quinta-feira, janeiro 16, 2014

O passatempo favorito da Esquerda que sempre existiu

A Esquerda portuguesa não fossilizada  tem um passatempo favorito: reinventar o "sonho", procurando sempre novos caminhos por atalhos velhos.
Em 15 de Março de 1986, inebriado com a vitória do "candidato dos pobres", Mário Soares, o Expresso dava meia dúzia de páginas a algums próceres da ideia de Esquerda para se pronunciarem sobre os "novos caminhos", o que em épocas anteriore aliás já haviam feito.



Desta vez, os participantes na "mesa redonda" eram estes e o que disseram mostra bem o discurso "meme" de sempre:



E como cerejinha neste bolo de sonhos perdidos,  o editorial de Vicente Jorge Silva, esclarecedor porque poderia ter sido escrito hoje, tal é a inteligência fulgurante que dali brota. Dantes era Mitterrand; hoje é Hollande e o problema é sempre o mesmo porque quem nada esquece e nada aprende, nada tem a dizer de novo.
Como dizia um filósofo antigo " quem não sabe o que procura não reconhece o que acha"...e que João César Monteiro prafraseou com uma  boutade " se não sabe, porque pergunta?"



104 comentários:

JC disse...

Deliciosa a carta do leitor Neves Anacleto, na rubrica Cartas dos Leitores-Sem Comentários, que se encontra debaixo do artigo de opinião do Pulido Valente, logo na primeira foto.
Curioso que naquela época ainda permitissem a publicação de uma carte desse teor.
Penso que agora não seria publicada.

josé disse...

Eu gosto é de ler o inteligente Vicente a escrever sobre "o muro do dinheiro" e o "poder dos privilégios".

Parece que o Vicente depois de sair do Público fez um filme...

zazie disse...

ehehe Continuam na mesma. Vivem de palavras. Só blá, blá. Só grandes conceitos vazios.

Palermas.

Floribundus disse...

havia fila à porta do templo quando o profano vjs prestou provas de iniciação no gol.

convidaram-me desculpei-me e não fui. por estar entre irmãos não disse que não perdia o meu tempo com merdas.

em Charles De Gaule esperamos dentro do avião durante 1/2h por um intelectual que se enganou na porta. não reproduzo o que se ouviu

de quando em vez regressa a barca de caronte para levar o socialismo para o nosso inferno
'diabo-de que morres-te?
-samicas de caganeira
-...'

agora em vez dos noticiários das tvs ligo para o euro-news

zazie disse...

Mas isto andou tudo pela maçonaria

ehehehe

Esses detalhes é que me escapam.

Que raio de poder teve a maçonaria em todas as revoluções.

Que foi toda esta gente fazer lá para dentro.

Nunca entendi.

Nem nos de boa fé, vai-me desculpar, Floribundus.

Nunca entendi. Parece sempre coisa à Tintim e sábios das bolas de cristal.

Uma criancice mascarada, com macacadas a imitar a religião, sendo ateus.

":O)))))))))))))

zazie disse...

E as colunas, que andam aquelas alminhas a fazer com as colunas do Templo de Salomão.

É que imaginado de fora parecem maluqueiras à Monty Python.

Como é que não se riem, como é que conseguiam fazer aquelas iniciações com a velinha e o beija-cu.

Há coisas que hão-de sempre ultrapassar-me.

Aladdin Sane disse...

O Brederode Santos é a cara chapada da irmã, a "superpedagoga".

hajapachorra disse...

José machadinhas (não se abespinhe que o malhador é rapaz esperto, inteligente e coleccionador), olhe outro tipo 'que se recusa a pensar', que teima que há direita e que a direita não acabou... em Marcello Caetano, eheheh.

http://malomil.blogspot.pt/2014/01/a-direita-portuguesa-contemporanea.html

Já agora, Salazar e Marcello não eram de 'direita', como Estaline ou Tito não eram de 'esquerda'. Estes memes eram ditadores e ponto.

José disse...

"Estes memes eram ditadores e ponto."

E está feito o retrato photomaton-meme...

A realidade, essa, é mais subtil e detalhada. Mas para quem é bacalhau basta.

José disse...

Estive a ler com atenção relativa o artigo do Malomil.

Como explico? Não me agrada. É muito asséptico, muito citador descontextualizado de análise e muito sociologista-académico-paperista.

Não gosto de artigos que definem uma linha de pensamento que assenta em ideias simplistas.

O Independente e a Kapa não eram de direita. Ponto. Pelo menos da direita que prcuro e não encontro. E o António Araújo diz que sim e que foram os percursores da "viragem" nos anos noventa.

Para exemplificar há uma revista que posso classificar de "direita", em França: La Nouvelle Revue d´histoire, dirigida por um Dominique Wenner ( que se suicidou em 2013) e que a Wiki classifica na extrema-direita.
Não me parece e o que lia na revista tinha um cunho diferente do extremismo direitista.

O que pretendo dizer com isto é que o António Araujo é de esquerda e por isso não compreende o que é a direita e cola-a ao folclore típico das ideias feitas.

Luís I. disse...

"Se não sabe porque é que pergunta" é uma citação do psicanalista João de Santos e que também dá título a um livro de conversas suas com João Sousa Monteiro.

José disse...

O António Araújo foi, aposto, da extrema-esquerda e isso é um ferrete mental que não sai nem com doses cavalares de educação aggiornata na democracia.

José disse...

Luis I:

Obrigado pela informação. Só tinha a referência ao César Monteiro, um doido, aliás.

Quanto à essência do dito não é original, claro.

JC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JC disse...

Esse ferrete mental não sai nem com lixívia...

José disse...

Quanto ao demais, há no artigo de António Artaújo um ausência de profundidade de campo, ou seja para explicar melhor, o artigo procura uma síntese do que foi a evolução da putativa direita portuguesa mas o modo como o faz, lembra a compressão sonora de uma peça musical complexa em mp3 de baixa resolução.

Preferia um texto em formato wav, preferivelmente com uma resolução de 24 bits e 192 kHz. Para não dizer mais alta, porque profissionalmente atinge-se os 800 e tal kHZ, em estúdio.

O texto é uma redacção erudita e formatada.

JC disse...

(Para os que insinuam que há aqui censura/ditadura, tenho a informar que fui eu que apaguei os dois antecedentes comentários, por ter repetido duas vezes o mesmo lapso de escrita...)

José disse...

A principal habilidade do MEC foi escrever sem formato académico e com liberdade de adjectivos.

Quem teme a crítica por causa disso, acaba sempre a escrever em formato mp3.

José disse...

Volto a repetir: não apago nunca os comentários, sem avisar primeiro. E fi-lo uma ou duas vezes porque o comentador se pôs com considerações pessoais de extrema parvoíce e com objectivos turvos.
No caso pôs-se a escrever quem eu seria, o que faria etc.

