O Jornal Semanário, dirigido por Victor Cunha Rego (que em 20 de Março de 1980 dera uma entrevista ao Diário de Notícias em que afirmava que fora sempre opositor ao "fascismo", mostrando assim o seu fortíssimo pendor direitista), pretendeu dar uma voz aos portugueses que não queriam a hegemonia da esquerda em Portugal.
Logo nesse segundo e terceiro números com a publicação desta entrevista imaginária afinou o diapasão editorial do jornal e durante a década foi um instrumento de poder mediático de uma certa direita associada a um Marcelo Rebelo de Sousa ou a um grupo de PSD´s que se pretendiam inadiáveis nas escolhas económicas que o país haveria de fazer dali a meia dúzia de anos, com todos os estragos já produzidos pela Esquerda típica e clássica.
Esta direita-bibelô fundou depois o Independente no final da década.
Porém, neste terceiro número do Semanário, falava-se de um filme que tinha passado na RTP no dia 4 de Dezembro desse ano, para recordar a morte do antigo líder do PSD, Sá Carneiro. O filme tinha um guião da autoria de José Augusto Seabra, então ministro da Educação, que tinha "recentemente regressado ao PSD, de onde saíra em 1975" ( o partido, então, era da direita fascista...). Esse guião fora também aprovado por um certo Menezes ( um apelido apócrifo) do Porto que obliterou as menções à AD e ao facto de Sá Carneiro entender que era estritamente necessária uma alteração profunda da Constituição, cuja primeira revisão em 1982 deixou tudo quase como estava no que se refere ao sistema económico. Com Sá Carneiro tal não teria acontecido ou teria saído do partido. E Balsemão não teria aparecido. E Cavaco também não.
Conforme se desenvolve a notícia e o então direitista José Miguel Júdice comentava, o filme era uma falsificação do pensamento político de Sá Carneiro, ao imputar-lhe intenções de se aliar ao PS para uma coligação de bloco central...
Ao lado da notícia estão os "14 conselheiros de Mário Soares". É ler quem eram para se perceber porque andamos a patinar mais meia dúzia de anos para sairmos da cepa torta das nacionalizações e dos gestores públicos incompetentes e de partido para se entender por que razão a segunda bancarrota de 1984 esteve quase para se verificar.
Quanto ao PCP, aparecia já no jornal um certo Pacheco Pereira historiógrafo oficioso e mal-amado do Partido e do seu líder e nesta altura já a insinuar-se intelectualmente como afecto à "direita". Conta o estado do Partido por ocasião do X Congresso e Sá Carneiro não desdenharia subscrever as "teses" de Pacheco.
1 comentário:
perante este ramalhete de gente muito fina
cada dia me sinto mais como
'boi de piranha'
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