quinta-feira, janeiro 02, 2014

Outro jornal de esquerda, um da situação e um outro híbrido, dez anos depois

Continuando a senda da descoberta da expressão da mudança nos últimos 40 anos, na linguagem escrita, apresento mais jornais.

O primeiro é o República, de 31 de Dezembro de 1973, um bastião de propaganda da esquerda socialista, dirigido pelo maçónico, ex-seminarista Raul Rego, com jornalistas como José Jorge Letria ( sobre música e cultura popular); Fernando Assis Pacheco ( sobre Literatura), João Soares ( sim, esse mesmo, sobre política internacional); Álvaro Guerra ( cronista), Correia da Fonseca ( crítico de tv), etc etc.
Ficam a primeira e última página desse número especial de balanço de fim-de-ano.


Neste artigo não assinado sobre a Educação, um notório embrião de paixão serôdia que se manifestou dali a vinte anos, o jornal mostra já o exemplo típico da "novafala" esquerdista que nos anos seguintes tomou conta do panorama linguístico no Portugal mediático. Cita já o desgraçado Rui Grácio, mentor do ensino unificado, governante em governos provisórios e que pretendia retirar aos liceus a carga elitista que a esquerda entendia ser socialmente inadmissível. Os efeitos dessa medida genial, esses, pagamo-los agora.


Na mesma ocasião, um jornal da situação era o Século. O número de 1 de Janeiro de 1974 não se confunde com aquele...

Passados dez anos, o panorama da imprensa portuguesa não se alterava muito em relação ao que apareceu depois de 25 de Abril de 1974, com a reconversão de quase todos os jornalistas a militantes da Esquerda.

Um dos jornais que então procurava remar contra uma maré imensa de carga ideológica e de enchentes constantes de "novafala" era o Primeiro de Janeiro. Em 19 de Janeiro de 1984, em plena crise económica, com a bancarrota outra vez à nossa porta, o seu director, Pedro Feytor Pinto, a pessoa que transmitiu recados dos militares que cercaram o quartel do Carmo, a Marcello Caetano, no dia 25 de Abril de 1974, publicava esta capa e uma página assim:


Nesse dia,  a notícia era a morte de Ary dos Santos, o celebrado autor de versos como Desfolhada. O obituário consegue dizer quase tudo o que Ary dos Santos era, menos duas coisas: comunista e homosexual...


A "novafala" já tinha tomado conta do jornal, apesar do aviso de António Lopes Ribeiro, antigo cronista do Observador.

Questuber! Mais um escândalo!