Num outro comentário que aliás não apaguei voltou a fazer o mesmo. E portanto, mesmo esses já nem apago. Não me importa muito a não ser que sejam difamações pessoais.

José disse...

O caso do Semanário é interessante porque tenho muitos números do jornal e não é essa direita que me convence que é direita.

Quando muito é uma percursora de um neoliberalismo que nem é nada, em Portugal.

E nós sabemos que o neoliberalismo apareceu via extrema-esquerda trotskista.

José disse...

O Semanário não significou a chegada de qualquer direita, mas apenas do arrivismo social, seja lá isso o que for, mas todos percebem.

Foi um jornal que congregou certos arrivistas de Lisboa num período em que a economia começou a beneficiar de fundos estruturais da CEE.

Isto é que é a direita?

O Vítor Cunha Rego era de direita?

O não ser de esquerda não signfica necessariamente que se seja de direita e depois de anos a fio com um discurso monolítico de esquerda em todos os media, o aparecimento de um jornal com outra linguagem aparentemente diferente, mas cingida aos aspectos económicos nada significa de mudança.

zazie disse...

Tinha 8 anos no 25 de Abril. Não sabe nada mas é da Nova.

Ser da Academia dá logo garantia maior que andar aos jornais.

zazie disse...

Aliás, nem é da Nova. É de Direito mas conferencia na Nova na qualidade de Historiador.

zazie disse...

Quer ver aquilo que eu chamo efeito Bouvard et Pécouchet.

É isto. ele tem de pegar num livro do Anthony Giddens para enfiar lá dentro o Independente e mais a TVI e mais o liberalismo como Direita Portuguesa.

»Trata-se da tensão entre conservadorismo e liberalismo, entre Edmund Burke e Milton Friedman.»

eeheh

È isto. Não viveram a época, não conseguem pensar nem olhar a realidade se não tiveram uma cartilha para a interpretar.

zazie disse...

E depois sai-se com esta:


« Como pode a direita ser liberal na economia e conservadora nos costumes, ou vice-versa? A direita festiva dos anos oitenta e noventa e, mais recentemente, a novíssima direita dos blogues não resolvem o problema, »

Mas que Direita dos blogues?

Já viu que ele usa uma palavra sem a entender?

Há Direita porque existe esquerda.
E esta a lógica. Se temos uma perna esquerda, também temos de ter uma perna direita.

zazie disse...

Mas pronto. tensão entre conservadorismo e liberalismo, entre Edmund Burke e Milton Friedman.

Quem fala assim não é gago e tem muitas notas de rodapé.

O que mais temos em Portugal é mesmo tensão entre Burke e Friedman

AHAHAHAHAHHAHAHAHA

josé disse...

É um discurso vago e inútil. É um gasto de tempo escrever aquelas coisas que parecem formatadas num qualquer rilhafoles espiritual.

Disse que era prof na Nova? Logo vi.

Falta ali essência, substância, originalidade, divertimento.

Aquilo poderia ter sido escrito por um robô informático carregado com as informações que circulam.

Não há uma ideia nova, um lampejo de originalidade interpretativa e é uma réplica do que já li milhentas vezes pelos memes.

zazie disse...

E o Mujah que se cuide que até o bloguito dele, não tarda nada, vai entrar na categoria dos "ressaibos nostálgicos da recuperação da memória ultramarina".

Ok. A "Direita nacionalista e muito aguerrida" à Silvino Silvério Marques.

É bom fazer sempre declaração de intenções na Academia- Não é nostálgico de nada.

zazie disse...

Não sei se é prof na Nova. Palra na Nova, na qualidade de Historiador.

É de Direito. A formação é Direito.

Mas nasceu em 66 e isto é para ser académico à Nova.

É como lhe digo- os académicos tornaram-se esta coisa de copiadores de chavões, com muita citação de "correntes estrangeiras" e sem conseguirem ver um boi à frente do nariz

josé disse...

Os novos magistrados são assim...

zazie disse...

Cá para mim, que sou uma básica do caraças, isto é blogosfera.

É Coluna Infame e 31 da Armada e mais aqueles tolinhos neotontos da Atlãntico.

Olhe, isto é a versão académica das crónicas radiofónicas da Helena de Matos.

É o melhorzinho que se arranja.


Nem a estética dos anos 70 conseguem captar. trocam anos 70 por 50 ou 60.

josé disse...

Que doença é que atingiu esta gente que dantes não havia?

Será a doença da imbecilidade latente?

zazie disse...

São?

eheheheheh

Eu gosto tanto de morder estas coisas de patapoufs.

Falta-nos um Swift ou um Flaubert para brincar com este mundinho de palratório vazio.

josé disse...

Não captam a estética porque não a viveram.
Foi essa a maior crítica que fiz ao filme televisivo sobre os retornados.

Nem a iconografia exacta arranjaram, sendo uma espécide de pastiche.

O Mad Man americano também o é mas ao menos tem uma estética slick que me agrada.

zazie disse...

Não sei, José.

Deve ser das coisas mais antigas que desde novita gostava de morder.

A linguagem vazia e emproada, acompanhada da total ausência de senso comum.

É a bovinidade sublime.

":O)))))))

josé disse...

Os novos magistrados de topo, ou seja os de melhor aproveitamento escolar.

O pior é lidar com as pessoas reais do país que temos...

josé disse...

Isto precisava de um Swift ou de alguém como o americano Tom Wolfe que captou muito bem nos seus romances, esta fauna.

Escreveu um artigo sobre os Three Stooges.

Se não leu vá à net que deve parar algures e vale a pena porque é um must sobre isto mesmo.

zazie disse...

Neste caso nem é emproada. É mesmo asséptica.

Com muito medinho de poder parecer um croniqueiro de jornal como o Dacosta

zazie disse...

Dissemos ao mesmo tempo.

Pois precisa.

E é por isso que o Dragão faz falta.

zazie disse...

Vou ler esse do Wolf

Inté

Já nos rimos um bocadinho, ó sô Malhadinhas

":O)))))

muja disse...

E o Mujah que se cuide que até o bloguito dele, não tarda nada, vai entrar na categoria dos "ressaibos nostálgicos da recuperação da memória ultramarina".

Espero bem que sim.

Significa que está a cumprir a missão perfeitamente.

Por falar nisso, tenho que lá pôr mais umas coisas que entretanto já li.

E vão ser do Silvino, ah pois. Tenho coisas do Silvino que nunca mais acabam! ahaha!
Mas antes talvez lá bote o Kaúlza, visto que ainda não está lá nada sobre Moçambique.

E já digitalizei as fotos do lindo trabalho de libertação da UPA. Mas essas vão esperar pelo texto que as acompanha e que ainda não li. Junto à confissão do facínora no Le Monde e mais a peça do The News and Courier, vão compor um belo ramalhete para esfregar na tromba dos cata-"ventos da História".

zazie disse...

