O Público, jornal falido, subsidiado
pela generosidade filantrópica de Belmiro de Azevedo, tem hoje um editorial de
antologia sobre a morte de Eusébio.
Citando um dos comentadores, António- Pedro Vasconcelos,
acompanha-o na peregrinação mística, com o mito em fito e aponta que “num tempo em que ser português era sinal de
opróbrio e de vergonha, Eusébio resgatou o nosso orgulho e devolveu-nos a
dignidade.”
No afã de denegrir o tempo em que viveram os acontecimentos,
só porque o regime lhes era padrasto, mudam o contexto e reconstroem as imagens
“memes” que pretendem divulgar como sendo a nova História contemporânea em
vigor para as massas aprenderem a soletrar. O Público é sempre o meme.
Relembremos os factos :
Eusébio foi grande jogador de futebol, um dos maiores de
sempre e do mundo. Porém, a sua grandeza
profissional manifestou-se na segunda metade da década de sessenta do século
que passou, num tempo em que Salazar ainda estava no poder e depois, a partir de 1968, no tempo
de Marcello Caetano.
Eusébio notabilizou-se por ter jogado muito bem no
campeonato do Mundo de futebol de 1966. Não foi suficiente, porém, para vencer
a Inglaterra e ficamos em terceiro lugar, num campeonato em que Eusébio marcou nove golos. Foi isto o tal resgate do "orgulho nacional"? Parece-me muito pouco e desproporcionado. Ronaldo, objectivamente, já fez mais e melhor, no campo dos jogos.
Na Selecção Nacional foi isso tudo o que contou para o mito e portanto temos apenas uma
memória de 1966. Lembro-me de ver esse jogo- com a Coreia do Norte- e os que se seguiram. A equipa não era apenas Eusébio mas um grupo
coeso que nunca mais fez qualquer brilharete do género durante anos a fio. Ao serviço do Benfica, nos anos a seguir
notabilizou-se de igual modo, contribuindo para grandes vitórias do clube.
Em 1973 e 74 o futebol nacional andava pelas ruas da
amargura, como atesta este pequeno
artigo no Cinéfilo dessa época- 23 de Fevereiro de 1974. António-Pedro Vasconcelos era um dos responsáveis pela revista.
Eusébio foi por isso mitificado depois por causa de uma
mística mítica e contraditória com o que então se escrevia sobre o regime anterior,
que era apontado como “alienante” em função da “lenda dos três èfes` : Fátima,
Futebol e Fado. Em 11 de Fevereiro de 1977 na revista Música & Som no seu primeiro número, o crítico Manuel Cadafaz de Matos, outro "meme", escrevia assim sobre as músicas de então, um comentário sobre o tal fenómeno da "alienação" que afinal era o discurso corrente da esquerda nacional.
O texto do crítico referia-se a uma música de Júlio Pereira do álbum Fernandinho vai ó vinho, de 1976, um grande disco da música popular portuguesa.
A música tinha uma letra assim:
Dizia-me o meu paí,
quando era pequenino
Ah, mas que bem que te fica
Como eu seres do Benfica.
Ao que a minha mãe dizia
Que esse clube não prestava,
Muito melhor era o Sporting
Que era aquele que ganhava.
Já pensava nessa altura
Que o desporto era importante,
Pois por estranho que pareça,
Ouvia a todo o instante:
Ah! Se o Benfica ganhar
Vamos então passear.
E na escola existia
Aula d´Educação Física
Mas há muitos mais desportos
Que nós vamos aprender
Um dia fica p´rós outros
O outro para o futebol
Porque é sempre o Futebol
O desporto nacional. (...)
O texto do crítico referia-se a uma música de Júlio Pereira do álbum Fernandinho vai ó vinho, de 1976, um grande disco da música popular portuguesa.
A música tinha uma letra assim:
Dizia-me o meu paí,
quando era pequenino
Ah, mas que bem que te fica
Como eu seres do Benfica.
