terça-feira, dezembro 03, 2013

Portugal, 1973: o impasse

O Observador em finais de 1973 dava conta de um Portugal que muitos não conheceram e que outros não querem recordar .

Em  5 de Outubro de 1973 a questão das eleições gerais a realizar em 29 de Outubro desse ano, estava na ordem do dia. O assunto era tratado assim:

O Portugal dessa época tinha fenómenos curiosos como por exemplo este, mostrado na edição de 29 de Setembro de 1973: uma manifestação de apoio ao presidente do Conselho depois da humilhação nacional sofrida em Londres, acicatada por indivíduos como Mário Soares que dali a meses eram acolhidos como heróis nacionais, possivelmente por alguns que ali estiveram. Incrível.

Outros fenómenos mostravam como era o país real que tínhamos e não nos querem mostrar agora. Popr exemplo a escrita de Vitorino Nemésio e as suas recordações de escola e caso do "pop-cross". Na edição de 12 de Outubro de 1973.

Ou então, na edição de 5 de Outbubro de 1973,  a história singular de um inventor que mostra o que se aprendia na altura e como se fazia por cá o que agora se faz na Alemanha, com o mesmo espírito que nós perdemos.




11 comentários:

muja disse...

José,

excelente esta última série que vem publicando!

Obrigado!

Gosto muito do "Depois da Experiência", particularmente na forma como se refere ao Ultramar. Gostava de ter melhor noção da propaganda do Governo em relação a esse assunto, para ver como lidaram com ele.

Do "Acção Política", na Observador de 19 de Outubro, retiro que o PCP era a única organização política a sério, talvez mesmo comparando com a ANP, no sentido de possuir capacidade operacional, ou seja, agir quando a oportunidade se mostrava e era de interesse fazê-lo.

Reforço a minha convicção de que os deputados ditos liberais, ou da "Ala Liberal" eram, geralmente falando, uns idiotas - se burros, deslumbrados ou simplesmente bacocos, ainda não descortinei. Idiotas do género que a esquerdalha come ao pequeno-almoço...

José disse...

E Sá Carneiro?

Estou à vontade porque nunca gostei do tipo...

José disse...

Mas tenho mais munições para esta guerra em que entrei e pretendo continuar a batalha.

José disse...

O que me espanta, se é que espanta, é a cretinice do Expresso que durante o corrente ano comemorou os seus 40 anos e nunca mostrou nada que se pudesse reconhecer como genuíno e reflexo desse tempo como o Observador mostra.

Esta revista é um espelho autêntico da realidade que me lembro de ter vivido.

José disse...

O Expresso é o símbolo vivo da falsificação histórica e o enviesamento da Esquerda revisionista que engana as pessoas.

E um logro e uma mentira. Um nojo.

José disse...

E o pior é que o Balsemão que foi da Ala Liberal sabe muito bem que assim é.
O que lhe interessa é a conta bancária,pelos vistos.

muja disse...

Sá Carneiro não sei. Ninguém poderá ter a certeza, visto o que lhe aconteceu.

Certo é que fazia parte daquele grupo. De certo também "conhecia" Balsemão, por exemplo. Lia já o Expresso. A cretinice era já evidente.

Não nego, porém, que por alturas do seu auge trágico pudesse ser, dos que a realidade permitia, o homem certo para o país. Mas teria sido o interesse do país o que o movia em todos os passos e decisões desde o início da sua vida política e pública? E em sendo, pode dizer-se que possuía do país, e do respectivo interesse, uma visão clara e esclarecida?

Tenho dúvidas. Haveria, talvez, um problema de ordem social: tanto ele, como Balsemão, como, presumo, os seus companheiros liberais, eram de extracção social elevada. O que contrasta com a origem muito mais humilde de um Caetano e sobretudo um Salazar.
Eu acho que isto é relevante porque essa origem humilde permite, por um lado, uma muito melhor compreensão da maneira de pensar da maioria da população, dos seus anseios, preocupações e costumes. Por outro, permite, de forma complementar e em conjunto com uma formação superior, uma intuição muito particular sobre que necessidades e problemas é necessário atacar primeiro e, sobretudo, as soluções que se podem aplicar, que tenham efeito práctico. É-se muito mais céptico em relação a soluções maravilhosas e que tudo prometem resolver.

Creio que os tais liberais não possuíam essa capacidade. Daí o deslumbre com a CEE e o achar que era só "abrir". No fundo, penso que se aborreciam. Como, aliás, a maior parte dos que militavam na esquerdalha. Aborreciam-se, e a excitação do momento, na altura, era brincar à política. Para alguns, os oportunistas, era mais que isso: era fazer pela vidinha.

José disse...

O Sá Carneiro era um político para os tempos que temos. Só isso.

Era um sacana como os demais, embora fosse anti-comunista e queria uma economia e um país "a sério". Mas não me parece que fosse sério, mesmo a sério, como o eram Salazar e Caetano.

José disse...

Sà Carneiro teve este problema que mostra o que era. Não era um individuo " a sério".

José disse...

Por vezes penso o que seria de um Dias Loureiro ou de um Oliveira e Costa ou mesmo de um Marques Mendes, com Sá Carneiro.

E acho que seriam os mesmos, o que é dramático.

Unknown disse...

Que bela sequência de posts.
Relacionado com isto há hoje uma pérola no jornal I. Esse perfeito representante do regime que é o Sr. Vítor Ramalho improvisa sobre duas datas que os patriotas portugueses devem celebrar embevecidos:
0 1914, marcando um início da Grande Guerra onde os heróis da República lutaram pelas colónias contra a cobiça alemã, enviando uns pobres coitados para a Flandres como carne para canhão;
e o 25/4/174, em que os heróis de Abril puseram termo à cegueira de quem queria manter a integridade da nação.
É ler para ver o que é o naufrágio moral e intelectual a que Portugal chegou.

Miguel D

O Público activista e relapso