Ora boa.

Depois vou lá ver

hajapachorra disse...

O problema é esse: quem formou a sua personalidade antes do 25 de Abril, por muito que se diga de esquerda está cheio de tiques autoritários. Ter mais de 18 anos em 75 não dá autoridade nenhuma, dá é uma cegueira tão cega que faz do paciente um tolinho, o único lúcido na terra. Ouvindo-vos oiço o rosas, o hespanha, metade da fauna das academias. O António Araújo é para bem del um bocadinho mais novo do que vós e por isso tem mundo e não tem preconceitos. O josé infelizmente só vê direita no regime anterior, no regime posterior a 75 não reconhece ninguém de direita. É como negar a lei da gravidade. Confunde a mentalidade dominante, basicamente liberal, porque é disso que se trata, relativismo moral a todo o custo, com direita e esquerda e isso é um erro colossal. A corrente dominante é a mesma em toda a Europa e nas universidades do continente americano. É isso que interessa, o resto a organização do estado ou da economia é só fogo de vista, obviamente. Em Portugal na França - basta olhara para o pobre do Hollande - entre esquerda sai direita e a política é exatamente a mesma. Aquilo a que chama esquerda nada tem a ver com a organização do estado ou da economia, é puramente civilizacional e significa o triunfo do individualismo extremista, do seja como o menino quiser. Aquilo a que chama esquerda é a esquerda das partes baixas. Quer que pense? Com os inguinalia? O caríssimo está a deixar-se envelhecer tragicamente, o mundo do estado novo foi há muitos séculos e não merece sequer ser recordado, fazê-lo é rebaixar-se ao nível dos loff, das fulsener e dos rosas. A história a sério é outra coisa. Sei que é dificil, os nossos historiadores são uma bosta, estão dominados por sociologismos baratos, não leram os clássicos, nem os modernos, não conhecem o passado, mas podemos sempre exigir mais e passar além dos recortes dos jornais. Sabe o que dizia Charles de Péguy? Homero é mais actual do que o jornal desta manhã. Com jornais não se compreende a história. É preciso ler os filósofos, os grande autores, os grandes poetas, os grandes críticos, ler os textos, os textos difíceis. Essas caralhos querem fazer historia do séc XX sem ter lido Musil, Joyce, Kafka, Mann, Vergílio Ferreira, o lixo neo-realista, Almada, Broch, Eliot, Pound, Heidegger, Wittgenstein, Gadamer, Jaeger, Barthasar, Congar, Stein, Rahner? Impossível. Não é com meia dúzia de coisas avulsas dos inevitáveis cocó, ranheta e facada, os 'mestres da suspeita', nem com 'facções' 'antifascistas' ou 'fascistas' que se vai lá. Népia, nada, nicles. E mais respeitinho pelo António Araújo, ou desprezam-no por ainda não ter o obturamento? É docente da Faculdade de Direito de Lisboa e só ainda não defendeu tese porque as nossas faculdades de direito são casas de doidos onde não se respeitam as leis. Percebo que a zazie ache piada ao que escreve o josé e que este se sinta reconfortado com o apoio permanente, mas não ganham nada com isso. Quanto a ir na onda, fiquem descansados que não tenho receio de nadar contra a corrente. É o que tenho feito há muitas décadas, mas não quero dizê-lo aqui. Estou-me cagando para a esquerda e para a direita, bato-me contra a ideologia de género, pela defesa dos valores inegociáveis da vida humana e da família, contra o aborto, o gaymónio, a eutanásia, pela liberdade de expressão, política e religiosa, por uma sociedade minimamente civilizada, pelo Estado Social, hélas, pelo acesso gratuito e universal à saúde e à educação, pela escola pública. Detesto 90 % dos políticos e 99 % dos jornalistas. Abomino os regimes totalitários e os regimes autoritários, ainda que doces. Nunca me passará pela cabeça defender o estado novo nem a primeira república. Ah, e por fim, sou monárquico. E com isto me despeço de um blogue que perdeu a largueza de vistas que já teve. O caruncho é do caraças. Paz e bem. Hajapachorra.

José disse...

O problema é esse: quem formou a sua personalidade antes do 25 de Abril, por muito que se diga de esquerda está cheio de tiques autoritários. Ter mais de 18 anos em 75 não dá autoridade nenhuma, dá é uma cegueira tão cega que faz do paciente um tolinho, o único lúcido na terra.

Está enganado por um motivo simples:

Esquecendo essa coisa da autoridade que tem a ver com o carácter e não com a idade ou o tempo em que se nasceu, quem tem 75 viveu mais que quem tem 18 e principalmente viveu num tempo em que pode fazer comparações reais e com memórias reais ( não inventadas) sobre o que experimentou e viveu. E isso é insubstituível por uma qualquer arrogância de juventude que é compreensível e que alguém de 75 percebe ainda melhor.

Portanto, há uma vantagem evidente em ouvir os velhos. Só por aqui é que a arrogância de juventude permite que a inteligência fique embotada porque essa vantagem é uma evidência.
Também é uma evidência que a experiência de juventude é marcante e um comunista perseguido pelo antigo regime e preso por isso não tem a mesma experiência de alguém que o prendeu ou ajudou a tal.
O que tento fazer aqui é o paralelo entre quem o prendeu e o que pensava e o que foi preso e o que defendia.

Se isto é ser tolinho, vou continuar porque há muito que ainda pretendo dizer sobre o assunto.

" O josé infelizmente só vê direita no regime anterior, no regime posterior a 75 não reconhece ninguém de direita."

Esta afirmação não é verdadeira porque basta ler com atenção o que escrevo para tal perceber.

A minha ideia é outra: procuro saber o que é isso de "direita" porque "esquerda" sei-o bem.

E antes de 25 de Abril não era tudo de direita, antes pelo contrário. O próprio Marcello Caetano não era de direita típica conforme se pode de algum modo dizer que seja a direita ( na formulação de Bobbio, por exemplo).

O Kaulza de Arriaga tenho dúvidas que fosse de direita típica.

"podemos sempre exigir mais e passar além dos recortes dos jornais"

O que é que o incomoda nos recortes de jornais que são páginas e páginas com entrevistas, artigos opinativos escolhidos, factos e estatísticas etc etc?

Acha que um livro se faz doutro modo ou, ainda pior, com meras opiniões subraídas a crítica e fundamentação por provir de alguém que se apresenta com autoridade?

O que tento fazer aqui com os tais recortes que para mim são essenciais para perceber o "pathos" do tempo e não há nada que o possa substituir senão as memórias pessoais, é tudo aquilo que escreve a seguir.

Em tudo o que escrevi sobre a esquerda tentei sempre encostar as suas ideias explícitas a um beco porque me parece que o seja, em aspectos importantes de conquista e organização do poder político.

