sexta-feira, março 20, 2015

A Educação é necessária a todos?

Vaso Pulido Valente volta hoje no Público ao tema da Educação para reescrever que " não é com a educação, com a formação, que Portugal pode sair da profunda crise que defronta". E tenta explicar porquê.



A Educação pode não ser o factor fundamental para o desenvolvimento económico. Porém, sem bons engenheiros, bons médicos, bons arquitectos, bons "artistas" da indústria, como carpinteiros, electricistas, profissionais de metalomecânica, etc etc etc. duvido que algum país alguma vez consiga desenvolver-se, mesmo economicamente.

Os exemplos que apresenta provam demais. O problema da nossa Educação é ser má no nível básico e secundário e ser demasiado "inclusiva" ou seja, maciça. Deveria existir um ensino de elites, de especialistas e particularmente no ensino técnico. E não existe.

VPV insiste em escrever que a Educação conta pouco para desenvolvimento económico. Então o que é que conta?

22 comentários:

Floribundus disse...

repito
comunista meu Amigo disse-me em julho de 75
« a 25.iv rebentou o cano de esgoto e só veio merda à superfície »

acabou a educação, o civismo, ficaram umas vagas ideias sobre instrução pública que servem para rebolar caixotes e limpar cagadeiras

tal como o grego varufakis os politicos de esquerda 'têm dedo' para o seu desempenho

Floribundus disse...

Insurgente
«A dívida acumulada tem uma dimensão, relativamente ao que é produzido anualmente em Portugal, que torna muito difícil que o Estado consiga honrar os seus compromissos. Se todos os gastos do Estado fossem cortados, incluindo prestações sociais, salários, etc., ainda assim demoraria cerca de 4 ou 5 anos a pagar. Se o PIB crescesse a 2% ao ano e o Estado tivesse um excedente orçamental de 1% do PIB, demoraria mais de 25 anos a reduzir a dívida para o limite previsto nos tratados europeus (60% do PIB). Num contexto de crescentes despesas, onde o orçamento do Estado é cronicamente deficitário, a tarefa torna-se impossível.

JReis disse...

Considero VPV o melhor colunista de jornal em Portugal. Já havia lido a crónica antes desta e percebi de imediato que ele tinha metido a pata na poça. Agora nesta crónica tenta explicar-se melhor mas insiste no erro. Basta ler o capitulo do livro de Piketty ''Capital no séc. XXI" dedicado ao crescimento económico e diminuição das desigualdades para perceber que no longo prazo a partilha do conhecimento é o meio mais eficaz de reduzir desigualdades. Também Piketty recorre abundantemente à literatura secular para apoiar as suas teorias económicas. Mesmo assim acredito que existirá porventura uma ideia subliminar nesta crónica de VPV que não está tão claramente perceptível e que de certa forma o desculpa um pouco. Contudo, VPV não foi particularmente feliz no modo como desta vez fez a exposição da sua ideia coisa que nele é muito raro.

josé disse...

VPV é de facto o melhor cronista de jornal que temos e isso há muitos anos.

E por isso este blog está recheado de crónicas da sua autoria em que raramente concordo a 100 por cento, mas são dignas de leitura e crítica.

josé disse...

VPV escreve em jornais desde 1973, que me lembre. Já escrevia no Cinéfilo desse ano.

joserui disse...

Talvez a educação do VPV não tenha contribuído para o *seu* desenvolvimento económico…
Mas acabo por entender o que ele quer dizer… O que falta é educação de elite, das áreas básicas e fundamentais e lixo com o resto — sociologias, marketing, 300 engenharias não se sabe bem de quê, cursos ao Domingo e essas tretas onde se tem delapidado as "paixões pela educação" e principalmente o dinheiro que é escasso… -- JRF

joserui disse...

