Durante o PREC que se seguiu à revolução de 25 de Abril de 1974 os comunistas e esquerda em geral tomaram conta do discurso oficial, ideológico, mediático e corrente. Toda a gente foi no engodo, com excepção dos que não se pronunciavam publicamente e que Spínola em 28 de Setembro de 1974 julgava que eram uma "maioria silenciosa"...e já não era, por factores que seria muito interessante e importante explicar.
Um dos factos mais estranhos, estúpidos e incompreensíveis segundo uma lógica racional e de senso comum, ocorreu em Agosto de 1974, como já aqui foi indicado: os capitalistas que ainda estavam no país, membros das tais 20 famílias que eram os "donos de Portugal" como o bloco de esquerda agora define, mas já ao tempo se denunciava, ofereceram-se para "ajudar" a economia e o país cujos destinos políticos estavam nas mãos de uns quantos militares, do MFA, rapidamente lavados cerebralmente e que se associaram ainda mais depressa ao PCP e PS e esquerda em geral, como a do MES. Para exemplo basta dizer que Vasco Gonçalves, no espaço de semanas passou de admirador de países "como a Itália, Suécia" para outros de latitudes mais a Leste. Igualmente, Otelo. E outros que se entregaram de alma e coração à Revolução em curso, de transformação de Portugal numa sociedade sem classes ou socialista e contra a "reacção e o fascismo" incorporados em todos os que representavam o regime deposto.
A simplicidade desta opção justificou a rejeição daquela "oferta" que era genuína porque afinal os capitalistas portuguesas queriam investir para não perderem o que tinham e que afinal vieram mesmo a perder, por força e influência exclusiva dessa esquerda e do PCP em particular. O mesmo querem hoje em dia com as "outras políticas" que chamam de maneira obscena, "patrióticas" e as marias de são josé da rádio mais as anas lourenços das tvs aplaudem durante todas as emissões mediáticas, porque acordam a tomar pequenos-almoços de esquerda todos os dias.
Para além da proposta de investimento de 120 milhões de contos do MDE/S havia outros projectos em carteira na economia nacional que pura e simplesmente foram abandonados em prol das ideias "patrióticas" iguais às que o PCP e a esquerda comunista reclamam hoje em dia porque o ideário não mudou uma vírgula nos programas.
Um desses projectos, muito falado antes de 25 de Abril de 74 e já com compromissos assinados pelo anterior governo de Caetano era a construção de uma fábrica de grandes dimensões ( maior que a Autoeuropa?) para fabricar automóveis ( não apenas componentes) da Alfa Romeo. 60 000 veículos por ano seria a meta.
Pois bem. Em finais de 1974 o projecto era pura e simplesmente, além de estupidamente, abandonado. Porquê? Precisamente pelas mesmas razões que levaram ao abandono do projecto do MDE/S. De quem a culpa e responsabilidade por esta estupidez gigantesca? Do PCP e satélites, mais a esquerda em geral. Não foi do PREC. Foi mesmo do PCP.
A propósito: a Autoeuropa aderiu à greve geral? Não? É porque esteve imersa na "batalha da produção". Já lá iremos...
O Expresso conta na edição de 23 de Novembro de 1974, com um desenho que vale mil palavras.
A propósito desta estupidez, havia por aí alguns "inteligentes" ( dos que nunca sairam dos redondéis do esguicho da importância e papelão institucional, para citar ONeill) que davam palpites influentes sobre o assunto da economia nacional que pouco tinha que perceber: dinheiro privado, público, investimento, regulação e tudo andaria muito bem, se não se tivesse intrometido a maldita ideia de esquerda em socializar, nacionalizar, espoliar o capitalismo e acabar com os "monopólios". Essa ideia maldita que pegou de estaca por cá, estragou a economia que tínhamos em prol de uma ideia que nunca tivéramos mas que os mesmos apostaram que vingaria por cá como nespereiras enxertadas em macieiras portadaloja.
João Cravinho é o nome do inteligente do que então se iria chamar MES que agregou outros inteligentíssimos ( alguns deles até chegaram longe; um deles à presidência da República deste pobre país, imagine-se!) .
A prova de que a inteligência aguda destes indivíduos era fulgurante e ao ritmo do PREC que então viviam, reside aqui nesta edição do Diário de Lisboa de 20 de Fevereiro de 1975. E não, a explicação não vem na tira de banda desenhada, mas nas palavras cruzadas, na coluna vertical 4...
E como é que os "donos de Portugal" se defendiam destas investidas comunistas para acabar com os "monopólios" ( é preciso atentar que ainda hoje o PCP fala em monopólios...) ?