Ao que a minha mãe dizia
Que esse clube não prestava,
Muito melhor era o Sporting
Que era aquele que ganhava.
Já pensava nessa altura
Que o desporto era importante,
Pois por estranho que pareça,
Ouvia a todo o instante:
Ah! Se o Benfica ganhar
Vamos então passear.
E na escola existia
Aula d´Educação Física
Mas há muitos mais desportos
Que nós vamos aprender
Um dia fica p´rós outros
O outro para o futebol
Porque é sempre o Futebol
O desporto nacional. (...)
Para completar esta trilogia maldita e vilipendiada, faltava o efeito "meme" que se caracteriza pela reciclagem histórica falsicadora dos factos e mitificadora das lendas avulsas.
Como é sabido o futebol nunca teve tamanha expressão televisiva e mediática quanto hoje. Se "alienação" havia, agora tornou-se exponencialmente avassaladora. O Fado porta-se bem e Amália foi aproveitada pelos "memes" do actual regime como símbolo da Música nacional. Quanto a Fátima, é assunto que não é deste mundo mediatico a não ser nos dias 13 de Maio de cada ano.
Para esta mitificação vigente contribuiu, sem qualquer dúvida, o regime mediático que temos, semeado de "memes" e encharcado de revisionismo histórico, sem memória contextualizada do tempo que passou e obliterando sovieticamente as personagens malditas do mesmo, tal como o Público agora faz com a mestria que se pode ler.
Pois bem. Para desmemória não está nada mal. Este personagem cuja mitificação virá a caminho, em 1998 tinha provavelmente outro conceito do relativismo histórico, como atestam estas imagens do Expresso de 10 de Janeiro de 1998, comemorativas dos seus 25 anos e exemplo máximo do processo da "memificação" em curso há 40 anos.
49 comentários:
Quoque tuu , José ????
É ler primeiro...
Ainda não vi televisão hoje, mas se for como ontem vai ser pior que com a morte de Sá Carneiro...ou de Cunhal.
Isto está pior que no tempo da outra senhora.
Que fastídio!
:)
Pronto , já li , Ufa...pensei que o José ia afinar pelo diapasão geral...
Abraço.
Tem toda a razão, José, no contexto e nos êxitos, limitados, de Eusébio. De resto, deixou de jogar há quase 40 anos. Este exagero não é de esquerda, é de benfiquismo doentio que também marca o Portugal contemporâneo. Tudo vermelho, partantos...
Não esquecer que em 2017 cumprem-se 100 anos das aparições na Cova da Iria. Só falta isso para completar a trilogia.
No fundo, o óbvio é que o ópio do povo é hoje, pior, servido como nunca. Essa é a lição a extrair. Com doses cavalares de norte-coreanismo...
Eusébio valeu pelo seu futebol e deviam limitar-se a mostrar os grandes jogos e os grandes golos. Ele era isso e mais nada. Tudo o resto, amplificado, não chegava sequer a metade de Portugal, nem havia tv's para isso. Hoje servem-nos ruído mediático e choro convulsivo. Os regimes são assim e os serventuários do poder estão às ordens e sabem a cartilha.
"consta que Màrio Soares, o meme dos memes, andou agora por aí a dizer que Eusébio, afinal era "uma pessoa sem grande cultura e que bebia álcool logo pela manhã."
Consta não, disse mesmo:
http://www.youtube.com/watch?v=gl-kQHtdFfg
O que é verdade, ao que parece, mas dito por este hipócrita nesta ocasião fica-lhe mal.
Mas este boi já disse tanta barbaridade que lhe fica mal, sem qualquer outra consequência, porque não dizer mais uma?
Como disse o José Luis, também acho que este exagero resulta do benfiquismo doentio que "governa" os meios de comunicação social.
Foi o melhor texto sobre o assunto.
Magistral, José. Simples, certeiro, factual, como mais ninguém faz.
Este devia ir para os jornais.
A sério.