Mas infelizmenre não é só isso… tenho observado a cada passo que não existe grande tendência para criar riqueza. Por exemplo duas áreas muito recentes onde com base principalmente em massa cinzenta se poderia ter algo porque toda a gente começou mais ou menos a par: Internet e assuntos online, e energias renováveis… Quem são os grandes criadores de riqueza? Em Portugal é residual… americanos, alemães (chocante!), suíços, nórdicos…
Portanto, tendo em conta a prática, talvez VPV tenha razão — para trabalhar numa fábrica têxtil, ser operário da construção civil ou do calçado, não é preciso ser doutor… Cá a educação parece cada vez mais um estratagema para a) iludir as estatísticas do desemprego; b) (consequentemente) viver em casa dos pais até aos 40 anos. -- JRF

joserui disse...

Mas mais importante na minha opinião que a educação formal é o ânimo que se falava há uns posts atrás… há várias pessoas da minha família com pouca escolaridade, que cultivaram-se e foram sempre valorizando-se pela leitura e o trabalho, porque tinham esse ânimo e esse interesse.
Hoje parece que se instituiu uma cultura da falta de cultura… Quando vão ao médico sabem se têm próstata, mas sabem a equipa completa do benfica; não sabem os rudimentos mínimos da informática mas são azes do facebook; não sabem coser um botão ou cozer umas batatas, mas sabem o elenco todo da última novela. -- JRF

João Nobre disse...

"Deveria existir um ensino de elites."

O problema de se instituir um ensino de elites num País corrupto como Portugal é que não íam ser os melhores a aceder a esse ensino, mas sim os filhos de quem tivesse a tradicional cunhazita à moda portuguesa.

Confesso que me arrepio cada vez que ouço falar de coisas para "elites", pois em Portugal "elites" significam filhos de ricos e detentores de cunha que tiveram a mera sorte de nascer em berço de ouro.

Apache disse...

“A Educação é necessária a todos?”
A educação, sim. A instrução também, mas não até aos 18 anos (para todos) como é moda.

Apache disse...

“VPV insiste em escrever que a Educação conta pouco para o desenvolvimento económico.”
O PIB per capita português não chega aos 23 mil dólares. Entre outros, à nossa frente estão (por ordem crescente do PIB): Chipre, Barbados, Aruba, Guiné Equatorial, Seychelles, Guam, Ilhas Caicos, Omã, Bahrain, Ilhas Faroé, Arábia saudita, Bahamas, São Pierre e Miquelon, Andorra, Gronelândia, Ilhas Virgens, Guernsey, Ilha de Man. O país que lidera (destacado) a lista é o Qatar.

Pacheco-Torgal disse...

o que ele diz é mais ou menos óbvio. Os países de Leste tinham uma elevada taxa de diplomados mas isso não era suficiente para lhes garantir desenvolvimento económico era por isso usual ver até há uns anos engenheiros e até médicos Ucranianos a trabalhar nas obras em Portugal !

A tese do VPV não pode no entanto ser generalizada como ele o faz pois há estudos que provam que a posse de um diploma garante remunerações superiores.

zazie disse...

Ele repete isto há décadas.

Na prática está a dizer que é o destino porque nos falta matéria-prima.

Mas é tontice falar-se em mercados internos e vantagem em mercados externos com gente sem boa formação técnica.

zazie disse...

O que ele diz baseia-se sempre no mito trazido pela Revolução Francesa, de que um diploma dava acesso a patamar superior e gerava riqueza.

zazie disse...

Quanto a essa dos "engenheiros e médicos ucranianos que trabalhavam nas obras" ia jurar que é outro mioto urbano.

Conheci alguns e nem escrever sabiam.

Claro que qualquer pessoa que tem de fugir de um país, foge com alto diploma académico inventado.

Os ditos retornados também chegaram cá todos doutores, apesar de terem deixado por lá os diplomas.

Kaiser Soze disse...

É muito engraçada a utilização da Educação como cavalo de batalha, especialmente quando usada pela boca de políticos e, até, da população em geral, como acontece no Brasil.