Porém, o próprio Marcello Caetano tinha ideias de esquerda como eu aliás tenho e muita gente que considero também tem.

Quando V escreve, citanto Péguy que Homero é mais actual que o jornal desta manhã, tal pode ser verdadeiro apenas num certo sentido. Porém o jornal desta manhã pode replicar Homero e desenvolver ideias homéricas permitindo ler os sinais do tempo que passa com o testemunho do passado.

É exactamente isso que procuro fazer por aqui.

Como não sou intelectual académico faço como sei e posso.

Se tal é proveitoso para alguém não sei. Para mim tem sido e muito.

E isso me basta.

José disse...

E agora li a parte final do seu comentário de despedida.

Hajapachorra: V. não lê o que escrevo. Treslê com os seus preconceitos.

Por isso não adianta dizer nada mais.

José disse...

E sobre o António Araújo daquilo que li no seu blog:

Prece-ne outro emproado, sem noção de amplitude do que lê e típico de uma geração que se julga a melhor preparada de sempre. E não é.

Lamento dizer mas não é.

Quanto ao demais não é nenhum imbecil como vejo por aí e reconheço grande valor no que escreve.
Só que o bom é inimigo do óptimo e se eu lesse nesse blog algo que me entusiasmasse escrevê-lo-ia aqui.

Como não leio e apenas vejo coisas repetidas sem o senso inteligente que gostaria de ler, penso como escrevi.

zazie disse...

O Hajapachorra não lê ninguém, a não ser os pares.

O Hajpachorra esquece uma coisa básica- uma fonte, pode ser uma pessoa que viveu os acontecimentos.

Porque não é mais fonte os mesmos relatos guardados num arquivo bibliotecário.


Fazer História recente não é muito diferente de fazer jornalismo.

Portanto, o facto de ter 8 anso no 25 de Abril não dá qualquer mais-valia para com isso se argumentar que vai ser mais fiel a uma realidade que não conheceu.

zazie disse...

O Hajapachorra gosta muito de mandar os outros pensar mas nem lê o que eles pensam e também não pensa.

O problema é que o hajapchora vai atrás da moda e acha que tudo tem divisões dicotómicas.

Portanto, se há esquerda, tem de haver direita.

Reconhecem-se por se apontarem reciprocamente como tal.

José disse...

Ainda outra coisa sobre os recortes de jornais:

O livro de Fukuyama sobre o Fim da História e muitos outros livros nasceram de artigos de jornais e revistas que foram depois ampliados para melhor explanação de ideias. Mas a ideia básica e fudnamental está lá.

Por outro lado, como é que se consegue saber a opinião de pessoas cujas ideias nos interessam e sobre assuntos concretos de determinada época? É pelo ar do tempo? Pela leitura de livros? Pelo testemunho dos amigos- e neste caso como se recolhe tal coisa?

E ainda: como é que se situa e mostra temporalmente a factualidade vivida por exemplo no dia 25 de Abril de 1974 se não for com recortes de jornais e revistas?

Os filmes também ajudam mas esses completam em menos palavras as imagens impresas ( perceberá o paradoxo estou certo).

E como é que se mostra a diacronia dos acontecimentos políticos senão com um relato do dia a dia das ocorrências relevantes que só os jornais nos dão?

Consegue obter melhor fonte de informação?

E principalmente o que procuro fazer e me dei conta há uns anos largos:

Como é que se detecta a mudança de linguagem e paradigma na nossa sociedade senão através dos registos de época dessa mesma linguagem, signos, referências, acontecimentos etc?

E quem e onde está registada tal alteração e mudança de modo evidente para quem quiser e souber ver?

Percebe o que U.Eco tentou dizer?

Esperava um pouco mais de si, hajapachorra...

José disse...

O que eu acho mesmo do hajapachorra é que se apercebeu que isto dos recortes pode ter mais importância do que supunha e tenta desvalorizar.

Ao se dar conta disso, não dominando esse facto porque não o tem à disposição, faz como a raposa e as uvas...

zazie disse...

Despediu-se e é pena.

Eu até sei o motivo e nem tem nada a ver com o José.

Foi por eu ter dito uma treta.

Não faço a menor ideia quem seja o Hajpachorra nem nunca tive interesse ou curiosidade em saber.

Não sou cusca.

Mas, dizem que sou perspicaz.

Lembro-me das suas intervenções há vários anos e no Blasfémias.

Nessa altura os nicks eram acompanhados de um email que podia ser fictício e nem era visível.

Lembro-me que o do hajapachorra era mesmo esse tal "fec-ml".

zazie disse...

Claro que e a mim me toma por uma tolinha o que é óptimo porque eu gosto de tolinhos sem toleima.

E até pensava que eu era uma aluna tosquita do Moisés Espírito Santo, lá por fazer aqueles posts com cruzamentos malucos, onde misturava iconografia com muita outra coisa.

Não sou académica paga- só à borla e como eu quero-precisamente porque não escrevo nem penso, nem falo como esses espécimes das torres de marfim.

José disse...

Se era fec-ml está explicada uma idiossincrasia.

E é nessa ferida que eu ponho sempre o dedo- para calcar e doer intelectualmente, assumindo uma posição de superioridade moral ( que não é real porque nunca me senti superior a ninguém, nem mesmo a certos imbecis a quem dei aulas...) que quem sente não gosta.

E não gosta por uma razão prosaica: ou nega a palermice intelectual ou a assume interiormente tentando sempre justificá-la de vários modos.

Se a negar está perdido porque interiormente já percebeu que não foi capaz de ser melhor. Se a assumir ainda pior...

José disse...

Ter sido esquerdista extremo é o mesmo que ter sido nazi. É um modo de exprimir um desejo de purificação de raças que num caso é literal e noutro uma derivação para uma purificação ideal que acaba no mesmo. O comunismo foi responsável pelo genocídio de mais de cem milhões de pessoas, conforme se escreve no Livro Negro.

zazie disse...

Jose´.

Eu conheço o meio académico. Como disse, até sou colaboradora à borla.

É assim.

Nem apalpam a popelina. Basta-lhes espreitar a etiqueta.

Nem sei bem o que se consideram. São assim em toda a parta- uma casta de citações e respeitinhos e desdens recíprocos por tarimba.

Tudo se pesa por teses, tesinhas e tesonas e lá se aquecem com estes barómetros.

José disse...

E quem fez parte de organizações que defendiam a luta armada para depôr a burguesia assumindo a necessidade de uma ditadura de um proletariado que não passava de uma fraude para os do comité central mandarem, está sempre com essa capitis diminutio lá dentro, a remoer porque o mal Absoluto de que Arendt falava é também esse.

A única redenção é a que José Luís Saldanha Sanches fez: uma confissão de imbecilidade. Uma confissão de inferioridade intelectual que mascarava ao contrário.