Tresanda o despeito do seu texto e no de alguns comentadores, afinal, característica bem portuguesa, a de relativizar o valor dos que nos não são próximos. Saltou-lhe o pé para o chinelo; tal não abona a credibilidade que supunha subjacente aos seus textos.
"num tempo em que ser português era sinal de opróbrio e de vergonha, Eusébio resgatou o nosso orgulho e devolveu-nos a dignidade.”
Uma idiotice que só pode ter sido dita por um ignorante/iletrado com uma imagem falseada da realidade. Mas durante o Estado Novo ser português era sinónimo de opróbrio? Qual era a marca imprimida pelo regime que necessariamente levava à conclusão que era vergonhoso ser-se português? Éramos vistos pelo estrangeiro, ou pela comunidade internacional, como um povo digno de ser desprezado ou objecto de misericórdia? Será que a existir qualquer sinal de opróbrio ele era atributo do Estado Novo ou já vinha de tempos anteriores? Não fomos nós aceites na NATO, não tivemos visitas reais (a inglesa) e diplomáticas no nosso território? Se tivéssemos essa marca de opróbrio a macular o nosso País teria havido todos esses contactos diplomáticos e políticos? Claro que alguns sectores políticos estrangeiros (excluindo a URSS) que olhavam com azedume para Portugal pelo facto de ainda termos uma posição em África e no Mundo, para eles sinónimo de colonialismo, mas não éramos desrespeitados diplomaticamente, muito pelo contrário, nem éramos vistos como uns "coitadinhos" ou alguém digno de desprezo ou portadores de "opróbrio".
Esse texto é para guardar porque tem lá todos so chavões com que "endoutrinam há 40 anos meio mundo".
O retardado mental até diz que a estética tem de ser militante para a canção ser uma arma".
Ainda é assim que pensam porque os fósseis replicam-se.
E, na volta, o José descobriu a explicação mais simples para se replicarem- pelos memes mediáticos.
"num tempo em que ser português era sinal de opróbrio e de vergonha, Eusébio resgatou o nosso orgulho e devolveu-nos a dignidade.”
O que também ressalta nesta frase é o ridículo, e o absurdo, de pensar que apenas uma personalidade por si só, ou pela sua acção, é capaz de resgatar um povo quando este se encontra numa situação de decadência. Todo um messianismo - no caso português diríamos um sebastianismo - perpassa nestas palavras. Messianismo que é um legado do judaísmo, que também influenciou o próprio Karl Marx quando este encarou o proletariado – uma classe social e não um indivíduo isolado, embora a mentalidade subjacente seja a mesma - como a entidade que iria produzir a redenção da humanidade, e acabar com o “opróbrio” e a injustiça da sociedade da altura.
Quem será o “Messias” que conseguirá resgatar Portugal da difícil situação económica, financeira e social que atravessa actualmente?
António Barreto:
Eusébio foi um dos melhores jogadores do mundo, de sempre. Ponto.
O seu percurso profissional ocorreu todo na década de sessenta do século passado. Ponto.
Desde então, Eusébio foi-se tornando um mito porque temos poucas figuras para tal. Ponto.
Eusébio merece ir para o Panteão? Claro, nem discuto tal coisa. Ponto.
Eusébio foi jogador de um clube de futebol. E foi jogador da Selecção. Ponto final.
Amanhã vou mostrar um exemplo de alguém que há muitos anos devia estar no Panteão e não está.
Não é Salazar.
o texto que junta é dum semi-analfa comuna que consta (por informação interna) andou pelo dn ao colo do inquisidor-mor saramago a fazer as sujeiras necessárias.
