António Lopes Ribeiro morreu em 1995 e em12 de Outubro de 1983 o Sete entrevistara-o, numa altura, cerca de dez anos após o 25 de Abril em que se tornaram a mostrar ao público mediático algumas figuras que tinham passado pelo regime de Caetano. Parecia que tinha chegado um tempo de reconciliação dos portugueses com o seu passado mas foi sol de pouca dura. Bastou chegarem os arrivistas formados nos isctes e escolas de jornalismo a la minute para se olvidarem novamente alguns que foram importantes para a nossa memória colectiva. Como Eusébio, precisamente.
Aliás sobre futebol e o mito Eusébio, outro artigo no Observador de 3 de Setembro de 1971 explica o fenómeno dos que vinham do Ultramar para a Metrópole jogar em clubes. Não havia mistério algum: em Angola e Moçambique os bons jogadores apareciam quase por geração espontãnea, como escrevia então Meirim. Estranho mesmo é que o filão que parecia ser natural e inesgotável se tenha exaurido. Não aparece ninguém, agora, vindo das "antigas colónias". Tirando o Mantorras...porque será? Era o "colonialismo" que segregava talento entre os jovens filhos da terra da África portuguesa?
Porém, para colocar as coisas no seu devido sítio, é preciso não esquecer que nessa altura não havia a clubite de hoje associada a um nacionalismo serôdio e bacoco em considerar os nossos como sendo sempre os melhores do mundo e arredores. Tal como a palavra "orgulho", uma palavra pouco digna, não era usada e abusada como hoje o é. Na altura o ceptro de rei do futebol era de Pelé. Ontem e hoje, como escreve o Observador de 30 de Julho de 1971.