Mas tal coisa só o conseguem fazer os espíritos dignos e a merecerem respeito.

José disse...

Eu não conheço directamente o meio académico. Só por interpostas pessoas muito chegadas.

E não sei dizer isso mas sei dizer que me parece valer muito pouco nas ciências ditas sociais, com excepção do Direito e mesmo assim com dúvidas: é só citações de estrangeiros nem se dando conta que eles não nos citam a nós. Pudera!

José disse...

E agora vou recolher mais material para uma próxima exposição sobre a "direita cultural", uma apreciação crítica de parte do artido de António Araújo.

zazie disse...

Não sei se era. Sei que usava essa sigla como mail e sei que citou a fec-ml noutrasw alturas.

Mas é provável porque se enxofrou e não foi apenas consigo.

José disse...

Não creio que enxofrasse. Quem se enxofra normalmente é por um de dois motivos: ou pessoalmente está fragilizado emocionalmente, o que pode suceder e já me sucedeu.
Ou então porque percebeu que não tem argumentos e sente impotência intelectual para rebater outros. Ou então uma terceira via: perder a pachorra, o que tabém me sucede às vezes.

Como isto aqui é um divertimento intelectual, pelo menos para mim, não vem nenhum mal ao mundo e o melhor é que as pessoas se sintam bem, seja onde for.

Mesmo a comentar aqui...ahahahaha.

José disse...

O Carlos teve a gentileza de me enviar o pdf do artigo da Atual e um dia destes conto comentar se conseguri passar a imagem a JPEG.

zazie disse...

ehehe

Sabe o que eu achei mais piada na intervenção do António Sraújo

É que ele lá foi convidado para um colóqui na Nova acerca das "Direitas".

(deve ter sido yum Colóquio muito engraçado).

Como quis participar, lá teve de inventar as tais direitas.

E pronto, no espírito escardalho dominante e na Nova deve ter passado por um direitista a apresentar uma visão sem complexos da nossa História recente.

Essa de ter de enfiar a TVi, o Semanário, o Indenpendente e até o 31 de Armada na tal Direita moderna, é de se chorar a rir.

E depois cita ornitorincos, como o Tunhas.

Porque, de facto, nós não temos problemas de tensões entre Burke e Friedman- gtemos problemas de confusão de ornitorrinco com otorrinolaringologista

José disse...

Pois é essa ideia básica do Araújo que está errada: aquilo não é a "direita cultural" seja lá isso o que for e é precisamente isso que vou tentar descobrir. Porque estas coisas também se descobrem, pensando nelas e nas suas causas e efeitos.

zazie disse...

O Carlos é simpático.

O Hajapachorra não tinha motivos para se ir embora, mas isso é lá com ele.

Se é por ser monárquico, sempre tem o 31 da Armada, citado por um académico.

José disse...

E por falar em enxofranços:

V. lembra-se dos enxofranços homéricos que havia no Pastilhas de 2003 ( já lá vão dez anos...ehehehe)?

Aqueles enxofranços entre o Carapinha de Évora ( que conheci na altura em que lá fui) e tutti quanti?
E entre a Ana Albergaria, jornalista e não sei quem mais? E o maradona e também não sei que mais?

José disse...

Só refiro o Carapinha porque ele se identificou mais tarde com nome próprio. E a Albergaria assinava assim.

Havia uma sensibilidade exacerbada nessa altura entre pastilheiros. E que me afectou também a mim na altura em que o MEC abandonou o barco e andava a remar noutro veleiro...

zazie disse...

Pois havia.

Mas aí o formato ajudava. Era tudo muito próximo.

Demasiado, até. O que levou o MEC a pirar-se.

Mas aqui não são enxofranços dessa ordem.

São problemas de vaidade.

zazie disse...

Mas eu gosto de morder a lógica destas coisas.

Não é preciso um único argumento. Declara-se a patente daquele que se considerou ter sido desconsiderado.

Porque as vaidades académicas funcionam assim. As tarimbas impõe-se por desconsiderações do alto para baixo.

E depois, por desconsiderações recíprocas entre saberes (e aí até eu concordo, porque há tretas inventadas apenas para terem lugar na prateleira).

Quem está de fora do meio (da torre), por esse mero facto, já está desconsiderado à partida.

Os temas, as questões, os assuntos, o conteúdo até da querela- não interessa.

zazie disse...

O complexo escardalho do hajpachorra está nesta frase:

« o mundo do estado novo foi há muitos séculos e não merece sequer ser recordado, fazê-lo é rebaixar-se ao nível dos loff, das fulsener e dos rosas. A história a sério é outra coisa»

Então, se não merece, porque cita o António Araújo que se dedica precisamente a estudar o Estado Novo?

Se não merece, e se o hajpachorra também passa a vida a dizer que até o problema do VPV é de História nada mais saber para trás do séc. XIX, a História, pra o hajapachorra, é ideológica e faz-se com hiatos.

Hiatos de vergonha- as tais idades médias de sempre.

muja disse...

Olhem que esta agora...

hajapachorra, quem diabos é V. para me dizer o que devo ou não devo, posso ou não posso, recordar, ou pedir a outros que recordem para saber como foi?

Quem diabos é V. para decidir qual é a História que deve ou não ser recordada? O problema dos loffs e rosas, etc, não é o recordar o Estado Novo, é mentir sobre ele.

Ao depois diz que odeia os regimes autoritários... Pois. Olhe eu a mim desagradam-me os que me arruínam e ao meu país.

É o que eu digo, democratas e anti-autoritários auto-proclamados é fugir deles. Tiranetes em potência é o que são.

muja disse...

O José tem todo o meu apoio para fazer o que faz. E tinha zero anos em 75. E não só o meu, mas o de muitos como eu.

V. vem para aqui mandar vir, ao único sítio onde os como eu, nascidos na democracia, florescente de liberdades, que tanto lhe parece desagradar mas nunca questiona directamente; o único sítio, dizia, onde posso ter acesso a fragmentos, histórias, factos, opiniões e relatos sobre o passado do meu país e dos meus compatriotas, que não posso em mais lado nenhum.

Quer dizer, pergunto-lhe eu, que fazer? Que devemos nós, os novos, fazer?

É a ler Musil, Joyce, Kafka, Mann, Vergílio Ferreira, o lixo neo-realista, Almada, Broch, Eliot, Pound, Heidegger, Wittgenstein, Gadamer, Jaeger, Barthasar, Congar, Stein, Rahner que eu vou compreender Portugal? Que vou saber o que está mal ou bem feito, o que precisa de se fazer e o que importa, nalguns casos desfazer?

Ou é a saber como eram as coisas, na realidade? Quem as fez, porque as fez?

É lendo esses que para aí botou ou é a saber o que pensava e como pensavam os cocós ranhetas e facadas que construíram 80% do Portugal onde vivo?

