sexta-feira, janeiro 10, 2014

Um guerreiro português como houve poucos

No Observador de 5 de Novembro de 1971 vem uma entrevista com o então general Kaulza de Arriaga, comandante, em Moçambique, das nossas forças militares na guerra do Ultramar.

Coloco aqui a entrevista porque é dos tais assuntos em que o discurso dos "memes" é consensual: Kaulza foi um indivíduo de extrema-direita, logo fascista de pleno direito. É isto e nada mais que se pode ouvir sobre Kaulza de Arriaga.
Mas Kaulza foi outra coisa: um guerreiro da estirpe dos nossos melhores de sempre. Um Eusébio da nossa luta no Ultramar. É blasfémia? Pois é porque o discurso corrente não admite outra versão que não a dos "memes" de sempre. E é isso que me incita a mostrar o lado escondido que precisa de ser aclarado para que haja equilíbrio e o pensamento não seja unificado. Dantes, no tempo de Marcello havia pensamento de esquerda livremente expresso em muitos jornais e algumas revistas. Hoje é quase impossível encontrar lampejos do discurso desse tempo, para mim mais consentâneo com a realidade vivida. É impossível porque a Esquerda dominou a linguagem e definiu os termos das designações das coisas e fenómenos. E fê-lo de tal modo que se torna impressionante a ausência de memória daquele discurso. Quase toda a gente, incluindo os que viveram esse tempo, esqueceu esta linguagem e este entendimento das coisas que só ganharia em ser discutido livremente.
Porém, não só se recusa tal discussão como se ataca quem o pretender fazer ou sugerir que há outro discurso a conhecer sobre a nossa realidade de antanho.
Quem tem medo dela? Quem vem apodar este trabalho de saudosismo, como se a tentativa de rememorar a realidade vivida, diversa da contada, fosse um acto saudosista. Quem pretende agora censurar a opinião livre de quem verifica que durante 40 anos tem havido censura efectiva e real sobre estas realidades. O argumento depois, torna-se patético: nesse tempo não seria possível escrever assim e tal só acontece porque agora há Liberdade. Ora é precisamente isso que pretendo mostrar para que não se replique esse "meme", como se fosse uma verdade indiscutível.

Aliás, se objectivo encontro em colocar aqui recortes de imprensa do tempo de Salazar e Caetano tal tem apenas um único: equilibar o discurso distorcido dos "memes", por vezes claramente falsificado sobre factos históricos e conveniente para replicar a historieta com que pretendem substituir  a História. Os livros desses "memes" Flunsers, Rosas, Pereiras e tutti quanti apadrinhados pelo actual establishment apenas reproduzem as ideias feitas que pretendo mostrar como falsas, com base em relatos de época e com factos que os mesmos não podem contestar. Evidentemente que este exercício é diletante e amador, mas o que leio desses profissionais da academia das ciências históricas revisionistas é bem pior: falsificador e portanto com o valor do pechisbeque.
O que por aqui escrevo  e coloco não se destina a comprovar que esta versão é a História. Não é bem isso. É apenas mostrar a versão histórica que havia antes de 25 de Abril de 1974 e que a revista Observador reproduz com toda a fidelidade que me lembro. É até impressionante como se torna possível recuperar a essência do discurso do marcelismo e compreender a substância do mesmo, sem as falsificações históricas recentes. Estou impressionado, devo confessar porque já tinha perdido a esperança de encontrar essa versão escrita do modo como me lembrava.



Questuber! Mais um escândalo!