Cadafaz, perto do Gavião, era a terra dum avô, por sinal pessoa de bem
é pseudónimo dum gajo conhecido por 'mané borreira' numa terra próxima daquela onde terá nascido o grão-mestre seminarista. andava sempre com diarreia
casou com a dona duma ourivesaria dum bairro castiço
ser velho é ter muitos factos amontoados
aproveitam-se AMÁLIA e Eusébio
um conhecido benfiquista dizia:
Izebro e Iricso
não riamos por isso.
nem todos tiveram as mesmas oportunidades
mas foram grandes
Num desses restaurantes por onde o Eusébio comia deve ter havido um momento de raça à antiga portuguesa onde o Pantera falou umas boas verdades (de copo na mão) na cara do Mário Soares.
Todo este "culto da personalidade" em torno de Eusébio acaba por passar os limites do racional e fariam corar de inveja Kim Jong-Il ou Kim Jong-un.
Com toda esta mitificação acabamos por distorcer/deturpar as genuínas qualidades de Eusébio e a fazer dele um ser semi-divino com capacidades sobre-humanas. Não tarda nada não estamos a celebrizar o futebolista Eusébio mas algum ser que nada tinha a ver com a verdadeira personalidade dele. O mesmo aconteceu e acontece com Álvaro Cunhal. Estudar o porquê deste psico colectiva da mentalidade portuguesa é importante.
Todo este "culto da personalidade" em torno de Eusébio acaba por passar os limites do racional e fariam corar de inveja Kim Jong-Il ou Kim Jong-un.
Com toda esta mitificação acabamos por distorcer/deturpar as genuínas qualidades de Eusébio e a fazer dele um ser semi-divino com capacidades sobre-humanas. Não tarda nada não estamos a celebrizar o futebolista Eusébio mas algum ser que nada tinha a ver com a verdadeira personalidade dele. O mesmo aconteceu e acontece com Álvaro Cunhal. Estudar o porquê desta psicose colectiva da mentalidade portuguesa é importante.
Miguel Dias é todo um país confundido com a nostalgia de um passado. E é justamente nestes momentos que vemos que o povo português é genuíno e iminentemente conservador mas que foi e ainda é aldrabado todos os dias pelos media e partidos.
Álvaro cunhal só existe nos merdia. Eusébio correu mundo (foi a palavra mais pesquisada no google em vários países no dia da sua morte).
Dos 3 F era a última personalidade viva e quer isso se queira ou não tem uma força de fundo.
Trágico vai ser o dia em que esta comoção toda for em torno de algum big brother. E parece que esse dia já esteve mais longe.
O mais engraçado é que no período do PREC o Eusébio e a Amália não foram lá muito bem tratados...
Mas felizmente o bom povo português nunca misutra politiquices e na hora da verdade separa o trigo do joio.
Sempre existiu no nosso país duas realidades: a das elites (Soares e companhia, Cunhais e outros - vejam a origem social destas duas personagens) e a do povo verdadeiro.
Eusébio foi um símbolo de Portugal no estrageiro e merece inteiramente ser sepultado no Panteão. Fez muito mais pelo país que Soares, Cavacos e companhias... e nunca se pô em bicos de pés.
José,
Este seu post e os comentários subsequentes que nele estão expressos são a coisa mais infeliz que alguma vez vi por aqui. E por aqui me fico !!
Sou adepto do Benfica, sou de esquerda, e tenho que reconhecer este "post", como uma peça interessante/correcta.
Quanto à intervenção de MS, só a entendo como de sobranceria intelectual, movida eventualmente pelo ciúme que, a dimensão de ambos, representa no contexto universal.
JReis:
Dito assim sabe a pouco. Não quer dizer as razões por que considera infeliz, o postal?
Deve haver alguma...
José,
Quando digo postal infeliz não me refiro à ideia subjacente à ideia que nele pretende na sua génese transmitir. O seu texto tem partes em que na minha opinião não escolheu bem as palavras para exposição da sua legitima ideia e por isso qualifiquei de infeliz. Por exemplo, explicar o mito Eusébio afirmando que Ronaldo já fez mais e melhor mesmo que de modo objectivo acho demasiado redutor. Não querendo pessoalizar, pergunto se Ronaldo não tem hoje à disposição ferramentas de mediatização que no tempo de Eusébio não passavam de mera ficção cientifica em Portugal (Internet, televisão por cabo) ??