Feche-se lá na torre de marfim com os seus "pensadores". Que aqui em baixo precisa-se é de gente apta, desassombrada e de visão clara de minhoquices académicas ou teias de aranha política.
E o trabalho do José é essencial para que haja gente assim.

Se alguma vez se retomar Portugal há-de ser mais com os cocós ranhetas e facadas, que com os seus pensadores da torre de marfim que escreveram muito, pensaram muito, mas nunca fizeram pagar a pensão de muita gente a tempo e horas. Nunca construíram um porto ou salvaram um país da guerra total.

Um dos genuínos maiores pensadores do século XX, o dr. António de Oliveira Salazar, - que V. cuidadosamente excluiu da lista - pensava tão bem ou melhor do que esses todos juntos. A prova? Enquanto esses escreviam livros, o outro construía um país, banhado por três oceanos.




muja disse...

E remato no mesmo tema do seu remate. Diz que é monárquico...

Tem as costas largas, el-Rei... Dão para tudo.

Esclareça-nos: se o Rei fizer impôr a sua autoridade a bem da Nação, V. passa a odiar o Rei?

Já agora, onde está o Rei, que não há quem no veja?

zazie disse...

Essa dos autoritários, na perspectiva que até o Marcello era um ditador, apenas porque sim, dita por quem se afirma monárquico tem uma certa piada.

Mas pronto, monárquico à D. João II do poema é o saudoso Paulo Cunha Porto que, à conta disso, também foi corrido como perigoso facista.

ehehehehe

zazie disse...

O problema foi mesmo o que eu detectei- vaidades e melindres académicos com uma certa banha de complexos escardalhos.

Porque, isso de uns serem velhos e o sangue novo ter 48 anos ou acima deles, também é uma dicotomia ornitorrinca.

E a chatice era se a malta (que nem sabe nada do tal Araújo) ainda estava a comentar com argumentos, apenas por ele ainda não ter apresentado o doutoramento

AHAHAHHAHAHAHAHA


São os motivos das considerações e desconsiderações que entendem.

zazie disse...

A lógica da direita cultural é assim- olha, por acaso até é paenas jogador de caricas mas eu sei que não vota PS nem PCP

O momento fundador ou é à Independente ou à Coluna Infame.

À conta do que é que isto é cultura, ninguém sabe.

Conta-se à cabeça, por declaração de voto.

zazie disse...

Têm de se apressar.

Daqui a 10 anos vem-lhes o caruncho e o sangue democrático mais novo também os manda calar

":O))))))))))

José disse...

Portugal percebe-se melhor lendo Camilo, Eça ou Aquilino do que Almada ou Fernando Pessoa.

Portugal percebe-se melhor lendo os jornais dos últimos 50 anos do que lendo toda a catréfia de Musils ou Kafkas.

É uma blasfémia não é? Pois é.

José disse...

O Portugal dos últimos 40 anos percebe-se lendo Salazar e Caetano. Não Cunhal que esse é uma inutilidade porque vem tudo em livros estrangeiros a começar pelo Manifesto Comunista.

José disse...

É uma chatice perceber que se perdeu o tempo adulto com puerilidades e patetices.

muja disse...

Bem o diz José.

E às vezes não há reacção pior e mais biliosa que essa. Ninguém gosta de aperceber tal coisa e é preciso ter algum poder de encaixe para admitir perante nós próprios.

Nào sei se é o caso e pouco importa também.

Eu não tenho nada que ver com essa gente nem geração. Não devo nada a ninguém, bem pelo contrário. E estou aqui a pedir-lhe que continue, José.

E pela minha voz falam muitos outros, disso estou eu certo. É todo o apoio que necessita.
Porque a resolver alguma coisa, vão ser os da minha geração e os seguintes a fazê-lo. Não é quem andou a bater palminhas à festa da bancarrota em nome da liberdade. A esses, caducou-se-lhes o direito de serem levados a sério.

Espero que me não leve a mal, mas é quase um dever fazer o que o José faz.



José disse...

E ocorreu-me agora uma coisa engraçada sobre os "recortes de jornais" tomados como facto para denegrir e desvalorizar.

Pelo menos eu coloco aqui os recortes, originais e que toda a gente pode ler e consultar.

Não me limito a dar opiniões avulsas, com imagens fragmentadas desses recortes e depois a indicação muito " à tese" da "bibliografia" consultada sem se mostrar verdadeiramente a mesma bem se sindicar qual a fidedignidade das citações.

O António Araújo e outros que escrevem sobre estes assuntos não fazem mais que isso: esportulam a sua opinião, muitas vezes sem a fundamentatem minimamente; apresentam uns autores estrangeiros dos quais se extraem citações avulsas e se atribuem conceitos que ninguém vai verificar se correspondem ao pensamento do dito e já está uma "tese" académica com louvores de mérito e excelência.

Ora bolas!

Não quero desmerecer o trabalho do António Araújo e isso que fique bem claro. Mas é preciso dizer quando o rei vai nu...

José disse...

Não é um dever porque não pretendo doutrinar seja quem for.

Este trabalho que aqui faço- e acabei de scannear uns tantos documentos sobre o conceito de direita e esquerda, apresentados pelos mestres como Cunhal e quejandos- destina-se em primeiro lugar a mim próprio e à minha procura pessoal de uma verdade elusiva e que me parece ao mesmo tempo atingível porque tomei consciência disso há algum tempo.

Porém, para atingir tal verdade ou resquício da mesma, é preciso mostrar e demonstrar. Não basta chegar aqui ou a qualquer lado e emitir opinião porque tal é insuficiente para mim.

O que aqui faço é mostrar factos, acontecimentos, números imagens estatísticas sempre assimiladas ao tempo em que ocorreram e daí extrair conclusões ou opiniões que me parecem lógicas e incontestáveis.

Se alguém quiser contestar, até agradeço porque não estou aqui para apresentar uma Verdade.

Ando em busca da mesma e parece-me que a poderei encontrar nesse aspecto particular: como fomos e porque somos agora quem somos.

José disse...

Ha um fenómeno muito curioso que todos podem experimentar e ver a ocorrer:

se se perguntar a alguém o que foi o MIRN é esperar pela resposta. Se viveram no tempo dos anos setenta, saberão dizer. Pois então é atentar nas respostas porque serão muito curiosas e demonstrativas do que ando a dizer: quem domina o discurso político em Portugal, é a Esquerda latu senso, incluindo por isso o PS.

José disse...

Este trabalho deveria ser o dos Historiadores ou dos sociólogos do CES ou do ISCTE. Mas não é porque apenas pretendem replicar uma tese assumida como Verdade. Não se atrevem a fugir dessa verdade que afinal de contas nem o é.

