialismo é a essência oculta do processo histórico, a finalidade secreta a que tendem inconscientemente TODOS os actos humanos.
Se mentindo se apressa a chegada do socialismo, então está-se a ajudar a chegada da salvação. Se, ao contrário, alguém se cingir à realidade dos factos para argumentar contra o socialismo, está a dificultar a revelação, servindo portanto ao reino da mentira.
É interessante como de uma penada se inverte a relação lógica não só entre a mentira e a verdade, mas entre o conhecido e o desconhecido.
Para qualquer um de nós, o passado pode ser conhecido mediante o que a história nos revela e o futuro só pode ser conjecturado.
Já para um comunista, o futuro é a única certeza. O passado pode sempre ser modificado sem constrangimentos tendo sempre em conta os supremos interesses da revolução.
A mentira está cravada no âmago da alma comunista. Este não tem só o direito mas o justo dever de mentir em nome da causa. Mentir profundamente, obstinadamente, até que os conhecedores da verdade percam de vez a possibilidade de contrapô-la à avassaladora autoridade da mentira.
Quem não compreenda este traço fundamental da mentalidade comunista, jamais poderá combatê-los eficazmente.
As mentiras comunistas combatem-se com factos reais, perceptíveis e concretos porque não ha falta deles.
Não há falta de exemplos de genocídios cometidos por comunistas tanto na URSS como no Cambodja; não há falta de perseguições políticas em massa, tanto na URSS como em todos os países comunistas sem excepção. Não há falta de exemplos de ausência de liberdades fundamentais como a de expressão, reunião e associação que o regime de Salazar nem se pode comparar. Ao lado dos comunistas Salazar era o exemplo de democrata.
O que há falta é de gente que diga isto na televisão e nos media continuamente, sempre que um comunista fala em democracia ou liberdades.
Nessa altura falta o pano encharcado na cara de quem o faz.
Em que é que se não aplica à democracia exactamente o que o Mongo disse, só assim por curiosidade?
Em que é que se não aplica à democracia exactamente o que o Mongo disse, só assim por curiosidade?
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