De mitos está recheada a história de quase todos os Países.
Já quanto a comentários, o que dizer de palavras como "todo este "culto da personalidade" em torno de Eusébio acaba por passar os limites do racional e fariam corar de inveja Kim Jong-Il ou Kim Jong-un"?? Eu engoli em seco. José, na minha opinião fazer um postal de exposição dos memes a propósito da morte de Eusébio é um exercício muito arriscado...
O conteúdo deste comentário que aqui publico, já foi publicado hoje, por mim, num outro blogue «idealizando textos».
Geralmente não costumo comentar Blogues, mas depois de um outro blogue, também encontrei o seu texto e permita-me partilhar o que penso.
Concordo em muito com o seu texto. Tenho me perguntado se esta massificação excessiva de conteúdos informativos e prantos, não será somente por ter sido Eusébio ou, também, dado o actual contexto em que vivemos.
Sem dúvida que Eusébio foi um grande Jogador de Futebol, sem dúvida que a morte de uma qualquer pessoa ecoa um lamento. Não ponho nada disso em causa, nem a sinceridade de algumas pessoas. No entanto, pergunto-me se como com tantos heróis, o fenómeno da morte de Eusébio não é o resultado de uma Projecção e de uma Construção - Cultural/Social/Psicológica.
Uma das coisas menos boas na vida de Eusébio, foi como ele foi aproveitado, tanto pelo Estado-Novo como pelo Benfica. Tem sido heresia mencionar, aquilo que poucos tiveram coragem, de que o desfecho da carreira do Eusébio no Benfica foi triste. É verdade, que felizmente para ele e para o Benfica, voltaria à sua «casa»; mas o que pretendo dizer, é que a «construção/projeção» da figura do «'King' Eusébio» (não me refiro à pessoa) é um novo aproveitamento que dele se faz depois de morto, como quando esteve vivo.
Confesso que tenho medo das massas. São como um rebanho que vai para onde o pastor ordena. Geralmente a cognição das massas é coincidente com a cognição e vontade do Pastor. E muito pranto, mesmo que sincero e justo, é guiado e coordenado. É verdade que todos precisamos de «heróis»/«mitos», que são o alimento para as «narrativas». Mas também os pastores, que desses «mitos» vão guiando as ovelhas. Agora vou apercebendo-me, com alguma irritação, de que alguns «pastores» estão a usar a massa do rebanho, através da manipulação do seu cajado sob a forma do «herói»/«mito» da figura de Eusébio (não falo da pessoa), para servir os seus próprios fins. A massa cala e passa inadvertidamente, por algo, que noutra altura, talvez visse com outros olhos. Por fim, tal como no auge da sua carreira, Eusébio é novamente usado.
Ricardo
Apropriação, instrumentalização, é próprio dos Poderes, seja ele 'ditatorial', 'democratico',ououtro.
Eusébio foi superior a isso tudo.
Como aliás alguém já escreveu aqui no blogue, HOMEM
A prova está no final da sua vida e na unanimidade que gerou à sua volta, num contexto de um País dividido e em guerra.
Do pobre ao rico, do vermelho ao laranja, do intelectual ao lavrador, do zé da esquina ao Bagão Félix, do Otelo ao Portas,do Pinto da Costa ao fanático sportinguista, todos estiveram com Eusébio.
Só as FP25 de Abril estiveram de fora...
Cada um tem o Eusébio que merece.
Só o velhaco do Soares, ferido na sua vaidade e cheio de ciúmes é que não se curvou perante a grandeza de Eusébio.
A maior prova que o futebol é ainda um dos efes está no facto dos partidos não o nomearem e criticarem.
O futebol é o grande tabu da nossa democracia saqueada.
