segunda-feira, janeiro 13, 2014

Como chegamos à terceira bancarrota...e como as memórias se inventam

Ao ouvir comentadores televisivos e ler nos jornais pessoas a explicarem o que no sucedeu nestes últimos anos, deparamos com muita gente que perdeu a memória dos factos e inventa memórias convenientes. Uma delas, o próprio antigo primeiro-ministro, José Sócrates num vergonhoso frete televisivo que lhe prestaram as pessoas que mandam na RTP.

Para refrescar essas memórias esquecidas aqui ficam mais recortes de jornais- a melhor forma de situar acontecimentos, relatar factos e apresentar números, para além da mera opinião avulsa-neste caso do jornal i de Julho de 2009, antes das eleições desse ano e campanha eleitoral para as mesmas.

Em 22 de Julho de 2009 o jornal i apresentava dois políticos concorrentes a essas eleições: o primeiro-ministro em exercício e a contendora Manuela Ferreira Leite, do PSD e agora comentadora habitual contra o governo que está.

Na época a notícia era o brutal aumento do défice que ambos prometiam resolver sem um "brutal aumento de impostos". Assim:


Na edição de 28 de Julho de 2009 um professor tentava explicar como tínhamos chegado a este descalabro gigantesco nas contas públicas e estávamos à beira da terceira bancarrota em menos de 40 anos ( 1976, 1983 e agora). A conclusão estatística é que a despesa aumentou mais durante os governos de Durão Barroso  e Santana Lopes. Ferreira Leite que agora aparece quase como outsider e crítica feroz do governo, eventualmente por lhe mexer na pensão na altura era pessoa com responsabilidades políticas importantes: "eleita pelo Círculo de Évora, tomou assento na Assembleia da República em 1995, reeleita por Lisboa, em 1999. Ao longo desses mandatos presidiu à Comissão Parlamentar de Economia, Finanças e Plano, de 1995 a 1999, e ao Grupo Parlamentar do PSD, entre 2001 e 2002. Em 2002 regressou ao Governo, como Ministra de Estado e das Finanças do XV Governo, tendo sido a primeira mulher portuguesa a assumir esse cargo."  Ferreira Leite é uma das principais responsáveis pela bancarrota iminente em que nos encontrávamos. Na altura e quando precisávamos de pessoas de Estado, Ferreira Leite não via um palmo à frente do nariz. Porque há-de ver agora?



 Na  edição de 29 de Julho de 2009, o economista e deputado Miguel Frasquilho, do PSD; tentava alijar as responsabilidades do "monstro das bolachas do orçamento" para os governos de Guterres. Assim:


Quanto ao governo de Sócrates basta ler o que dizia o inenarrável ministro da Economia, o Pinho dos tamancos italianos e dos corninhos infantis. Na edição de 4 de Julho de 2009 ainda acreditava no pai Natal que aparecia mais abaixo a prometer apoio a um governo que apostava nos TGV e nas grandes obras públicas, para gáudio do dito que lá tinha o seu empregado Pinho, diligente e obrigado. Outro que não via um palmo à frente do nariz mas arranjou colocação condigna no estrangeiro, paga pela EDP pré-privatização. Um escândalo entre muitos.

Em 29 de Julho o mesmo jornal tentava explicar o que se passara com as despesas públicas que tinham assumido feição assustadora e a ameaçar bancarrota e o "brutal aumento de impostos" que se revelava inevitável, menos para aquelas luminárias.

O antigo ministro Luís Campos e Cunha ( quatro breves meses no governo de Sócrates, o suficiente para perceber que o mesmo não tinha emenda quanto à despesa) dizia ao mesmo jornal, em 11 de Agosto de 2009 o que parecia evidente mas a propaganda não deixava perceber, tal coomo hoje:

Quanto a Sócrates e ao governo que viria, o jornal de 30 de Julho fazia um prognóstico: aumento de impostos. O que agora contesta...

Agora, em 2014, o director do Sol, num artigo à guisa do Observador de antanho ( sans blague) explica como é que esta situação assim criada é apreciada pelos portugueses.


Parece que os portugueses se inclinam para dar a vitória eleitoral nas próximas eleições ao PS.
Teremos futuro como país? Duvido.

Questuber! Mais um escândalo!