É um drama. Ontem na tv ( SICN, claro, com os cretinos do Expresso) esteve a Raquel Varela, a historiadora em voga do fascismo nacional.

Que nojo aquilo me mete.

zazie disse...

O MIRN foi terrorismo de extrema-direita

eehhehe

Nem sabemos o que diria o António Araújo "dos seus recortes" porque esta historieta foi outra coisa em que parte me passou ao lado.

O hapachorra é inteligente, suponho que extremamente culto e nada tem de tiques escardalhos, nem neotontos nem prá-frentex.

Há-de ser aquilo que declarou como definição.

Mas deve achar que há coisas perigosas no passado recente.

Portanto, o perigo será esse passado recente poder que está a ser "vendido" como algo com que se poderia ter a aprender.

Para ele nada tem porque foi tempo de vergonhoso colonialismo e de ditadura.

Destas coisas só se pode falar estando todos mortos ou por via de vivos que nada sabem e portanto, só podem fazer arqueologia bibliotecária, com o espírito desempoeirado de quem se livrou dessas coisas.

Penso que é isto e o resto é mesmo cegueira porque até estropia tudo o que se diz. Nunca nenhum de nós chamou Direita aos neotontos- quem lhe chama é aquele que ele recomenda como alguém que sabe que a Direita existe.

O hajapchorra é um case study.

Já achava que o Dragão também dizia aquelas iconoclastias por copiar o Chesterton.

Não topa nada sem o filtro das letras mortas.

zazie disse...

Se o José for ao Gogle vai ver que em todas as entrevistas o António Araújo (e quem diz ele, diz o Rui Ramos) têm sempre a preocupação de fazerem uma declaração de interesses, explicando que estudam uma época que não gostam nem queriam.

E isto é exigência académica. De outro modo tinham de estudar épocas muito mais antigas.

Para se fazer história recente e lá ir enchendo o cv, é preciso nunca parecer estar a ilibar essa época maldita, mesmo que nem tenha sido tão maldita como a pintam.

Eu nem reparei que colóquio foi esse mas tinha piada ler os outros papers.

Porque só pode ter sido uma anedota.

muja disse...

Este trabalho deveria ser o dos Historiadores ou dos sociólogos do CES ou do ISCTE. Mas não é porque apenas pretendem replicar uma tese assumida como Verdade. Não se atrevem a fugir dessa verdade que afinal de contas nem o é.

Pois é isto mesmo.

É nesse sentido, tal e qual, que é um dever.

Porque quem o devia cumprir não o faz e nós, nós precisamos desesperadamente de ponderar o passado e nossa História, para termos alguma hipótese de fazer qualquer coisa para o futuro.

É preciso vencer esta corrente de fazer tudo ao contrário porque sim, sem tino nem conta, que é o que nos desgraça.

E para isso é preciso mostrar tudo, para se ver o que está e estava bem, e o que está e estava mal. Fora de rectas, semi-rectas e outras obtusidades mentais.


zazie disse...

Eles não pensam e nem t~em tempo. Porque há a carreira. E para haver carreira há que aceitar convites e mostrar trabalho.

Imagine que o memso António Araújo tinha esse convite para participar e, em vez de ir à cata de exemplos para enfiar numas gavetas já feitas, dava em questionar as gavetas.

Não participava. Não apresentava trabalho.

Tinha de pensar tudo como se fosse a primeira vez.

Uma chatice que nem interessa porque no estrangeiro não precisam disso, as gavetas existem e funcionam, cá têm de funcionar também.

zazie disse...

No caso até me parece que há mais do que isso. Há medo de poder parecer opinião jornaleira.

Ele detesta tudo o que o Dacosta fez.

O perigo é poder parecer romance. É romancear esse tempo.

Para não se cair nisso, não se oiçam os vivos.

Acho que o problema é este.

Depois, tudo o que vier de arquivo tem ar de morto, é asséptico, juntamente com umas pitadas de teórico estrangeiro, passa por positivismo sério e histórico.

zazie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José disse...

O Dacosta é um verdadeiro Historiador porque apesar de ser assumidamente de esquerda não é cego de espírito e viu o que tinha que ser visto, sendo honesto no que escreve.

De resto não tem medo desse tempo porque não tem nada que provar.

O Dacosta escreve com memória exacta e referenciada ao que viveu. No caso dentro da oposição ao Salazar mas com outros que não eram oposição e portanto faziam parte de toda a sociedade do tempo.

Os historiadores tipo Rosas e quejandos, que o Araújo e outros imitam para não sairem do gotha porque de outro modo seriam expulsos e nunca mais teriam conferências ou reconhecimento social, apanham a sua realidade particular, conhecem a outras mas escondem-na.

Apresentam a sua como se fosse a única e a principal quando efecrtivamente não foi e nem sequer era a mais visível Existia em nichos de clandestinidade e depois transformou-se por magia em realidade virtual autêntica.

Maior falsificação só mesmo a ficção científica do futuro.

zazie disse...

Quanto ao problema do José poder desencaminhar a juventude ou doutriná-la com este blogue, é problema que nem se coloca.

Não se coloca para a juventude nem para a meia-idade sem caruncho.

Vão lá ler os comentários no Malomil-

só aquele texto já foi um trabalho ciclópico.

Eram lá capazes de abrirem recortes e lerem e nem terem a bengala opinativa para a decifração

AHAHAHAHAHAH

zazie disse...

Então leia entrevistas do Araújo e o que ele diz do Dacosta.

É incrível chegar-se aos 48 anos sem se ter percebido nada.

zazie disse...

Percebido nada do país onde se nasceu e da sua história recente.

E é com este défice que se faz História.

O problema não é ser sangue novo da tal geração melhor habilitada de sempre.

É nem ser suficientemente novo para desculpa.

José disse...

A realidade social de 72-73 era a que o Observador mostra.

Nunca dei, nessa altura, por nenhum comunista, mas que los habia, ay isso habia...

Portanto viviam em catacumbas como os antigos cristãos em Roma.
Depois de sairem das catacumbas contam o período histórico em que viveram como se fosse os donos de Roma e arredores e os verdadeiros, os facínoras que eram fascistas e por isso vivam em catacumbas ideológicas de obscurantismo.

Isto é uma loucura mas é o que fazem.

José disse...

Não vale a pena ler porque já perecebo que vale muito pouco.

Tem futuro neste país de faz de conta.

zazie disse...

Sabe uma coisa- academicamente os rosas mandam.

E sabem até como foi muita coisa e como mentem.

Estes não sabem mas têm de ter respeitinho.

José disse...

Pois mas nem todos se resignam a essa Mentira.

E quando derem por ela, haverá outros a dizerem-lho na cara porque não se pode enganar toda a gente o tempo todo.

Nessa altura espero ver.

Maria disse...