PS Como pode um génio de futebol ser tão humilde, ter tamanho fair-play e confunfir-se com as 'massas'? A grandeza de Eusébio está aqui.Voou tão alto e não precisou de sair do chão.
Ricardo Barroso:
Concordo com o que escreve e inclusivamente do não costumar comentar blogs.
Os comentários em blogs podem, quanto a mim, servir para uma coisa: ajudar a reflectir, com a opinião própria.
É isso que por aqui se faz, geralmente. E nesse aspecto costumo comentar comentários.
Este fenómeno essencialmente mediático ( se não fosse assim não havia mito) é fruto de algo que se torna importante perceber, principalmente por que razão o povo em geral tomou a figura mítida do Eusébio como se fosse um dos seus heróis.
Que valores pretendem transmitir com tal coisa? Parece-me que serão os de sempre e quem os percever entenderá o povo e poderá mandar nele...
É por isso um fenómeno essencialmente populista.
Para mim não era necessário de todo. E as razões para tal expliquei-as no postal.
Mas há quem queira transformar a simplicidade do Eusébio num mito perene de valor a seguir.
Soares disse que o indivíduo era inculto e bêbado, provavelmente.
Quanto a mim tenho a dizer que em todas as entrevistas que vi do Eusébio- e não foram assim tantas- nunca percebi o que queria dizer porque o Eusébio nem falar bem sabia.
Portanto, Eusébio, para mim é apenas o mito que veio dos anos sessenta.
E nada mais.
Quanto ao Ronaldo:
OP jogo de há umas semanas de qualificação para o Mundial valeu o da Coreia de 1966. E vi os dois.
Ronaldo jogou melhor que Eusébio nessa altura, na minha opinião.
E também foi um jogo só com a segunda parte...
"nunca percebi o que queria dizer porque o Eusébio nem falar bem sabia."
Eusébio era das pessoas que comunicava melhor em Portugal. Deste aspecto decorre também algo substancial para a unanimidade.
A falar era com os pés.
Aníbal:
Falar é articular sons perceptíveis e com ideias dentro.
Com os pés não se fala. Corre-se, dribla-se, dança-se, salta-se, etc etc.
Percebo o que quer dizer, mas não se peça mais ao Eusébio do que aquilo que fez nos anos sessenta.
A arte do Eusébio era jogar á bola e mais nada e nisso era eloquente.
Não precisava de dizer fosseo que fosse.
Mas isso foi tudo e durou pouco tempo.
Agora, tranaformar um artista da bola num mito popular por outras razões para além dessa e que são imperscrutáveis isso é que me intriga e leva a queestionar.
"Que valores pretendem transmitir com tal coisa? Parece-me que serão os de sempre e quem os percever entenderá o povo e poderá mandar nele..."
Que valores pretendem transmitir, leia-se rentabilizar? Não sei, mas tenho a impressão que são mais os valores com que se compram os melões...
Agora no Eusébio e por todos os poros da pele sairam os valores do trabalho, da dedicação,do mérito, do brio profissonal, do sacrifício e da luta, sem batota sem jogo sujo.
Valores do passado é certo.
Mas valores de Sempre.
"os valores do trabalho, da dedicação,do mérito, do brio profissonal, do sacrifício e da luta, sem batota sem jogo sujo."
Conheço muitos eusébios que têm outros nomes e não são conhecidos e que cultivam esses mesmos valores.
Deverão por isso ser heróis de Panteão?
Melhor ainda: conheço outros heróis desses que são ainda maiores que Eusébio porque os sacrifícios que suportam para tal são incomensuravelmente maiores e ganham bem menos.