Ora, o comandante Mota que nunca foi ministro sem pasta, como o outro, mas foi governador de Macau ( maçonaria oblige e Soares obedece) explicava muito bem o que se faria com a Sacor do grupo Espírito Santo, indiscutivelmente um dos donos da economia nacional e inquestionavelmente um dos grupos que faria do capitalismo português um bem comum e não o que depois se verificou com a geração "Rikky" após o regresso dos Brasis e Suiças e que ultimamente tem comprovado e irá certamente comprovar...
Se a Sacor que era deles, se tivesse mantido não haveria GALP nem corrupção de Estado de alto coturno, nem Mexias ou Zeinais ou o raio que os parta ou pata que os lamba. Haveria outra coisa, mas não esta entidade híbrida que corrói o país, actualmente. Provavelmente mais sã, apesar do fruto Espírito Santo andar envenenado. Coisas do destino.
Portanto, em 8 de Fevereiro de 1975 o Expresso explicava muito bem o que se passava na economia nacional com o protagonismo da esquerda e do PCP em particular, o grande responsável pelas "políticas patrióticas" que então nos arruinaram. O PCP a atacar, o PS a defender o seu reduto de poder e apenas isso e o PPD na sombra do PS, sem se mexer e à espera do que viria a seguir.
O PPD de então era uma vergonha de compromisso como o provam as incríveis declarações de um inenarrável Rui Machete, no mesmo número do Expresso. Como é que o país aguentou este tipo de gente que nos conduziu a este beco?
Este tipo de opções políticas generalizadamente veiculadas nos media como o caminho para o socialismo a encetar, criadas pela Esquerda em geral, o PCP em particular, a displicência e desinteresse do PS e o alheamento táctico do PPD, criaram uma situação económica de bancarrota, em menos de dois anos. Assim, como explica e avisa muito bem um economista de então, ao Expresso de 4 de Outubro de 1975. O jornal até escrevia que isto devia ser servir como "um aviso ao povo português". Aviso? Pois sim. Dali a mês e meio estávamos no auge do PREC e com o 25 de Novembro em vez de se denunciar isto que o PCP fez ao país, uma das maiores tragédias de todos os tempos, ainda lhes deram a mão democrática, com um Melo Antunes a assegurar ao país que o PCP era democrático que era essencial à democracia e portanto com um discurso conciliador que conduziu Portugal à Constituição de 1976 e à "irreversibilidade das nacionalizações". Com o aplauso fremente dos Machetes que assim ficaram à vontade para preparar a vidinha nas empresas e organismos do Estado.
Para ver como a Economia nacional passou a funcionar, depois deste assalto do PCP, basta ler a "caixa" sobre o modo de funcionamento da "banca" nacionalizada e as cartas que se trocavam...
Perante este gigantesco descalabro que se anunciava e teria o efeito de réplica das décadas seguintes o que fazia o autor do crime? Tergiversava na asneira e na ideologice. A primeira medida a preceito foi subtrair um dia de salário que por ter sido para a "nação" não foi roubo algum, como agora são e se denuncia em cartazes de tipografia idêntica à de trinta e oito anos atrás... Depois como um dia não chegava para nada passou a incentivar os trabalhadores como os chineses faziam, mas sem poderem ( não chegaram até aí, mas...) usar métodos mais eficazes. Assim, com a ideia fantástica da luta, da "batalha da produção". Até o Manta pintou a manta com a batalha final.
Nessa altura, apesar de estarmos porventura pior que hoje, deixou de haver greves gerais ou lutas de trabalhadores por melhores condições de trabalho. Afinal, o trabalho já era o dono do capital...ou não era?
Esta gente que isto fez, sem qualquer rebuço de vergonha ou arrependimento, continua por aí, investida no mesmo papel já que nada esqueceram e nada aprenderam. Continuam a querer "outras políticas", porque seguem o esquema táctico dos passinhos. Primeiro um, depois outro. Desta vez ainda andam na fase das lutas por "outras políticas patrióticas". Se lhes fizerem outra vez a vontade, voltarão com a cantiga da luta pela "batalha da produção" e lá se vão as greves gerais e outras que tais.
O povo português está à espera de quê, para varrer esta gente para o caixote de lixo da História? Nâo chegam os exemplos que se vêem pelo mundo? Não chega o conhecimento do que aconteceu no Leste Europeu? Não chega o que se sabe de Cuba ou da Coreia do Norte?
Então porque razão os media dão toda a atenção a estes arménios avoilas e jerónimos? São masoquistas ou apenas estúpidos?