Com todo o respeito pelas opiniões de Haja Pachora cujos escritos até gosto de ler, devo dizer (se a minha opinião tiver alguma valia), que gosto imenso do que o José escreve e publica. Tendo estado por diversas vezes fora de Portugal antes e depois d'Abril, os documentos de ambas as épocas aqui reproduzidos são para mim preciosos. Tive oportuniade de ler alguma coisa, com o país já em democracia, pelos jornaís e revistas que minha Mãe me enviava, mas muito longe de ter tido conhecimento de tudo o que se passava em Portugal - e refiro-me especìficamente ao pós 25/4 e não ao antes - até regressar algum tempo depois a Portugal onde permaneci poucos anos, voltando a seguir ao país onde vivia na altura. E quando regressei de vez, aí sim tive a possibilidade de observar bem a política que se praticava e os políticos que nela mandavam. Mas tal como 90% dos portugueses, julgava que o novo regime introduzido no país pelos 'democratas de algibeira', completamente desconhecidos que eram os seus perfís cívicos e morais nessas alturas, era a benesse que os portugueses necessitavam porque finalmente nos ia ser proporcionado um nível de vida mais desafogado, principalmente para os mais desfavorecidos e um desenvolvimento económico mais rápido o que, consequentemente, nos tornaria num país mais moderno e industrial e tecnicològicamente muito mais consentanio
.

Claro que todas as ilusões se desfizeram num fósforo e todas as promessas
foram por água abaixo. E não há como desmentir esta realidade, porque é real e constactável. E não porque algumas melhorias não tenham sido bem executadas e até certo ponto, beneficiado os portugueses. Mas não é neste particular que está o grande mal deste regime e dos políticos que o representam, que aliás e curiosamete desde Abril de 74 têm sido sempre os mesmos, com poucas excepções. Ou seja, chamaram um figo ao regime que criaram para dele viverem até morrer.

O grande mal desta politicagem que nos caiu em sorte num dia d'azar, foi a total falsidade que se escondia sob a capa postiça da integridade absoluta e de um patriotismo sem mácula. E chega-se à triste conclusão, depois de muitos anos de 'democracia exemplar', que destes dois atributos supremos e indispensáveis para qualquer cidadão normal poder ascender a altos cargos políticos de uma Nação, que daqueles nem um átomo possuem e pelo contrário estão possuídos pelos mais repugnantes vícios políticos, cívicos e morais, podendo perfeitamente ser comparados com os maiores delinquentes a habitar o Planeta Terra.
dois motivos.
Sou insuspeita por variados motivos. Desde o 25/4 sempre me inclinei para os partidos centro-direita - votando a partir de 76 no PPD/PSD, primeiro em Sá Craneiro, depois no Prof. Cavaco Silva para primeiro ministro (minúsculas propositadas) e mais tarde votei sempre no mesmo candidato para presidente (minúscula intensionada) da República. Votei em todas as eleições até ao dia 22/11, dia em que rebentou o escândalo Casa Pia e com ele, perante um povo atónito e meio aparvalhado, as múltiplas revelações dos vícios abjectos de que este sistema é o seu espelho fidedigno e os políticos que o compõem o seu retrato fiel.
(cont.)

Maria disse...

(conclusão)

Quando se vive sob um regime em que os seus dirigentes máximos e muita outra gente com cargos importantes na sociedade civil mas àqueles ligados, estão envolvidos em redes criminosas do mais perigoso que existe, sendo o mais abjecto, ultrajante e inacreditável de todos, se tal é sequer possível, o facto de terem pertencido (e ao que parece continuarem a pertencer) a uma rede institucionalizada que pode e deve ser classificada como uma rede de pedofilia de Estado por dela terem sido e continuarem a ser frequentadores assíduos e em simultâneo desempenhado (e muitos deles desavergonhadamente continuam a desempenhar) com o maior dos à-vontades os mais altos cargos políticos da Nação..., então estamos perante crimes para os quais, pela sua gravidade extrema, terão que ser inventados novos adjectivos para poderem ser classificados d'acordo com a sua incomensurável vileza. Os adjectivos conhecidos são insuficientes e demasiado brandos para designar com o exigido rigor os seres infra-humanos em presença.

Depois de ter sido desmascarado todo o percurso político e pessoal dos promotores e gestores desta falsa democracia, todo do mais infame que imaginar se possa, se lhe juntarmos os múltiplos e imperdoáveis crimes de Alta Traição à Pátria, então podemos afirmar sem hipótese d'errar que nestes últimos quarenta anos, participando nós como ingénuos espectadores, fomos levados a assistir à farsa teatral mais pulha, vil e obscena como jamais este bom povo poderia ter imaginado mesmo nos seus piores pesadelos, vir a acontecer à sua Pátria bem-amada.

Parabéns a todos pelos excelentes comentários e especialmente ao José, pela verdade nua e crua que vem mostrando sobre o Estado Novo e seus principais políticos e entidades independentes, estas com cargos institucionais de importância vital para o progresso e desenvolvimento do país, gente íntegra e patriota cujos percursos políticos e/ou profissionais, limpos, trazidos por si à luz do dia através da reprodução valiosa e imprescindível de inúmeros documentos e notícias de jornais e revistas desse tempo, porém ocultados dos portugueses que não o viveram e/ou deturpados pela troupe asquerosa que temos tido como governantes desde há quatro insuportáveis décadas, gente inqualificável cuja entrada no nosso país tivemos a ingenuidade de permitir e como paga da nossa benquerença só nos trouxe crimes de sangue satânicos, as mais violentas redes criminosas, crimes de alta-traição e várias bancarrotas, perda da nossa Soberania e a quase perda da nossa Independência.

Maria disse...

Há sobreposições, algumas faltas e palavras a mais nos dois comentários. Não os reli antes d'enviar, peço desculpa.

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Leia-se "constância"; "constatável"; e "22/11/2002".

Vivendi disse...

Não se pode compreender nada de nada do que sucede e o que aconteceu em Portugal sem passar pelo Porta da Loja, onde as maçãs boas e as maçãs podre são devidamente separadas.

E estou seguro que cada vez mais gente da blogosfera passa por aqui, embora muitos permanecendo num silêncio atroz, pela incapacidade em ter coragem de opinar sobre um passado incompreendido e formatado pela esquerda como algo de horrível. Não é por acaso que qualquer comentador destrambelhado é facilmente desmascarado quando opina por aqui contra à verdade.

josé disse...

Meu caro:

Não se iluda. Isto, como diz o sem pachorra, não passam de recortes de jornais.

O que V. vê por aqui é o que já sente como retrato de uma realidade que muitos não querem ver. Ou porque não a viveram e portanto não a reconhecem; ou porque vivendo-a não querem percebê-la como a poderiam ter vivido.

Outros que não a viveram aproveitarão para tentar perceber como foi. Será esse o seu caso, mas é raro.

O Público activista e relapso