Este oportunista, cínico até dizer basta, aqui na foto a fingir cìnicamente que 'aprecia imenso' (é o que lhes deve ter dito nesta altura, mentindo com todos os dentes que tem na boca) Amália e Eusébio quando se sabe que está ali a desempenhar a farsa a que está habituado. Ele não suportava nem uma nem outro. Ele e os comparsas anti-fascistas igualmente farsantes, disseram o pior que imaginar se possa da pobre Amália, difamando-a a ponto de fazê-la abandonar Portugal por uns tempos, tal a dor de alma que sentiu pelas mentiras e injustiças sofridas, só porque esta grande fadista, grande mulher e portuguesa Maior, era chegada, porque agradecida, a um regime que, como profissional, tanta oportunidade lhe proporcionou, bem como agradecida estava a um povo que jamais a abandonou e do qual tanto carinho recebeu. Este cínico, que na foto a está a condecorar, vendo que nenhuma calúnia conseguia destruir a sua enorme popularidade em Portugal e no mundo e menos ainda enfraquecer um milímetro a sua carreira de sucesso (se bem que o tentasse anos seguidos), virou o bico ao prego e como bom hipócrita toca de aplaudí-la e elogiá-la. Já se viu maior cinismo do que este? Bem fez ela quando subtìlmente, nesta mesma sessão, lhe largou uma ou duas "bocas" oportunas e directas que o devem ter deixado de cara à banda..., mas, claro, disfarçou como o grande farsante que tem sido toda a vida.
Quanto ao pobre Eusébio, um homem modesto e orgulhosamente português - ao contrário desse maçon dum raio que odeia de morte este Povo genuíno e esta Pátria Sagrada, onde, azar do destino, por puro engano nasceu - só tinha um único objectivo na vida, dar tudo quanto podia pelo seu clube e levar o nome de Portugal sempre mais além através do único meio ao seu alcance e dar o seu melhor dentro das quatro linhas praticando o que melhor sabia e queria fazer, cuja paixão lhe inundava o coração de alegria: simplesmente jogar futebol. Isto era tudo quanto lhe bastava paraque a sua alma transbordasse de felicidade.
Esse traidor à Pátria que, ao tê-lo condecorado (nesta ou noutra altura, não importa) finge apreciá-lo quando o odiava tanto quanto o fazia ao povo português. Porquê? Porque Eusébio como natural de Moçambique teve a 'supina ousadia' de vir para o Continente jogar futebol e a partir daqui representar o seu país, Portugal, projectando-o no mundo inteiro. E isto era simplesmente inaceitável para traidores e anti-fascistas da mais pura água. Mas o que efectivamente o fazia odiar Eusébio era o facto dele ser de côr (como então se dizia), já que uma das características indissociável do espírito maçon é o seu racismo exacerbado e Soares e todos os anti-fascistas/maçons assumidos, são-no até à raíz dos cabelos. A maçonaria sionista odeia qualquer raça que não a sua - sim, o sionismo considera-se uma raça à parte - particularmente a raça negra. E se dúvidas houvesse, a prova disto mesmo está em mais de um milhão de inocentes mandados propositadamente assassinar pela maçonaria doméstica, a mando do sionismo mundial, nas nossas ex-Províncias Ultramarinas. Ninguém poderá duvidar deste verdadeiro genocídio, sem perdão.
Poso ser básica mas os motivos (em particular de uma geração nova que nem o conheceu enquanto jogador) são dois:
A falta de heróis nacionais e a bola.
Pela mesma razão, foi preciso um mundial de bola para as pessoas deixarem de ter vergonha da bandeira e passarem a colocá-la à janela.
Os tugas têm uma gigantesca pancada de megalomania mas falta-lhes gente para lhe meter dentro.
Mas, seguindo a ideia da Maria, também me lembro da crónica do Artur Portela (julgo eu) com o "pontapé no peito".
E nem é bem faltar-lhe gente para meter dentro.
Só passa a ser gente o que é mediaticamente mitificado.
É um fenómeno estranho mas os tugas mitificam mitos, como ecos e de forma demasiado aleatória.
Por isso concordo também com o detalhe que o Ricardo Barroso disse- "as massas são perigosas".
Para perceber bem esses fenómenos é que precisávamos de outros sociólogos, de outros etnólogos ( estes já bem fazem falta porque as massas nacionais são idênticas entre si na estupidez) e outros historiadores.