Os políticos querem educação na medida em que se façam números; a última coisa que estes gajos querem é gente instruída e quando digo "instruída" não me refiro a cursos superiores. Um ensino básico e secundário decente instrui as pessoas.

Onde teria andado Sócrates se a educação dos votantes fosse uma realidade. Ou até meia realidade.

Qdo o povo o diz refere-se, também, ao canudo mas por motivos diferentes.
É inaceitável, por exemplo, gente que tem o mesmo curso que eu em que muito se depende do Português e não saber escrever E-mails...quando o Word não corrige.

Saber coisas torna as pessoas incómodas!

PS. apesar da palavra "elite" ter uma etimologia que se não confunde com o que vou dizer, sempre que a ouço penso em "predestinação" e, mais vulgarmente, "cunha de gente bem nascida".
Não gosto da palavra. Divorciou-se a elite do mérito.

CCz disse...

Recomendo a leitura da tese de Acemoglu sobre porque falham os países http://www.amazon.com/Why-Nations-Fail-Origins-Prosperity/dp/0307719227/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1426948329&sr=8-1&keywords=acemoglu

não é educação, nem matérias-primas, nem clima, nem religião, nem ... são as instituições mais ou menos extractivas existentes

foca disse...

José e outros
Estão no vosso direito de gostar do cronista, apesar de bêbado e normalmente parvo.

Tudo estaria bem na lógica dele, não fosse a vida dele ser o contrário, assim como a da ex-mulher que é ainda mais idiota.
Os dois são parasitas do Estado, viveram sempre pendurados em salários que lhes são pagos para não produzir nada.
Os livros dele são uma trampa intragável, de que ninguém normal consegue ler mais de duas páginas seguidas sem bocejar.

Em resumo, o que o país não precisa é de elites com chungaria como ele e os similares. Mesmo um mau engenheiro de minas, se souber fazer umas contas de somar é mais útil.

Floribundus disse...

4ª republica / Pinho Cardão
Tive a pachorra e a suprema paciência de ouvir parte das audições no Parlamento dos Director Geral e Sub-Director Geral da Autoridade Tributária e Aduaneira e um pouco da audição do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
Por parte de alguns Deputados não ouvi questões, mas processos de intenção, não ouvi perguntas, mas insistência em certezas não comprovadas, mas convenientes, não percebi vontade de esclarecimento, mas chicana pessoal e política.
E vi Deputados interrogantes que demonstravam completa e absoluta ignorância do funcionamento de qualquer instituiição, pública ou privada. E, sobretudo, verifiquei que, para alguns deputados, a tarefa de qualquer membro de governo se exprime e esgota no básico limiar de competência evidenciado nas questões formuladas. Baixo grau de competência, mas compensado por cinismo no grau mais elevado.
E, pelo que ouvi, fiquei convicto de que os censores da inquisição não ficariam desapontados com o tipo de algumas das perguntas formuladas.
PS: Já sabia que os membros do Governo são achincalhados em qualquer audição parlamentar; chegou agora a vez dos altos responsáveis da administração pública. Uma completa irresponsabilidade.

Elito disse...

Nao e so VPV que apresenta esta visao da educacao, tambem Nassim Taleb o diz.

Erra-se na relacao de causalidade, e a riqueza que precede a educacao e nao o contrario. O aumento da riqueza dos paises permite-lhes gastar mais em educacao, permite as pessoas trabalharem em profissoes com mais valor acrescentado que por seu lado lhes permite conceder uma melhor educacao aos seus filhos, etc.

Se a educacao por si so fosse um fenomeno gerador de riqueza entao o mundo nao seria liderado pelos EUA e Alemanha, mas sim por uma qualquer ex republica russa.

jkt disse...

A educação é somente uma questão de igualdade e de dignidade humana.
Se gera riqueza ou não, é irrelevante.

Rui disse...

A educação das massas é essencial para uma democracia saudável, não se esgotando nas questões económicas e de empregabilidade.

O estado do país deve-se, e muito, à falta de qualificações da atual geração dos 50-60 anos.