Para nossa desgraça calhou-nos o ISCTE, o CES e o ICS-UL.
O MEC tirou um doutoramente em sociologia em Manchester para escrever sobre banalidades.
O efeito "meme" é muito engraçado. Mas eu chamar-lhe-ia antes o efeito "mémé".
Sobre Eusébio não digo nada, porque não sei que dizer. O futebol fascina-me pouco.
Sobre o "ser português" ser motivo de opróbrio e vergonha, digo que recebi hoje uma cópia do livro "The Fabric of Terror" de um Bernardo Teixeira, escrito em inglês por motivos que ignoro, e que contém as fotografias do que a U.P.A. fez no Norte de Angola em 61 e que ilustram o motivo pelo qual foram as nossas tropas para lá "rapidamente e em força", e em última análise, senão o de estarmos sós, pelo menos o porquê de estarmos lá orgulhosamente.
Sei que andam por aí, mas em qualidade fraca. Os detalhes das barbaridades cometidas naquelas pobres criaturas não se vêem bem. Eu vou digitalizá-las na mais alta resolução que puder, para que fiquem aí, aptas a serem esfregadas na tromba desses merdas cujo bilhete de identidade é, esse sim, motivo de opróbrio e vergonha de se ser português. A nacionalidade não o é, visto que esses animalejos ignorantes não possuem nenhuma: calhou apenas nascerem.
Um feliz ano novo ao José e ao resto da clientela, se bem que é sempre difícil aturando bestas dessas...
Tendo a concordar com a opinião de Ricardo Barroso sobre Eusébio. Não lhe retirando o mérito como desportista, que o teve e muito, as homenagens que lhe teriam sido prestadas, estivéssemos nós ainda a viver no regime do E.N., tenho a certeza absoluta que todo este aparato verificado para homenagear o passamento do jogador, nem em sonhos teria atingido estas proporções até pelos proibitivos gastos, independentemente do seu valor, que o tinha sem a mais pequena dúvida. Claro que este sistema quer tirar partido deste género de acontecimentos que arrastam multidões, promovendo-os indirectamente para obter os resultados pretendidos, muitos dos quais imperceptíveis e indetectáveis para um leigo. Não nos esqueçamos que as regras sociais, políticas e morais vigentes nos Estados Unidos, são as recomendadas para serem estritamente adoptadas nas demais democracias por ordem dos mundialistas e quase todas elas estão envoltas em muito mistério e com motivações obscuras.
O anterior regime, na pessoa do Presidente do Conselho, tinha como regra d'ouro ser comedido nos gastos e evitar os desperdícios em todas as áreas da governação e era impensável que os orçamentos estabelecidos para as obras públicas e para cada Ministério fossem ultrapassados um simples tostão. Numa palavra, estávamos perante um regime cujo principal Governante demonstrou integridade absoluta no desempenho das suas funções e respeito total pelos portugueses que nas suas mãos haviam depositado o seu destino. Desnecessário será referir que no regime do Estado Novo não havia um único político corrupto-compulsivo e era completamente impensável existirem ladrões de colarinho branco (ou, actualmente, mais para o azulado e avermelhado) como acontece todos os dias e a todas as horas nesta espécie de democracia à portuguesa em que eles têm vindo a brotar como cogumelos em terra húmida vai para quatro longas e penosas décadas.
Se Eusébio tivesse falecido antes do 25 de Avril, a sua posição - José - seria a mesma?
Creio que não podemos ficar toldados pelo desprezo/ódio que sentimos em relação à situação vigente, quando apreciamos Eusébio.
Há que separar as coisas.
Eusébio deve ser reinvindicado também por nós.
Deixá-lo nas mãos dos títeres 'democratas' não é bom.
Aníbal:
Vou responder-lhe por interposta pessoa, já falecida e que escreve o que penso sobre isso com uma autoridade que não tenho: o fundador de A Bola.
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